Foto: divulgação
O Caminho de São Miguel Arcanjo, inaugurado oficialmente em 2024, nasceu da espiritualidade do povo prudentopolitano e se firma como um roteiro de encontro, oração e reconhecimento das raízes culturais da região.
A rota completa percorre 122 quilômetros, passa por 24 comunidades rurais, 24 igrejas e dezenas de atrativos naturais e culturais de Prudentópolis (PR). Mas, para quem viveu a construção do percurso, o Caminho é mais do que dados e paisagens, pois é a expressão concreta da devoção, da identidade e da hospitalidade local.
Foi a partir do título de Capital da Oração do Paraná — concedido a Prudentópolis em 2020 — que a cidade decidiu transformar sua tradição espiritual em um roteiro estruturado de turismo religioso. Quem conta é Cristiane Rossetim, secretária municipal de Turismo, uma das responsáveis pela criação do Caminho.
“Já tínhamos o desejo de criar uma rota do turismo religioso, que já era explorado aqui na cidade, porque temos algumas peculiaridades, com as igrejas ucranianas e latinas muito próximas nas comunidades. A prefeitura, três paróquias da cidade e os museus abraçaram a causa, e nós estruturamos o caminho, criamos o site e organizamos as comunidades para receber os peregrinos”, conta.

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A inspiração inicial surgiu de um devoto da Paróquia São João Batista, após um acampamento de oração. A partir dali, a rota começou a ser desenhada, integrando comunidades, patrimônio cultural e paisagens naturais. Desde sua inauguração em 8 de novembro de 2024, data que celebra São Miguel Arcanjo no calendário ucraniano, o percurso contabiliza cerca de 500 peregrinos oficiais, sendo que 45% deles declaram fazê-lo por motivação religiosa.
Para quem acompanha o dia a dia pastoral da região, a força espiritual do Caminho já se manifesta desde os primeiros meses. O pároco da Paróquia São João Batista, Padre Itamar Turco, destaca como os peregrinos têm buscado a rota como experiência de fé:
“É um caminho de grande testemunho de fé, de experiência. Neste ano de peregrinações, por causa do Ano da Esperança, tem trazido sempre novas expectativas e criado, por meio desse caminho, uma espiritualidade muito bonita. Muitas pessoas têm procurado confessar-se, preparar-se para o caminho como um grande retiro. Tem sido bastante eficiente”.
A preparação espiritual, a busca pelos sacramentos e o desejo de viver o percurso como tempo de recolhimento mostram que, desde o início, o Caminho de São Miguel Arcanjo desperta uma vivência profunda em quem se dispõe a percorrê-lo.
Entre os pontos mais marcantes do caminho está a relação entre peregrino e comunidade. A Irmã Cecília Heuko, do Museu das Servas de Maria Imaculada, acompanha o encerramento oficial da rota, um momento que reúne espiritualidade, gratidão e partilha. Ela relata que os testemunhos recebidos apontam sempre para a mesma direção:
“Quem percorre o Caminho relata sentimentos de paz interior, renovação espiritual e gratidão, além de um contato intenso com a cultura, a hospitalidade e a simplicidade das comunidades locais”.
A própria comunidade também vive mudanças. “O Caminho vem gerando mudanças nas comunidades de Prudentópolis, tanto espiritualmente quanto social e culturalmente. O fato de unir as três paróquias e duas dioceses já é um engajamento forte, e nas comunidades em torno do caminho percebe-se a união e o desejo de conhecer entre si”, destaca. A presença dos peregrinos, segundo ela, reacende o espírito de acolhimento, solidariedade e cooperação — marcas históricas da espiritualidade local.

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Além da dimensão espiritual, o Caminho integra elementos que tornam a experiência única para quem busca turismo religioso:
O percurso é dividido em oito etapas, projetadas para serem realizadas em um dia cada, com pontos de apoio, campings, hospedagens e opções de alimentação. Assim como nas grandes rotas de peregrinação europeias, o romeiro recebe um passaporte, que pode ser carimbado em 24 pontos oficiais do trajeto.
Prudentópolis encontrou no Caminho de São Miguel Arcanjo uma forma de integrar fé, história e desenvolvimento humano. Nasce de uma identidade religiosa já presente na cidade, reforça o sentimento comunitário e fortalece a espiritualidade de quem vive e de quem visita. Para Cristiane Rossetim, esse é apenas o início. “O envolvimento das comunidades é fundamental para a sustentabilidade do caminho”, defende.

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