Redução de riscos e promoção da saúde: como o planejamento urbano pode salvar vidas

Redução de riscos e promoção da saúde: como o planejamento urbano pode salvar vidas Comunidade Vila Nova no município de Colombo (PR)/ Foto: Arquivo LAGEAMB
Por João Vitor Corrêa

Supervisão: Maíra Gioia 

 

Mapear, prevenir e educar: essas são algumas das ações que fazem parte dos Planos Municipais de Redução de Riscos (PMRRs), instrumentos essenciais para tornar as cidades mais seguras e saudáveis. Desenvolvidos por meio de diagnósticos técnicos e participativos, esses planos identificam áreas suscetíveis a deslizamentos e inundações e propõem medidas para evitar tragédias e melhorar a qualidade de vida da população.

Os PMRRs são compostos por medidas estruturais, como obras de drenagem e contenção de encostas, e não estruturais, que envolvem educação ambiental, capacitação de moradores, criação de sistemas de alerta e aprimoramento das políticas públicas. Para a gestora ambiental Fernanda Sezerino, pesquisadora do Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais (LAGEAMB) da UFPR, essas ações têm um impacto direto na saúde das comunidades.

 

“Elas contribuem também para a melhora da qualidade ambiental e sanitária do território, porque incluem limpeza, adequação do esgotamento sanitário e conservação da vegetação nativa”, explica.

 

O PMRR de Colombo (PR) analisou e localizou áreas de riscos geológicos, hidrológicos, geomorfológicos e tecnológicos / Foto: Arquivo LAGEAMB

A relação entre obras de prevenção e saúde pública é evidente. Em muitas periferias urbanas brasileiras, a falta de saneamento básico leva à poluição de rios e à contaminação do solo e do lençol freático. Para a pesquisadora Lana Ribeiro, mestre em Planejamento Urbano e também integrante do LAGEAMB, não basta conter enchentes ou deslizamentos, é preciso integrar essas ações com políticas de saneamento.

 

“De forma geral, a gente compreende que não vão ser somente as obras que vão evitar problemas de saúde nas comunidades, mas principalmente a integração delas com obras de saneamento básico”, afirma.

 

Comunidade Santa Tereza em Colombo (PR)/ Foto: Arquivo LAGEAMB

Essa conexão entre infraestrutura e saúde é ainda mais clara quando se observam os impactos das enchentes. O acúmulo de água parada e a contaminação por esgoto aumentam a incidência de doenças de veiculação hídrica, como diarreia e leptospirose. Em cidades como Paranaguá, no litoral do Paraná, essas condições exigem medidas complementares de prevenção.

É aí que entram as ações não estruturais, como explica Ana Paula Lourenço, pesquisadora do LAGEAMB.

 

“Instalar placas informativas com cotas de cheia e de inundação em pontos estratégicos ajuda no monitoramento e na preparação da população, além de reduzir os casos de contaminação durante as enchentes”, diz.

 

Segundo ela, o acompanhamento pelo serviço social também é importante para reduzir os impactos na saúde mental de quem vive em áreas de risco.

A combinação entre planejamento urbano, infraestrutura adequada e educação ambiental é o que torna os PMRRs instrumentos estratégicos para a promoção da saúde única, conceito que reconhece a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental.

 

“Quando falamos em evitar desastres, também se trata de proteger a saúde pública. Ao preverem medidas de redução dos riscos, e consequentemente dos desastres, os PMRRs contribuem para mudar esse cenário e mitigar ao máximo esses impactos.” destaca Fernanda. 

 

Mais do que um documento técnico, o plano municipal de redução de riscos é uma ferramenta de cidadania. Ao integrar obras, políticas públicas e conscientização, ele contribui para transformar territórios vulneráveis em espaços de vida mais segura, saudável e sustentável.

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