Cliques 22
Entre os livros mais citados da Bíblia, especialmente durante o Advento e a Semana Santa, está o de Isaías — considerado por muitos teólogos como o maior dos profetas do Antigo Testamento.
Ele é exemplo de coragem, fidelidade a Deus e uma missão que ultrapassou seu tempo: anunciar o Messias, preparar o coração do povo e revelar que a salvação viria por meio do sofrimento do Servo de Deus. Tudo se cumpriu em Jesus Cristo.
A vida de Isaías
Isaías viveu em Jerusalém no século VIII a.C., durante um período conturbado da história de Judá. Era um tempo de crise moral, opressão social, guerras e ameaças externas — especialmente do Império Assírio. Foi nesse contexto que Deus o chamou para ser profeta. Segundo a tradição, Isaías teria exercido sua missão entre os anos 740 e 700 a.C., aproximadamente, sob os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (cf. Is 1,1).
O chamado de Isaías foi muito importante: ele tem uma visão do Senhor no Templo, cercado de serafins, e exclama: “Ai de mim! Estou perdido! Sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de lábios impuros. No entanto, meus olhos viram o Rei, o Senhor dos exércitos!” (Is 6,5). Ao se reconhecer pecador, recebe do anjo uma brasa viva que purifica seus lábios — e então ouve a voz do Senhor: “A quem enviarei? Quem irá por nós?” Isaías responde: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8).
Isaías denunciou a injustiça, a idolatria e o afastamento do povo de Deus, mas sua mensagem não era apenas de juízo: era também de consolo, esperança e promessa de redenção. Ele anunciou que um “rebento sairá do tronco de Jessé” (Is 11,1), ou seja, o Messias viria da linhagem de Davi, restauraria a paz e reinaria com justiça.
O livro de Isaías é extenso — possui 66 capítulos — e é geralmente dividido em três partes:
- Proto-Isaías (caps. 1–39): as primeiras mensagens e oráculos contra os inimigos de Israel;
- Deutero-Isaías (caps. 40–55): palavras de consolo ao povo exilado na Babilônia;
- Trito-Isaías (caps. 56–66): reflexões e exortações para a vida do povo após o exílio.
É nessa variedade de contextos e estilos que Isaías revela o Deus que castiga, mas sobretudo ama; que julga, mas sempre acolhe os que se arrependem.
Novo Testamento
É no Novo Testamento que a grandiosidade da missão de Isaías se revela por completo. Ele é o profeta mais citado nos Evangelhos e foi visto pela tradição cristã como aquele que anunciou com precisão os sofrimentos e a missão redentora de Jesus.
Entre os trechos mais conhecidos está o chamado Cântico do Servo Sofredor, encontrado em Isaías 52,13–53,12. Ele descreve um homem justo, desprezado e humilhado, que “foi transpassado por causa de nossas transgressões, esmagado por causa de nossas iniquidades” (Is 53,5). O texto continua: “Pelas suas feridas fomos curados” (Is 53,5), antecipando a Paixão de Cristo e o poder das Chagas gloriosas.
Jesus, ao iniciar seu ministério, também se refere diretamente a Isaías. Ao entrar na sinagoga de Nazaré, lê o rolo do profeta: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a boa-nova aos pobres […] para proclamar o ano da graça do Senhor” (cf. Is 61,1–2). Após a leitura, afirma: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21).
Isaías é o profeta da esperança inquebrantável, da promessa de salvação, da visão do Deus que nunca abandona o seu povo. Mesmo em tempos de trevas, ele profetizou: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1).
Versículos de Isaías
“Pelas suas feridas fomos curados” (Is 53,5).
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14).
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1).
“Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus” (Is 40,1).
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