O sonho da aposentadoria é vivo para muitas gerações. Porém, aquele que deveria ser um momento mais de descanso e reflexão, muitas vezes se transforma em um período de luta contínua por sobrevivência financeira. Muitos aposentados, como o produtor rural Júlio Hagio, de 70 anos, descreve sua rotina de trabalho como “de domingo a domingo”. Ele acorda às 4h para trabalhar na lavoura e ajudar seus filhos e encerra a jornada por volta das 18h. A rotina de trabalho é quase a mesma desde sua infância, quando começou a ajudar seu pai aos 8 anos.
“Estou recebendo benefício, aposentadoria, mas com um salário mínimo só não tem como a gente sobreviver, né? Tem que pagar o remédio, isso, aquilo. Aí não sobra nada. Então, eu ajudo meus filhos, para complementar a renda”, explica Júlio, que reside em Mogi das Cruzes (SP), em entrevista à Agência Brasil. Assim como ele, aproximadamente 23 milhões de aposentados no Brasil enfrentam a realidade de precisar continuar trabalhando para garantir o sustento.
De acordo com dados do Sistema Único de Informações de Benefício, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é responsável por cerca de 40 milhões de benefícios pagos mensalmente, que injetam mais de R$ 70 bilhões na economia nacional. A dependência dos benefícios do INSS é evidente, com quase 70% dos municípios brasileiros contando com essa assistência. Contudo, a aposentadoria, um direito conquistado ao longo das décadas, não é suficiente para a maioria.
Historicamente, o direito à aposentadoria foi garantido a partir das greves dos trabalhadores ferroviários, com a criação da Lei Eloy Chaves em 1923. Desde então, o sistema se expandiu. Porém, a necessidade de reforma e adequação frente à nova realidade demográfica e econômica é clara. Em fevereiro de 2024, o valor médio das aposentadorias urbanas era de R$ 1.863,38, enquanto as rurais alcançavam R$ 1.415,06, valores que muitas vezes não cobrem os custos básicos de vida.
A realidade não é diferente para os profissionais da educação. Dora Cudignola, professora aposentada de 71 anos, também precisa continuar trabalhando para complementar sua renda, como contou à Agência Brasil. “São muitos gastos, né? É uma maneira de ganhar um pouco a mais, porque você sabe que a gente se aposenta e diminui a renda”, explica. Muitos professores, ao se aposentar, perdem benefícios que ajudavam a compor seus salários, o que os leva a buscar complementos para sua subsistência.
Enquanto muitos aposentados encontram-se na necessidade de inteirar a renda, existem aqueles que conseguem se planejar adequadamente. Sandra Nascimento, uma empreendedora de 55 anos, trabalhou 30 anos como funcionária pública e começou a se preparar para a aposentadoria anos antes de se desligar. “A aposentadoria não te limita. Quando você busca o conhecimento, ele te abre portas que você jamais imaginou”, afirma em uma demonstração que o planejamento pode fazer a diferença.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida no Brasil aumentou para cerca de 76 anos em 2023 e a tendência é que o número continue subindo. Esse dado lembra que a questão não deve ser uma preocupação “apenas” dos idosos, mas de todos.
No entanto, de acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), cerca de 81% dos brasileiros ainda não poupam para a aposentadoria e cerca de 28% desse número não pretende fazer isso nunca.
Ou seja, todas as gerações, desde cedo, precisam ter um direcionamento e conhecimento de educação financeira para se organizar e viver com qualidade de vida. Uma dica é acompanhar os conteúdos da colunista do IDe+ Kátia Avelar, economista e mestre em Economia, que criou o programa Detox dos Gasto$. Na coluna, ela aborda temas como organização, comportamento e gestão das finanças, e uma visão humanizada e integrada à dinâmica da vida.
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