Nesta semana, iniciamos a Quaresma, tempo de graça em que somos chamados a intensificar práticas essenciais da vida cristã: oração, jejum e caridade.
E nesse período, desde 1962, também é lançada a Campanha da Fraternidade, que nos ajuda a aprofundar a conversão quaresmal. Em cada edição é escolhido um tema para chamar a atenção sobre uma realidade a ser transformada.
Neste ano de 2023, a Igreja no Brasil, por meio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nos propõe a reflexão sobre a triste realidade do flagelo da fome, que atinge milhões de brasileiros.
O tema é “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). O texto-base da Campanha visa despertar o espírito de caridade e de compromisso que deve fazer parte da vida de todos que querem seguir o Mestre.
A fome dos irmãos e irmãs deve doer em nós. Por isso, aproveito para aprofundar um pouco mais sobre o importante exercício quaresmal da caridade.
Em algumas traduções bíblicas a palavra usada nas citações é amor. Em outras é caridade. Mas isso não importa, pois caridade é o sinônimo e a prática do amor. É a mais perfeita virtude teologal. Por isso, São Paulo diz que a caridade jamais passará (1 Cor 13, 8), pois na eternidade continuaremos amando e o amor será pleno.
E, São Pedro nos diz: “Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados” (IPd 4,8). É uma virtude tão imprescindível que nos foi deixada por Nosso Senhor Jesus Cristo como um novo mandamento: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13, 34).
O amor da caridade pode ser praticado e desenvolvido pelas obras de misericórdia, ou seja, amar sem interesse, ter a sensibilidade que reconhece e entende as dores e o sofrimento do próximo, dispondo-se a atender suas necessidades espirituais e materiais com a mesma empatia e compaixão demonstrada por Nosso Senhor.
A caridade afetiva, que é uma das expressões dessa virtude, consiste nos gestos concretos de partilha e de solidariedade para com o próximo. É dar pão a quem tem fome, mas também lutar por justiça e promover a dignidade da vida humana em toda sua extensão.
Não precisamos ser ricos para repartir; aliás, são os que possuem menos que têm as mãos mais generosas. Repito aquilo que não me canso de falar em minhas pregações, aquilo que está estocado em nossos armários falta na mesa dos irmãos. Não se trata de doar o alimento que está vencendo ou vencido, mas sim de partilhar um daquilo que vamos comer.
Por fim, espero que os exercícios quaresmais nos levem à conversão, a vida de oração, a partilha e nos façam enxergar no próximo o rosto de Jesus Cristo.
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