Para cristãos, a Bíblia é a Palavra de Deus viva. Para ser amada e vivida de maneira plena, precisa ser verdadeiramente conhecida. Afinal, por meio das Escrituras Sagradas, podemos nos encontrar e conectar com Aquele que deve ser o centro da vida: Jesus. Mesmo assim, ainda é comum que alguns fiéis acreditem que não “precisam” ler o Livro de maneira completa, mas apenas as partes abordadas na Santa Missa, catequese ou grupos de oração.
Porém, como explica Padre Jean Patrik, Pároco da Catedral e Santuário Nossa Senhora de Belém, de Guarapuava (PR), todo católico deve, sim, ler a Bíblia – e esse pensamento precisa ser compreendido e abraçado por todos.
“Não só aprovamos, como recomendamos que isso seja feito. Existe uma certa ‘má fama’ dos católicos de não serem conhecedores da Sagrada Escritura, o que na verdade é um preconceito. Isso pode ocorrer porque a nossa fé é muito centralizada na celebração da Missa, onde nós temos também muitos rituais. Então nós lemos a Bíblia, temos a Liturgia da Palavra, mas também temos a Liturgia Eucarística”, esclarece o sacerdote.
Ele acrescenta que devemos ler tanto o Antigo quanto o Novo Testamento.
Padre Jean Patrick recomenda a leitura da Bíblia toda./Foto: arquivo pessoal.
Um comportamento que chama atenção e pode ser preocupante para o compromisso com a fé é quando as pessoas abrem a Bíblia aleatoriamente – e leem uma passagem sem a necessária reflexão ou contextualização.
“Eu acho isso um pouco arriscado, além de transformarmos a Bíblia numa espécie de ‘horóscopo’. Quando alguém pensa ‘vou tirar uma palavra para viver no dia de hoje’. Precisamos tomar muito cuidado, porque isso está ligado mais a um aspecto supersticioso do que a um aspecto sagrado e religioso”, alerta Padre Jean.
Papa Francisco também já expressou essa preocupação de instrumentalização. “Devemos nos aproximar da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O fiel não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica e moral, mas porque espera um encontro; sabe que aquelas palavras foram escritas no Espírito Santo, e que por isso nesse mesmo Espírito devem ser acolhidas e compreendidas, para que o encontro se realize”.
Por isso, o Pontífice lembrou que, assim como está no Catecismo da Igreja, a Palavra deve ser lida com oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e as pessoas. “As Sagradas Escrituras são um tesouro inesgotável”, citou o Papa.
A recomendação para iniciar a leitura das Escrituras Sagradas é partir dos livros do Novo Testamento, especialmente os Evangelhos, uma vez que o centro da Bíblia para católicos é a pessoa de Jesus Cristo.
Padre Jean recomenda a leitura dos Evangelhos, depois os Atos dos Apóstolos e, em seguida, as Cartas e os demais livros do Novo Testamento, deixando o Antigo Testamento por último, para que seja possível entender que a centralidade está em Jesus Cristo.
O Sacerdote lembra que existem muitos métodos disponíveis na internet e em livros. Um que ele recomenda é o livro do Monsenhor Jonas Abib, “A Bíblia no meu dia a dia”, obra que ajuda a fazer uma leitura contínua da Palavra de Deus.
Outra sugestão é para aqueles que acompanham a Liturgia Diária: que façam essa leitura diariamente.
“Se lemos a Bíblia todos os dias junto da Liturgia, durante dois anos teremos lido boa parte da Sagrada Escritura, inclusive o Antigo Testamento. Incluindo os domingos, em três anos, no ciclo litúrgico, teremos lido todos os livros do Novo e do Antigo Testamento”, aconselha o Padre, lembrando que a Igreja faz uma seleção desses textos.
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