No conteúdo publicado pelo IDe+ “Entenda e reflita sobre o significado da oração do Credo”, um leitor deixou um comentário sobre um dos trechos da prece:
“… e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria…”
O ponto levantado pelo leitor foi: “… como Jesus seu único filho? Então, não somos os filhos de Deus?”
Por isso, o IDe+ trouxe até mim o questionamento, que explico a seguir.
Essa é uma excelente pergunta, profundamente teológica e toca em um ponto central da nossa fé Católica Apostólica Romana: o mistério da filiação Divina. E, para bem responder, contextualizarei, recorrendo à Sagrada Escritura e ao Catecismo da Igreja.
Sobre esse ponto especifico, qual é essa verdade que o nosso leitor está se referindo em sua dúvida?
O termo “Filho único” (em latim unigenitus Filius) significa que Jesus é o Filho de Deus por natureza, e não por adoção. Ou seja, Jesus não foi criado, mas gerado da mesma essência Divina. Essa verdade pode ser melhor contemplada no Credo Niceno-Constatinopolitano, que evidencia mais claramente esse mistério:
“Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai.”
A palavra consubstancial revela que possuem a mesma substância. Podemos concluir que Jesus é o Filho natural de Deus, gerado eternamente, Ele não foi criado, não foi adotado. Ele é o Filho em sentido próprio e absoluto.
“O Verbo se fez carne e habitou entre nós… e vimos a sua glória, glória como do Filho único do Pai.” (João 1,14)
É a partir da humanidade de Jesus que nos tornamos filhos de Deus em Cristo. A partir do nosso batismo, deixamos de ser criaturas de Deus e tornamo-nos filhos adotivos de Deus. E por que “adotivos”? É em Cristo que recebemos esse dom, e o termo é esse mesmo, “dom”, porque vem d’Ele, por nossas forças não temos esse poder.
São Paulo explica:
“Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho… a fim de resgatar os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção filial.” (Gl 4,4-5)
“Vós não recebestes um espírito de escravidão… mas o Espírito de adoção, pelo qual clamamos: ‘Abbá, Pai!’” (Rm 8,15)
Porém, é importante saber que essa adoção não é algo simbólico, mas verdadeiro. Nela, somos convidados a ser seus imitadores. Por meio de Jesus, o Pai nos adota, o Espírito nos santifica e nos chama a viver como verdadeiros filhos, amando, servindo e participando de sua herança divina.
O que ensina o Catecismos da Igreja Católica sobre a filiação adotiva:
CIC 460:
O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Pd 1,4): «Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a adopção divina, se tornasse filho de Deus» (83).
CIC 2782:
…«O homem novo, que renasceu e foi restituído ao seu Deus pela graça, começa por dizer, “Pai!”, porque se tornou filho» (28).
Irmãos e irmãs, penetrar nesse mistério é algo tão belo e transformador, que dá todo o sentido em nossa existência. É na Eucaristia, na Santa Missa, que vivenciamos plenamente o ápice da presença Divina, e nos unimos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
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