As letras parecem se embaralhar na página. As palavras são trocadas com facilidade. Ler um simples bilhete pode ser um desafio. Assim é a realidade de milhões de pessoas com dislexia, transtorno específico de aprendizagem que afeta a leitura e a escrita, mas não tem relação com inteligência ou capacidade.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), o transtorno pode afetar entre 5% e 17% dos estudantes em salas de aula no mundo. Para compreender melhor como a dislexia se manifesta, como é diagnosticada e de que forma a família pode ajudar, o Portal IDe+ conversou com a fonoaudióloga Jéssika Rocha, mestra em Fonoaudiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que atua no atendimento infantil especializado em linguagem e aprendizagem.
Como explica Jéssika Rocha, a dislexia é um Transtorno Específico de Aprendizagem que gera dificuldades persistentes no processo de aprendizagem da leitura. As características principais são: leitura imprecisa, lenta e/ou com esforço; dificuldade em compreender o que é lido e, consequentemente, escrita com alterações (omissões, acréscimo e/ou trocas de letras).
Segundo a especialista, o diagnóstico é positivo quando essas dificuldades são persistentes, apesar de apoio especializado, e estão abaixo do esperado para a idade cronológica, impactando atividades diárias, estudo e/ou trabalho.
“Esses sinais não podem ser explicados por deficiência intelectual, problemas visuais ou auditivos não corrigidos, outros transtornos mentais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta de proficiência na língua ou instrução educacional inadequada”, complementa.

Fonoaudióloga Jéssika Rocha./Foto: arquivo pessoal
De acordo com Jéssika Rocha, alguns indícios podem surgir antes mesmo da alfabetização formal. São eles:
Quando há suspeita, a fonoaudióloga destaca a importância de uma avaliação multidisciplinar.
“Deve-se buscar uma equipe formada principalmente por neurologia, fonoaudiologia, neuropsicologia e psicopedagogia, para avaliar as habilidades que interagem com a aprendizagem”, orienta.
Confirmado o diagnóstico, o acompanhamento contínuo e as adaptações escolares e ocupacionais são fundamentais para garantir que a pessoa com dislexia desenvolva seu potencial.
“É possível viver em condições de equilíbrio em relação a trabalho e estudos”, afirma Jéssika Rocha. “As adaptações acadêmicas e/ou ocupacionais possibilitam um ambiente equitário — não facilitam a vida dos disléxicos, mas tornam justas as demandas”.
Jéssika Rocha destaca que o apoio cotidiano faz toda diferença. Ela sugere algumas ações e posturas que fortalecem a autoestima e favorecem o aprendizado:
Muitas pessoas descobrem a dislexia apenas na vida adulta — e isso traz desafios adicionais.
“Adultos com dislexia já vêm lidando com as dificuldades desde pequenos e, por isso, costumam desenvolver estratégias de compensação. Ainda assim, é comum apresentarem erros na leitura, compreensão e escrita de documentos; dificuldades em organizar e lembrar informações; cumprir prazos; gerenciar o tempo; acompanhar reuniões longas; ajudar os filhos nas tarefas escolares e lidar com baixa autoestima”, explica a fonoaudióloga.
Nesses casos, o diagnóstico é essencial para garantir suporte adequado e melhorar a qualidade de vida. “Se você identifica algum desses sinais, busque uma avaliação profissional especializada”, recomenda.
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Fonte: Fonoaudióloga Jéssika Rocha I CRFa 8-11862
Mestra em Fonoaudiologia (UFRN) I Atendimento infantil em fala, leitura e escrita
@fonojessikarocha
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