É possível substituir os animais nos experimentos científicos?

É possível substituir os animais nos experimentos científicos? Foto: Agência Brasil
Por Murilo Ferreira

Supervisão: Maíra Gioia 

 

O uso de animais em testes ganhou destaque no noticiário nacional após a aprovação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que proíbe o uso de animais vertebrados vivos em avaliações de ingredientes ou de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, inclusive para averiguar seu perigo, sua eficácia ou sua segurança. O texto foi enviado à sanção presidencial. A aprovação também provocou a seguinte reflexão: é possível substituir os animais nos experimentos científicos?

A Agência Escola da Universidade Federal do Paraná (UFPR) encontrou a resposta no Laboratório de Bem-estar Animal (Labea), do Departamento de Zootecnia do Setor de Ciências Agrárias da Universidade, e que é coordenado pela professora Carla Forte Maiolino Molento. O Laboratório se destaca por se dedicar ao estudo de métodos alternativos ao uso de animais.

A filósofa e médica-veterinária Karynn Vieira Capillé, que atualmente faz pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFPR e integra o Labea, pesquisa alternativas para que a substituição seja possível. No mestrado, a pesquisadora desenvolveu simuladores para o treinamento dos estudantes de medicina veterinária.

“No mestrado, eu trabalhei no desenvolvimento de simuladores para o treinamento dos estudantes de Medicina Veterinária, para que não seja necessário usar animais no desenvolvimento de habilidades técnicas”, afirma.

Exemplos práticos desse trabalho incluem simuladores para palpação prostática em cães e sondagem uretral em cadelas, procedimentos essenciais que, de outra forma, seriam invasivos e prejudiciais aos animais.

Médica-veterinária e filósofa Karynn Vieira Capillé. Foto: arquivo pessoal

Já no doutorado, a pesquisadora investigou as relações entre os membros das comissões de ética, que são responsáveis por autorizar as pesquisas e que são compostas por médicos veterinários, biólogos, professores, pesquisadores e um integrante da sociedade protetora de animais.

Karynn afirma que os métodos alternativos estão em constante desenvolvimento na ciência, e cada vez mais existem opções para evitar o uso dos animais. Mas por outro lado, segundo a pesquisadora, a principal barreira está no modo de pensar do ser humano, que se sente superior à vida animal. Na opinião da médica-veterinária, a publicidade teria influência sobre esse pensamento e cita o exemplo das caixas de leite que muitas vezes trazem imagens de vacas livres pelo campo, o que para ela pode parecer controverso. 

A limitação dos modelos animais, que nem sempre replicam com precisão as condições humanas, também é um problema, segundo a pesquisadora. Karynn afirma que muitos medicamentos testados com sucesso em animais falharam em humanos e vice-versa.

“Usar os ratos, por exemplo, como modelo de depressão é muito precário, porque as nossas doenças são resultado do meio que a gente vive, do nosso modo de vida, da nossa alimentação, de coisas que os ratos não vivem no laboratório”, afirma.  

Durante a entrevista para a Agência Escola UFPR, Karynn destacou que mantém a esperança de que a tecnologia e o conhecimento eliminarão a necessidade da exploração animal no futuro, com a formação de uma sociedade mais sustentável. 

O que você achou desse conteúdo?

Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.

Aceito receber a newsleter do IDe+ por e-mail.

Comentários

Cadastre-se

Cadastre-se e tenha acesso
a conteúdos exclusivos.

Cadastre-se

Associe-se

Ao fazer parte da Associação Evangelizar É Preciso, você ajuda a transformar a vida de milhares de pessoas.

Clique aqui

NEWSLETTER

IDe+ e você: sempre juntos!

Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.