Há quase 60 anos a Santa Missa deixava de ser celebrada em latim. O Papa Paulo VI foi o primeiro Pontífice, em muitos séculos, a conduzir a eucaristia na língua local, com o intuito de aproximar os fiéis. A decisão mudou o rito da missa mundo afora. Porém, houve exceções.
No Rio Grande do Norte, por exemplo, numa rua comprida de paralelepípedo, cercada de casas seculares, no centro histórico de Natal, a segunda igreja mais antiga da capital potiguar é uma das poucas do Brasil que segue celebrando em latim. Sob as bençãos de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, tudo é feito como dantes. Inclusive, algumas fiéis também optam pelo uso do véu.
De acordo com Padre Robson Paulo, reitor da igreja e quem celebra as Missas em língua indo-europeia, a manutenção da tradição tem, hoje, provocado o inverso do que se esperava em meados do século passado:
“A Missa em latim atrai devotos e turistas e lota a igreja nos finais de semana, quando é celebrada”.
Apesar de contrariar a regra, a prática não é contravenção. O uso do vernáculo, isto é, da língua local, em substituição ao latim foi uma das autorizações do Concílio Vaticano II, convocado em 1961, que não chegou a proibir, de fato, o uso da língua falada pelos antigos romanos.
A Constituição Sacrosanctum Concillium sobre a língua litúrgica, documento do Concílio, traz em seu artigo 54: “As línguas vernáculas podem ser usadas nas Missas celebradas com o povo, especialmente nas leituras e oração comum. Também nas partes que dizem respeito ao povo, de acordo com as circunstâncias locais”.
Além disso, a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Natal, é a única do Rio Grande do Norte que possui autorização do bisco Dom Jaime Vieira Rocha para celebrar missas no rito trindentino, que admitem o uso do latim. Trata-se da liturgia da Missa do Rito Romano, tradicional, que em 2007, teve a sua realização incentivada por ato do Papa Bento XVI.
Em 2021, porém, Papa Francisco limitou o rito, deixando a sua autorização a cargo do bispo local. Padre Robson teve o aval da Arquidiocese de Natal para seguir com a celebração. A exclusividade, segundo ele, tem lotado a igreja nos finais de semana. “Curiosos que querem experienciar o momento e católicos saudosos”, conta o religioso, muito gratus por difundir a palavra de Deus “à moda antiga” e, assim, aproximar mais pessoas da fé católica.
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