Como a não violência nos ajuda a viver melhor

Como a não violência nos ajuda a viver melhor

O Dia da Não Violência, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), é comemorado em 30 de janeiro. A data é uma homenagem ao pacifista indiano Mahatma Gandhi, que pregava o protesto a partir da não violência e foi assassinado nessa data, no ano de 1948.

Mas o que exatamente essa palavra precedida de negativo quer dizer? É a total aceitação do que é imposto sem questionar, ainda que não concorde? Não. Na verdade, são ações e pensamentos que buscam a conquista de direitos sem infringir os direitos dos outros. Está muito mais associada ao ativismo que à passividade, pois propõe engajamento pessoal e social com ações que buscam desconstruir qualquer tipo de violência. Assim, é necessário um grande comprometimento com este caminho, ou seja, a não violência está muito mais relacionada ao ativismo do que à passividade.

Falado de maneira geral, o conceito pode parecer vago, por isso, a ideia do IDe+ é falar como ele realmente funciona na prática e como pode ajudar todo mundo a viver melhor, consigo e no coletivo. De acordo com o educador físico e professor de Yoga e expressão corporal Diego Cerqueira, a não violência é uma atitude (interna e externa) refletida em pensamentos, palavras e ações que busca minimizar ao máximo traços de agressividade e hostilidade com relação a todas as criaturas.

“Nós podemos jamais ter força suficiente para ser completamente não violentos nos pensamentos, palavras e atos. Porém, precisamos manter a não violência como nosso objetivo e progredir fortemente em direção a este objetivo.” (Mahatma Gandhi)

Curiosidade

Originalmente, o termo não violência vem da palavra sânscrita ahiṃsā (a é prefixo de negação e hiṃsā significa ferir, agredir, violentar), que vem da cultura indiana e serviu de inspiração para nomes como Henry David Thoreau, Leon Tolstói, Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr. O nome que ficou mais associado foi o de Mahatma Gandhi devido ao seu movimento de não violência pela independência da Índia.

Escolhendo a não violência todos os dias

Como explica o professor Diego Cerqueira, para que a prática da não violência seja realmente efetiva, o primeiro passo é cultivar alguma outra prática que conduza ao autoconhecimento. “É necessário que estejamos conscientes dos nossos pensamentos, palavras e ações. Isso fará com que tenhamos a lucidez necessária para reconhecer todas as nossas atitudes violentas que, muitas vezes, passam despercebidas em nosso dia a dia. A partir do momento que temos a clareza de reconhecer nossas atitudes violentas (grandes ou pequenas), temos a oportunidade real de transformá-las”, explica.

É possível visualizar essa situação pensando em algumas atitudes violentas que tivemos. No trânsito, por exemplo, se alguém buzina ou freia o carro de forma brusca, frequentemente a resposta vem no mesmo tom (buzina, grito e, em casos extremos, até discussões ou brigas físicas).

Não podemos prever ou nos responsabilizar pelas atitudes do próximo, mas somos capazes de controlar as nossas ou buscar fazer isso. “Geralmente, atribuímos a responsabilidade por nossas atitudes violentas a algum estímulo externo, seja a uma pessoa, seja a alguma situação específica. O primeiro passo seria assumirmos a nossa total responsabilidade por nossas atitudes”, reforça Diego Cerqueira.

“Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida.” (Viktor Frankl, psiquiatra fundador da logoterapia)

O primeiro passo é deixar de terceirizar a responsabilidade por nossas atitudes. Após essa consciência, o segundo passo, como descreve Diego Cerqueira, é a libertação de tendências ou automatismos por meio da auto-observação. Por exemplo: ao invés de simplesmente reagir a algum estímulo externo, que pode vir do trabalho, do casamento, do trânsito, experimente aumentar o tempo de resposta criando um espaço em que você possa enxergar a situação com um pouco mais de clareza. Algumas estratégias que podem ser utilizadas: respirar fundo algumas vezes, tomar um pouco de água ou simplesmente se afastar e escolher outro momento para lidar com a situação incômoda.

“Quando criamos um espaço de silêncio e reflexão entre o estímulo e a resposta, a nossa reatividade naturalmente irá diminuir e poderemos escolher de forma lúcida como agir em cada situação. A partir disso, é muito provável que nossas escolhas e atitudes estejam alinhadas aos princípios da não violência”, afirma.

Mente sã, corpo são

Excesso de energia e uma mente confusa é uma combinação muito perigosa, que muito provavelmente gerará atitudes agressivas e inconsequentes. Nesse sentido, atividades que gerem equilíbrio físico, mental e emocional são muito importantes.

– Judô

Atividades como arte marciais, que proporcionam disciplina, equilíbrio e concentração podem contribuir muito.

– Yoga

Tradição milenar de autoconhecimento que harmoniza todos os aspectos constituintes do indivíduo, gerando uma mente lúcida e um coração compassivo. E um dos pilares da prática de Yoga é justamente ahiṃsā (não violência).

Para ouvir

Existem muitas músicas que tratam do tema não violência. Um projeto de destaque é o Playing for Change, projeto de música multimídia que busca inspirar, conectar e trazer paz ao mundo pelos meios musicais.

O projeto criou uma organização sem fins lucrativos chamada “Fundação Playing For Change”, que constrói escolas de música e arte para crianças em todo o mundo.

Para ler

A não violência está também diretamente ligada a hábitos que edifiquem e inspirem. Por isso, leituras inspiradoras podem ser biografias como as de Mahatma Gandhi, a trilogia escrita pelo Papa Bento XVI sobre Jesus de Nazaré, ou mesmo o livro Comunicação Não Violenta, de Marshall Rosenberg.

Comunicação Não Violenta

Diego Cerqueira Rodrigues é graduado em Educação Física pela UNICAMP-SP e pós-graduado em Yoga pela FIES-PR. Cursou a Capacitação em Yoga de Nazaré UNILUZ-SP e o C.C.Y. (Certificate Course in Yoga) pelo Kaivalyadhama College of Yoga-Índia, entre outros cursos de capacitação e aprofundamento, inclusive seminários realizados na USP e em Rishikesh- Índia. Possui experiência em escolas e projetos sociais. Atua como professor de Yoga e Expressão Corporal para adultos e crianças em Curitiba. É idealizador e coordenador do CEPY (www.cepy.com.br) e contribui com importantes cursos de Capacitação em Yoga pelo Brasil.

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