Doula: o resgate de um parto mais humanizado

Doula: o resgate de um parto mais humanizado

O nascimento de um filho é, sem margem para dúvidas, um dos momentos mais sublimes e sagrados na vida da mulher, que fica marcado para sempre. Ter a saúde física e emocional da mãe e do bebê como prioridades na assistência ao parto tem se tornado cada vez mais a preferência no caminho da humanização. Começa no pré-natal e culmina com o tão esperado dia do nascimento. O parto humanizado não está diretamente relacionado ao local ou a procedimentos utilizados, mas ao respeito às escolhas conscientes da mulher. Nesse contexto, surge uma profissional cada vez mais requisitada: a doula.

Há três anos, Amanda Rafaele Assis Giannini Rydlewski de Macedo Vieira trabalha facilitando as escolhas de gestantes para o resgate de um parto mais humanizado. Tecnicamente, doula é a profissional que acolhe, orienta e acompanha a pessoa que está gestante – e seu acompanhante de escolha – durante o pré-parto com a educação perinatal, parto e pós-parto.

“Essa é a definição formal, mas ser doula vai além, vai ao resgate do protagonismo da gestante, apresentando para ela, com o mais elevado nível de evidências científicas, todos os caminhos e opções, para que sejam feitas escolhas livres e esclarecidas”, afirma Amanda Rafaele.

Ela informa que é necessário fazer um curso de formação para atuar como doula. O trabalho, conforme explica, começa na educação perinatal anterior ao parto, quando são apresentadas à família as informações imprescindíveis para a tomada de decisões. Passa pelo ápice, o trabalho de parto, a partir do momento em que a gestante sente os sinais que está começando o processo.  E chega ao pós-nascimento junto à família.

Conexão e confiança

São muitas emoções envolvidas. A conexão e relação de confiança mútua construída durante o pré-natal são fundamentais. A doula participa ativamente do processo, dá todo o suporte e direcionamento necessários.

“Normalmente, logo após a família me acionar, eu me encaminho à casa da gestante para, junto à equipe técnica, decidirmos o melhor momento de ir para o hospital ou para a chegada da equipe completa em casos de parto domiciliar planejado. Com técnicas não farmacológicas, conseguimos auxiliar no alívio da dor. Durante o avançar do trabalho de parto, somos suporte emocional e apoio físico, inclusive. Logo após o nascimento do bebê, estimulamos a amamentação e o contato pele a pele”, informa a doula Amanda Rafaele.

Uma curiosidade é que, embora a imensa maioria das doulas sejam mulheres, os homens também podem fazer o curso de formação e atuar.

“Com a profissionalização, é impossível proibir homens. Mas alguns cursos não aceitam”, analisa.

Amanda Rafaele não parou para contar quantos nascimentos já acompanhou. Em média, ela atende três gestantes por mês.

“Como não sabemos o momento do nascimento, trabalho com uma agenda com poucas vagas, para garantir estar com cada família”, afirma.

 

Amanda Rafaele: decidiu ser doula para realizar mudanças

 

O parto humanizado não está diretamente relacionado a um local ou via de nascimento específicos. Por isso, a assistência a mulheres pode acontecer, de acordo com ela, em hospitais, inclusive cesáreas, ou nas casas das gestantes, em casos que a família opte pelo parto domiciliar planejado.

“Nós, doulas, atuamos independente da via de nascimento. Só não podemos mais atuar se for da vontade da gestante. Em outras situações, existe uma Lei que garante nossa atuação no Estado do Paraná”, explica.

Amanda Rafaele se refere à Lei Estadual 21.053/2022, que em seu artigo 3º dispõe que “a presença das doulas não exclui a presença de acompanhante previsto na Lei Federal”.

Ser doula, para Amanda Rafaele, é um misto de sentimentos, sobretudo porque ainda são muitos os casos de violência obstétrica e os pilares da humanização não são respeitados.

“Não é fácil. Ficamos horas, muitas vezes, em acompanhamentos e, dentro de alguns hospitais, ainda não somos respeitadas. É uma luta constante, mas cada família que se forma, cada nascimento que presenciamos nos dão força e ocitocina para continuar construindo uma nova história dentro da área da saúde”, declara.

A dor se transformou em doulagem

A escolha pela profissão veio de um momento de dor, a perda de seu filhinho, então com 1 ano e 9 meses.

“Naquele momento de dor e angústia, percebi que muitas vezes somos tratados como números, não nos passam conhecimento e nos tratam como incapazes de aprender. Dali nasceu uma faísca que incendiou a minha vontade adormecida pela luta na melhoria de vida para todos nós. Não existe liberdade sem informação e não existe mudança sem mobilização. A doulagem foi meu despertar para abraçar a mudança que eu tanto busco, todos os dias”, declara com emoção.

Para as famílias, segundo Amanda Rafaele, escolher a assistência de uma doula tem como motivos o medo da violência obstétrica, a vontade de alcançar o melhor parto e o desejo de que o nascimento dos seus filhos seja vivido em sua integralidade, sem ser roubado por falta de informação.

 

Saiba Mais

O respeito ao momento do parto é tão importante que a Organização Mundial de Saúde tem uma posição quanto ao tema. De acordo com a OMS, é necessário garantir à gestante a presença integral de um acompanhante escolhido por ela para uma experiência de nascimento mais positiva.

No Brasil, a Lei Federal nº 11.108/2005 garante às grávidas o direito à livre escolha de seu acompanhante em maternidades públicas, conveniadas ao SUS e também na rede privada. Conforme a legislação, pode ser acompanhante da grávida qualquer pessoa maior de 18 anos escolhida pela gestante para estar ao seu lado durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

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