O que faz uma escola ser verdadeiramente educativa? Seria apenas a excelência acadêmica, rankings e aprovações? Para a Igreja, formar alguém de maneira integral – mente, coração e espírito. No Dia Mundial da Educação Católica, celebrado em 13 de maio, vamos pensar sobre esse legado milenar e, sobretudo, sobre seu papel no mundo de hoje.
A história da educação católica se relaciona com a própria história do cristianismo. Desde os primeiros mosteiros medievais, passando pelas universidades criadas pela Igreja no século XII (como Paris, Bolonha e Oxford), a educação sempre foi uma forma concreta de evangelização e promoção da dignidade humana. Com a chegada dos missionários ao Brasil, a tradição se expandiu. Foram as ordens religiosas que, muitas vezes, criaram as primeiras escolas em regiões ainda desassistidas.
Hoje, essa presença é imensa: são 61,7 milhões de alunos atendidos por escolas católicas em todo o planeta, da educação básica ao ensino superior, como consequência da busca que deve ser a de educar como Jesus educou — com amor, escuta, diálogo e inclusão.
“O melhor antídoto para a cultura do individualismo e da indiferença é a educação.” A frase do Papa Francisco baseia fortemente as instituições associadas à Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec), que assumem o compromisso de formar cidadãos íntegros, solidários e comprometidos com a transformação do mundo.
Sobre o tema, Padre Charles Lamartine, diretor da Faculdade Católica do Rio Grande do Norte e membro da diretoria nacional da Anec, lançou o livro “As origens da Pedagogia Cristã: do movimento de Jesus à literatura neotestamentária”. Ele explica que a pedagogia cristã nasce do próprio Cristo, que ensinava com afeto, escuta e abertura radical ao outro. Um exemplo é a forma como Jesus se relacionava com os apóstolos, como no chamado de Mateus (Mt 9,9).
Sobre os desafios da modernidade, Padre Charles comenta que “nunca foi tão urgente educar. Nunca precisamos tanto de uma educação sólida”. Para ele, uma criança que chega à escola no Ensino Fundamental não está preocupada com vestibulares, mas com acolhimento. O ambiente escolar precisa ser sempre mais que números: deve ser amor. A exemplo de Jesus, deve ser aberto a todos como iguais em seus direitos e dignidade.
No Brasil, a educação católica se reinventa continuamente, acompanha diretrizes curriculares, inovações pedagógicas e as transformações sociais. Mas sem jamais perder seu centro: a formação integral da pessoa humana, iluminada pelo Evangelho.
As escolas católicas oferecem ensino de excelência e também são espaços de cuidado, espiritualidade, diálogo e responsabilidade social. A missão evangelizadora se concretiza no dia a dia, nas relações, nas escolhas pedagógicas, na convivência.
Papa Francisco convocou a todos para renovar os compromissos com a educação a partir de um Pacto Educativo Global. A proposta é formar uma grande aliança entre escola, família, sociedade e Igreja, para que a educação seja promotora de fraternidade, justiça e paz.
No Brasil, a Anec encoraja escolas e universidades católicas a se unirem a esse movimento. Em 13 de maio, há o convite para que todas as instituições católicas e a comunidade escolar usem a hashtag #DiaMundialdaEducaçãoCatólica e compartilhem fotos que representem seu comprometimento com os valores do Pacto.
Educar é um ato profundamente espiritual. É plantar esperança. É seguir os passos de Jesus, o mestre que tocava os corações antes de ensinar qualquer lição. Como afirmou Papa Francisco, “educar é um ato de esperança”. E a educação católica continua, há séculos, sendo sinal vivo dessa esperança no mundo.
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