As cidades estão mais populosas e veem aumentar a quantidade de veículos, carros de aplicativo, ônibus, táxis, motocicletas. O Brasil transporta grandes riquezas pelas rodovias que cortam todo o país. Com frotas maiores e trânsito mais intenso, motoristas precisam agir com prudência e estar atentos, sempre sob a proteção de São Cristóvão.
O santo “condutor de Cristo” na travessia de um rio tem sua memória litúrgica celebrada em 25 de julho. Padroeiro dos motoristas, condutores e viajantes, diversas paróquias organizam festas em sua homenagem e já é tradicional a bênção aos motoristas.
A Paróquia São Cristóvão, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR), realizou, no fim de semana, a edição de número 58 de sua festa em honra ao padroeiro. As festividades já começaram alguns dias antes, com missas, quermesses, noite “julina” e carreata de veículos antigos. No domingo (21), foi celebrada Missa Solene, seguida da aguardada Procissão Motorizada. A imagem de São Cristóvão percorreu o município em caminhão do Corpo de Bombeiros e foi acompanhada por condutores em seu veículos, que também levavam familiares, amigos e animais de estimação. De volta à paróquia, a aguardada bênção. No local, barracas de brincadeiras e prêmios, o delicioso almoço típico de festa de igreja e quitutes preparados com o maior carinho para acolher as cerca de 10 mil pessoas que eram esperadas.
Carlos Alberto Vodonis, conhecido na comunidade pelo apelido Catito, foi um dos fiéis que marcaram presença nas homenagens a São Cristóvão, acompanhado da esposa Sandra e da sogra. Filho de motorista, assumiu a boleia do caminhão do pai quando este deixou as estradas para se dedicar à mercearia da família. Já são 40 anos de profissão, que não pensa em deixar tão cedo. Ele afirma que o trabalho é a melhor terapia que existe. Quem trabalha está vivo e com saúde, segundo Carlos Alberto.
Desde criança, Catito era fascinado pelo caminhão do pai. Mesmo assim, formou-se técnico em mecânica pela Escola Técnica do Paraná e chegou a trabalhar numa grande indústria de tratores.
“Mas o encanto era o caminhão. Sempre gostei e gosto ainda do que faço”, conta o motorista ao explicar que é um privilégio trabalhar com o que gosta. “Feliz é a pessoa que trabalha no que gosta”, conclui.
Descendente de ucranianos, Carlos Alberto é de família muito religiosa e atuante na Igreja.
“Toda vez que eu saio na estrada, eu peço a Deus que me ilumine pra não ter problemas, principalmente com acidentes. Eu também peço que Ele me dê um novo dia de trabalho. Eu não saio sem fazer minha oração. Na volta, agradeço a Deus porque tô chegando de novo inteiro em casa.”
Ele recorda uma fatalidade em sua trajetória, que aconteceu há 37 anos. Outros dois veículos colidiram na estrada devido à falta de visibilidade causada por fumaça que vinha de uma queimada na vegetação às margens da rodovia. Os dois ocupantes estavam na rodovia, fora de seus veículos, e não perceberam Carlos Alberto se aproximar com seu caminhão. Sem enxergar direito, o caminhoneiro avistou as pessoas quando já estava muito próximo e fez uma manobra para desviar delas. Porém, os dois correram exatamente para o lado que Catito escolheu para desviar e foram atropelados. Ele prestou o devido socorro, mas um dos homens não resistiu e morreu.
O motorista de caminhão é também devoto de Nossa Senhora Aparecida e fala que já esteve no Santuário Nacional, no interior de São Paulo, mais de uma vez. Ele destaca a verdadeira paz de espírito que sente ao visitar o maior Santuário Mariano do Brasil. A última visita foi ainda mais emocionante, porque o objetivo era pagar uma promessa pela cura de um câncer de sua esposa.
Ainda ao falar sobre sua fé e religiosidade, ele cita a sabedoria de Padre Pedro Fuss, que em 1971 fundou a Paróquia São Cristóvão de São José dos Pinhais e que foi um de seus professores. Catito atribui a Deus toda a inspiração para as realizações do Padre.
No dia a dia, dentro do caminhão, Carlos Alberto leva um Rosário artesanal que foi confeccionado pela sogra e escuta o Evangelho todos os dias. Costuma ouvir músicas religiosas e também canções e mensagens do Padre Reginaldo Manzotti em suas viagens, enquanto dirige. Para ele, isso fortalece a fé.
“O meu caminhão e a minha Kombi está sempre ligada na Rádio Evangelizar.”
Suas demonstrações de amor ao Pai se estendem aos irmãos. Catito procura ajudar a comunidade e destinar parte de seu tempo para o transporte de doações, por exemplo, entre outras ações voluntárias. O motorista também faz uma reflexão sobre como as pessoas têm agido de forma individualista, em que pensam apenas em si. Na sua opinião, é preciso pensar no outro. Ele ainda enfatiza a importância da fé na vida das pessoas:
“Hoje nós temos muitos na estrada que não têm fé em nada. Eu sempre digo pros meus companheiros que você tem que ter, independente da religião, algo pra se agarrar, pra poder vencer os obstáculos da vida. Porque a vida não é um mar de rosas. Jesus Cristo mesmo, o quanto que Ele passou? E foi pra Cruz por causa de nós, por causa de nossos pecados.”
Carlos Alberto tem consciência de sua humanidade, de suas imperfeições, mas se esforça para fazer o melhor. Ele adota uma postura de ouvir Jesus, segui-lo, confiar na Virgem Maria, nos santos, e sempre ajudar seus semelhantes.
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