Padre Everson Kloster celebra Missa Rorate na Paróquia Bom Pastor em Curitiba./Foto: reprodução
Celebrada antes do amanhecer e iluminada apenas por velas, a Missa Rorate é uma antiga tradição do Advento que ressurge em muitas paróquias como forma de preparar o coração para o Natal. Realizada aos sábados desse tempo litúrgico, a celebração expressa a espera pela vinda de Cristo, que é a luz que dissipa toda escuridão.
A Missa Rorate tem origem medieval e é dedicada à Virgem Maria, celebrada tradicionalmente aos sábados do Advento, tempo que a Igreja reserva especialmente à Mãe de Jesus. O nome vem da antífona inicial em latim, Rorate caeli desuper (“Céus, deixai cair o orvalho”), um antigo canto de súplica em que o povo de Deus implora pela chegada do Salvador. Papa Bento XVI, em sua autobiografia, recorda com ternura essa tradição em sua infância na Alemanha.
“No tempo do Advento, de manhã cedo, as missas de Rorate eram celebradas com grande solenidade na igreja, ainda às escuras, apenas iluminada pela luz das velas. A alegre expectativa do Natal dava a esses dias melancólicos uma marca muito especial.”
A celebração começa antes do amanhecer, com o templo totalmente escuro. As únicas luzes são as velas no altar e nas mãos dos fiéis. A escuridão representa o mundo antes da chegada de Cristo, tempo de sombras, expectativa e esperança.
À medida que a Santa Missa continua, o dia começa a nascer. Os primeiros raios de sol que entram na igreja simbolizam a vinda de Jesus ao mundo, que o profeta Zacarias chamou de “Sol nascente que veio iluminar os que jazem nas trevas” (Lc 1,78-79).
Toda a estrutura da Missa Rorate faz o fiel experimentar a passagem da noite para a luz, lembrando que Natal é o nascimento da Luz verdadeira.
A Rorate é celebrada aos sábados porque esse dia, na tradição católica, é dedicado à Virgem Maria. Ela viveu o primeiro Advento da história, carregando Cristo em seu ventre e aguardando com amor a chegada do Menino Deus.
Participar da Missa Rorate é caminhar com Maria nesse tempo de espera. A liturgia, as velas, os cantos e a espiritualidade voltam o olhar para aquela que esperou o Senhor com fé, humildade e silêncio.
As normas litúrgicas afirmam que, ordinariamente, missas votivas não são permitidas no Advento. No entanto, a própria Instrução Geral do Missal Romano (IGMR 376) faz uma exceção importante: quando há verdadeira utilidade pastoral, o sacerdote pode celebrar uma Santa Missa votiva com o povo.
A tradição de muitos séculos da Missa Rorate, seu valor espiritual e seu papel catequético fazem com que muitas dioceses autorizem a celebração nas madrugadas do Advento. Por isso, várias paróquias, inclusive no Brasil, mantêm ou restauram essa prática.
A força dessa tradição está na simplicidade. Em meio ao ritmo acelerado de dezembro, a Rorate oferece silêncio, recolhimento e contemplação. É uma forma de reencontrar o sentido do Advento: esperar, vigiar, rezar e deixar que a luz de Cristo renove o coração.
O Advento deste ano começa em 30 de novembro, e a Missa Rorate costuma ser celebrada aos sábados durante esse período, sempre antes do amanhecer.
É necessário consultar a paróquia local para confirmar se a Missa Rorate será celebrada, em quais sábados e em qual horário. Cada comunidade tem autonomia para organizar sua programação.
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