Brasil é o primeiro país a disponibilizar vacina contra dengue no sistema público: o que você deve saber

O Ministério da Saúde anunciou em janeiro que o Brasil se tornará o primeiro país do mundo a disponibilizar a vacina contra a dengue no sistema público e universal. Conhecida como Qdenga, é fabricada pelo laboratório japonês Takeda e será incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). O país planeja adquirir mais de 5 milhões de doses. O esquema vacinal é composto por duas doses.

A faixa etária prioritária para a aplicação da vacina, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI), será de 6 a 14 anos. Essa é a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização, composta por especialistas na área. A previsão é iniciar a vacinação em fevereiro.

O ano passado foi marcado por mudanças no cenário epidemiológico, especialmente devido ao fenômeno do El Niño. O Brasil enfrentou a circulação simultânea dos quatro sorotipos do vírus da dengue, uma situação incomum. A vacina chega em um momento crítico, visto que o país enfrentou um recorde de mortes por dengue em 2023: 1.079 óbitos até o dia 27 de dezembro.

Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, essa alteração resultou em um aumento significativo nos registros da doença. Diante da projeção de aumento de casos nos próximos meses, o Ministério da Saúde investirá R$256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses.

A inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA) permitirá o monitoramento em tempo real das áreas com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika. A população é alertada sobre a importância de combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor das arboviroses, e estar atenta aos sintomas como febre alta e persistente, dores musculares, manchas vermelhas, dor de cabeça, entre outros.

Cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas em 2024, já que o imunizante precisa de duas doses com intervalo mínimo de três meses.

Sobre a Qdenga

A Qdenga, registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é indicada para prevenção da dengue em pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de terem tido a doença previamente. O país é responsável por metade dos casos de dengue no mundo, de acordo com a OMS, e há alertas de uma possível epidemia em 2024.

A incorporação da Qdenga teve uma redução de 80% no preço inicialmente apresentado, uma economia de mais de R$380 milhões. Já está aprovada em diversos países, é considerada uma ferramenta essencial no enfrentamento da dengue.

Cronograma de entrega e estratégias de vacinação

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) trabalhará em com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) para definir a melhor estratégia de utilização das doses disponíveis. O cronograma proposto pela fabricante Takeda estima a entrega dos 5.082 milhões de doses ao longo de 2024, sobretudo nos meses de maio, agosto e setembro.

As vacinas serão destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes. Levará também em conta altas taxas nos últimos meses. A definição do público-alvo já aconteceu: em 2024, serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.

A primeira remessa com cerca de 750 mil doses, fornecidas pelo fabricante sem cobrança ao Ministério da Saúde, chegou ao Brasil no último sábado, dia 20.

A lista dos municípios e a estratégia de vacinação serão informadas pelo Ministério nos próximos dias, confirme divulgou o governo federal em 21 de janeiro.