Apesar de o Brasil figurar entre os maiores exportadores de proteína animal do mundo, uma grande parcela da população está decidindo por uma dieta sem carne, pelo menos não a que a gente conhece.
De acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), pelo menos 30 milhões de brasileiros já se declaram vegetarianos, o que representa 14% da população. Eles até abrem uma exceção para o consumo de carne, desde que seja a do futuro.
Trata-se da carne vegetal, preparada à base de proteínas vegetais, com o objetivo de se assemelhar à carne bovina na aparência, sabor e textura. Grão de bico, soja e ervilha são algumas das leguminosas e plantas que são utilizadas na sua produção.
Em geral, as carnes vegetarianas que estão hoje no mercado são uma mistura de diversos vegetais, com a adição de condimentos e outras substâncias orgânicas, seja para dar gosto ou imitar a aparência e textura da carne bovina.
É muito atrativa para vegetarianos e veganos, já que podem manter o consumo de carne sem contrariar questões éticas ou recomendações médicas.
Dentre os benefícios da carne vegetal, destaca-se o fato dela ser mais saudável sob o aspecto dos ácidos graxos, uma vez que não possui tantas gorduras saturadas como a carne convencional.
Ela também é melhor para o meio ambiente, já que a agropecuária é uma das principais causas da emissão de gases do efeito estufa, além do consumo de água e energia elétrica.
Nem tudo são flores no universo das carnes vegetais. Apesar de mais saudáveis com relação a gorduras, na maioria dos casos, elas são comidas ultraprocessadas. Durante a sua produção, ocorre a adição de diversos ingredientes que não fazem bem para a saúde, tais quais sal, açúcares, gorduras, corantes e substâncias sintetizadas em laboratório.
Esse “porém” é preocupante porque esses alimentos, se consumidos em excesso, poderem causar obesidade, aumento do colesterol, hipertensão, infarto e outras doenças.
É por essa razão que há pessoas que começaram a fazer a própria carne vegetal em casa.
A administradora Júlia Almeida, de 32 anos, não se considera 100% vegetariana, mas decidiu por uma dieta com menos consumo de proteína animal desde o ano passado.
Como desconfia de tudo o que já é vendido pronto em mercados, e para acomodar melhor em seu orçamento, a administradora decidiu preparar ela mesma suas carnes do futuro.
Além do grão de bico e da ervilha, Júlia conta que já utilizou cogumelos e até jaca para preparar o alimento.
“Eu controlo a quantidade de sal e uso espessantes naturais, assim sei exatamente o que estou comendo”, conta ela.
Daniela Neri, nutricionista do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) da USP, afirma que o hambúrguer vegetal é uma “opção maravilhosa para uma refeição informal e saudável desde que esteja acompanhada de alimentos de verdade”.
Isso significa que, na visão da profissional, a carne do futuro vendida em mercados pode até ser consumida, mas não possui valor nutricional para figurar sozinha como uma refeição completa.
A carne do futuro foi objeto de polêmica nas redes sociais e a protagonista foi a chef e apresentadora de TV argentina Paola Carosella, que teve que se explicar após movimento contrário à sua fala e em favor do novo alimento.
Depois de ter experimentado a carne vegetal na versão hambúrguer, ela disse em sua conta pessoal do X, antigo Twitter, que a comida era “uma (palavrão) ultraprocessada oportunista”.
Procurada pela imprensa, ela afirmou que foi mal compreendida pelos internautas.
“Achei interessante a proposta de um hambúrguer de planta e quando fui ler os ingredientes, que são listados pela ordem de maior quantidade dentro do preparo, tinha soja, milho e metilcelulose, que é um derivado de papel”, contou ela sobre a sua frustração.
A chef também defende que copiar receitas carnívoras para alimentos vegetarianos não é a melhor alternativa. Para ela, quando a criatividade sobrepõe a imitação, além de originalidade, entrega-se mais saúde.
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