Após termos vivido o grande ápice da nossa fé, a Ressurreição de Cristo, celebramos a Divina Misericórdia neste domingo. Estamos na oitava da Páscoa, tempo extraordinário para praticar as obras de misericórdia e o perdão, como desejou o Papa Francisco: “que a palavra do perdão possa chegar a todos e o convite a experimentar a misericórdia não deixe ninguém indiferente”.
Somos todos convocados a experimentar e a promover a misericórdia do Bom Samaritano, como nos mostra a Parábola homônima (cf. Lc 10,25-37). Deus nos faz um apelo para que sejamos como Jesus, o Bom Samaritano, por excelência.
No primeiro momento que chegam diante de Jesus e o interpelam: “Senhor, como garantir a vida eterna?”. Jesus diz, no que se refere a Deus: “Ame-O de todo coração”. Não em parte, mas de todo coração, sem miséria, sem ninharia. Deus quer tudo, inteiro e completo.
Amar a Deus também é entendimento. Preciso ressaltar que uma das formas mais eficazes de se conhecer Jesus é através da leitura bíblica, pois quanto mais nós nos aproximamos da leitura bíblica, mas nós entendemos Deus.
Ao contrário do que muitos falam, Deus não é complicado. O que nos falta é formação, é catequese. Somos confusos na fé porque achamos que amar a Deus é só uma questão de sentimento e não é só isso. É também uma questão de estudo, de compreensão de buscar as coisas de Deus.
Muitos dizem que vão à Missa para comungar e é válido. Porém, não podemos esquecer que na Missa tem a Palavra. Ir à Missa para comungar é ótimo, mas também ir para absorver a Palavra, que é uma catequese e entender porque Deus não quer só o nosso coração, Ele quer nosso entendimento.
Na matéria da fé, temos entendimento da fé? Compreendemos as coisas? Compreendemos o que quer dizer de todo teu coração, toda tua alma? E tem mais: “toda a tua força e pensamento”? Percebam que amar a Deus é muito mais que sentimento, muito mais que “oba-oba”. Tem que haver esforço, tem que haver empenho, requer estudo, requer sempre recolocarmos nossa vontade: “Eu quero amar”.
Segundo ponto, amar o próximo. No texto, o interlocutor de Jesus se esquivou: “Mas quem é meu próximo?”. Às vezes, o vizinho de baixo e de cima do apartamento que talvez tenhamos inimizade. Às vezes, aquele parente que já ajudamos tanto, mas não toma jeito. Às vezes, o inimigo está perto de nós e ele é nosso próximo.
Sejamos sinceros: se pudéssemos escolher nosso próximo e o momento de fazer a caridade seria mais fácil. Entretanto, o próximo se impõe e a necessidade do outro não escolhe horário. O “próximo” não somos nós que escolhemos, é a vida que nos interpõe. Ninguém pode escolher seu “próximo”, é o momento que nos traz. Podemos estar saindo para comprar pão e o “próximo” estar ali entre a casa e a panificadora. Às vezes, o próximo se coloca em nossa vida como se colocou na vida do sacerdote que virou as costas e foi embora, na vida do levita que também passou e não se tocou.
Se hoje somos o Bom Samaritano para alguém, amanhã corremos o risco de necessitarmos de alguém para nos acudir, pois poderemos estar caídos pelas frustrações e lambadas que levamos da vida. Ninguém está imune a isso. Vamos ser sinceros, somos cobrados a cada instante. É uma cobrança atrás da outra, se não nos cuidarmos, dormimos angustiados e acordamos preocupados, porque a vida é assim.
Jesus nos ensina que a compaixão é uma atitude tão profundamente humana quanto divina. Por isso, deixemo-nos amar pelo Bom Samaritano e amemos nosso próximo como Bom Samaritano.
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