Quem nunca ‘engoliu’ um choro ou sentiu vontade de chorar, mas não conseguiu? São situações opostas, mas frequentes para muitas pessoas. Elas envolvem nossas emoções, sentimentos, autocontrole e capacidade de nos expressarmos. Tudo isso se reflete na presença ou na falta delas: as lágrimas.
Mais importante do que imaginamos, as lágrimas são parte essencial do nosso bem-estar e equilíbrio emocional e físico. Em um pensamento rápido, você consegue se lembrar da última vez que chorou? Para muita gente, essa resposta pode exigir um certo esforço da memória. Isso porque, cada vez mais, fatores como o estresse, orgulho e falta de reflexão têm tirado essa expressão, principalmente, do comportamento adulto.
“O guardar o choro ou não conseguir chorar traz, de certa forma, malefícios à saúde física e mental. Quando a pessoa não consegue chorar ou segura o choro, está reprimindo as emoções e pode ser mais estressada”, apontou a psicóloga Talita Abreu.
“O choro é uma resposta natural e espontânea às emoções que passamos. Do ponto de vista emocional, o choro é entendido como um mecanismo de descompressão que nos permite aliviar o estresse e a dor. E essa válvula de escape é uma ferramenta importante tanto para a nossa saúde física quanto mental”, completou.
Por isso, é fundamental que sempre tenhamos em mente a ciência de que chorar não apenas faz bem, como também é muito importante para nossa saúde. Quando choramos, nosso corpo reage fisicamente, respondendo ao nosso sinal de emoção. “Chorar é visto como uma forma de aliviar as dores. Fisicamente, as lágrimas emocionais ajudam a relaxar o corpo e permitem que ele libere o stress. Quando derramamos lágrimas emocionais, estamos literalmente expulsando hormonas, stress e outras toxinas, o que promove uma sensação de alívio e calma”.
Assim, o choro pode ser visto como uma espécie de analgésico natural. Quando choramos, liberamos hormônios como ocitocina e endorfina, que nos trazem sensação de bem-estar e nos ajudam a apaziguar dores físicas e emocionais. “Sendo assim, é preciso se permitir deixar rolarem as lágrimas. Do ponto de vista neurobiológico do ser humano, o choro pode ser visto como um grande mecanismo de empatia com nós mesmos e com os outros”, avaliou Talita.
Para além do bem-estar do corpo e da mente, nossa alma também sente os sinais positivos de um coração que se permite chorar. Com suas palavras de fé, Papa Francisco nos alerta que no mundo de hoje falta o pranto e chama a atenção sobre o precioso dom das lágrimas. “Choram os marginalizados, choram aqueles que são postos de lado, choram os desprezados, mas aqueles de nós que levamos uma vida sem grandes necessidades não sabemos chorar”.
Nosso pontífice nos lembra que as lágrimas sempre estiveram presentes e têm grande importância na Bíblia, em suas passagens no Antigo e no Novo Testamento. Elas aparecem em choros de arrependimento, de súplica, de consolo, de angústia, de condenação. Para o Papa, o próprio exemplo de Jesus nos ensina o significado cristão das lágrimas.
“Somente quando Cristo chorou e foi capaz de chorar é que compreendeu os nossos dramas”, porque “certas realidades da vida só se veem com os olhos limpos pelas lágrimas”. (Encontro com os Jovens nas Filipinas, 18/01/2015)”
Assim, nosso Santo Padre provoca nossa reflexão e nos deixa o aprendizado sobre compreender a graça de saber chorar e, mais do que isso, orar por ela. “Senhor, que eu chore contigo, chore com o teu povo que sofre neste momento. Muitos choram hoje. E nós, deste altar, deste sacrifício de Jesus, de Jesus que não teve vergonha de chorar, peçamos a graça de chorar”.
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