Descongestionantes nasais podem causar vício?

Descongestionantes nasais podem causar vício? Médico explica os riscos dos descongestionantes nasais
Por Gabriel Domingos
Edição: Alice Lima

A Organização Mundial da Alergia (WAO, na sigla em inglês), afirma que um percentual de 30% a 40% da população mundial é acometida pela rinite alérgica. Essa doença é causadora de problemas como nariz entupido, coriza, espirros e redução do olfato.

Devido ao incômodo com o “nariz entupido”, os descongestionantes nasais de uso tópico (em spray ou gotas) ganham força. Populares no Brasil, esses medicamentos são baratos e trazem alívio imediato para a congestão nasal. As substâncias Cloridrato de Fenilefrina e Cloridrato de Nafazolina, importantes na composição dos descongestionantes, aparecem na lista dos mais vendidos do Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico, produzido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Médico otorrinolaringologista e professor de Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Paulo Eduardo Przysiezny explica que a presença desses medicamentos entre os mais vendidos é constante e uma das justificativas, além do baixo preço, é a ausência da necessidade de receita médica para a compra.

O professor, especialista em Otorrinolaringologia que tem pesquisas como “Imunologia: o básico”, “Condutas Gerais em Otorrinolaringologia”, “Biofilmes em adenoides e rinossinusites crônicas” e “A abordagem da Otorrinogeriatria”, afirma que os descongestionantes podem ser muito bons, mas o período de uso não pode ultrapassar cinco dias.

Segundo Paulo Eduardo, a continuidade da aplicação pode gerar os seguintes problemas:

  1. Efeito rebote: quando o remédio que tem a função de desobstruir as fossas nasais passa a dilatá-las, o que causa a obstrução.
  2. Rinite medicamentosa: é a transformação do epitélio (parte da mucosa nasal), o que piora as funções nasais.
  3. Alterações sistêmicas: mudanças na pressão sanguínea e, até mesmo, na frequência cardíaca.
  4. Vício: tanto psicológico quanto físico, que faz a pessoa buscar pelo remédio.

Quando o uso vira um hábito

“A gente sai de casa e esquece o celular, a gente volta para buscar. O mesmo acontece nesses casos do descongestionante. A pessoa sai de casa e esquece, ela volta para buscar ou compra em uma fármacia”, exemplifica Paulo sobre como passam a fazer parte dos hábitos das pessoas.

Descongestionantes ou vasoconstritores têm uma ampla gama de aplicações na Medicina, como no caso dos anestésicos, explica o professor. Ele também comenta que uma das principais funções do nariz é o aquecimento do ar, a partir da dilatação das vias nasais. Acontece que se a dilatação passa do ponto, o nariz fica obstruído e, por isso, existe a ideia de usar um vasoconstritor para “respirar melhor”.

Para o tratamento de resfriados, os descongestionantes podem ser muito bons, pois estão dentro do prazo de três a cinco dias. Mas, se a intenção é cuidar de uma rinite alérgica, o professor Paulo diz que o ideal é a aplicação de um antialérgico e a lavagem nasal deve seguir métodos mais seguros, como o uso do soro fisiológico ou descongestionantes sistêmicos, que são os medicamentos absorvidos pelo organismo.

A pandemia deixou certo “legado” para as pesquisas sobre os problemas respiratórios. Paulo Eduardo ressalta que um campo que ganhou ênfase para os estudos na área é o olfato e que as pesquisas deverão se aprofundar nesse aspecto nos próximos anos. O professor também trabalha coordenando um projeto de extensão na Faculdade Pequeno Príncipe, o VacinAção, e nas linhas de pesquisa em influência da oclusão na postura corporal humana e doenças sistêmicas em Odontologia.

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Comentários

  • ana maria macedo da silva
    meu diaário espiritual de grande importancia na minha vida , ja adqurir qando o padre manzotti veio em BH , me ajudando na minha vida espiritual .

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