A importância da Igreja Católica para o desenvolvimento da humanidade vai além da propagação da espiritualidade e da fé. Ela foi uma das principais responsáveis por impulsionar a produção de conhecimento e ciência na cultura ocidental ao criar as universidades na Europa Cristã durante a Idade Média, entre os séculos XII e XIII.
Uma das características da nova forma de organização intelectual era a liberdade para estudar temas diversos e universais, do Direito Canônico à Medicina, passando pela Teologia, Astronomia, Lógica e Retórica – um triunfo do pensamento escolástico medieval.
Nascidas por iniciativa da Igreja, portanto criações eclesiásticas, surgiram como espécies de extensões dos colégios episcopais, onde eram ensinadas as sete artes liberais. São elas: Lógica, Gramática, Retórica, Geometria, Astronomia, Música e Aritmética, que formavam o alicerce da educação da Idade Média.
Foi o Papa Gregório IX que, no século XII, legitimou as universidades como instituições eclesiásticas e tornou o seu sistema educacional mais complexo que os colégios episcopais.
De acordo com a historiadora Regine Pernoud, no livro “Luz sobre a Idade Média”, a organização dessas instituições recebia orientação do corpo eclesiástico.
“Sendo assim, seus fundamentos intelectuais, como obras fundamentais e os eixos programáticos de estudos, bem como seus professores, integravam a própria estrutura da Igreja”, conta ela.
As principais universidades criadas pela Igreja Católica foram nas cidades de Bolonha, em 1158; Paris, em 1200; Cambridge, em 1209; Pádua, em 1222; Nápoles, em 1224; e Toulouse, em 1229.
O incentivo maior da criação das instituições durante a Idade Média estava ligado à necessidade da formação de novos profissionais para atuar no clero e em funções públicas, mediante as formas emergentes de atividade econômica que surgiam a partir do renascimento comercial.
“[…] Criada pelo Papado, a Universidade tem um caráter inteiramente eclesiástico: os professores pertencem todos à Igreja e as duas grandes ordens que ilustram, no século XIII, Franciscana e Dominicana, vão lá, em breve cobrir-se de glória, com um S. Boaventura e um S. Tomás de Aquino; os alunos, mesmo aqueles que não se destinam ao sacerdócio, são chamados clérigos, e alguns deles usam a tonsura – o que não quer dizer que aí apenas se ensine a teologia, uma vez que seu programa comporta todas as grandes disciplinas científicas e filosóficas, da gramática à dialética, passando pela música e pela geometria” (PERNOUD, Regine. Luz sobre a Idade Média. Publicações Europa-América, 1996. p. 98).
Para o professor Felipe Aquino, que leciona História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI, da Diocese de Lorena, um dos pontos altos da Idade Média, e que derruba totalmente o mito de que ela foi a Idade das Trevas, como chamado por alguns historiadores, foi justamente o surgimento das grandes universidades, as primeiras do Ocidente.
Ele comenta terem sido essas instituições de ensino a base da civilização ocidental tal qual temos hoje.
“É muito grave a calúnia em dizer que a Igreja tinha interesse em manter o povo na ignorância para dominá-lo. Os fatos mostram o contrário. Foi justamente na Idade Média que surgiu a maior contribuição intelectual para o mundo: o sistema universitário”, considera ele.
Segundo Felipe Aquino, a contribuição católica para o aprimoramento da Ciência foi enorme na Idade Média e resultou no desenvolvimento de grande conhecimento científico, melhor aproveitado na Idade Moderna. E tudo isso devido às universidades, que foram criadas pela Santa Igreja.
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