Não era a intenção de Nick Axten, mas a sua história viralizou e ganhou o mundo. Isso porque o idoso de 76 anos levou cinco décadas para terminar o doutorado. Mas não foi apenas o tempo além do comum que chamou a atenção, e sim a sua justificativa: “Eu precisava pensar e refletir muito e ainda não era o momento”.
Na volta do americano às salas de aula, ele conviveu com pessoas bem mais novas. Uma situação que poderia ser difícil já que há quem olhe para as pessoas com preconceitos relacionados à idade, a exemplo do que ocorreu no Brasil recentemente, numa universidade particular de Bauru (SP). Felizmente, com Nick aconteceu o oposto.
O maranhense Fabiano Bessa, de 65 anos, foi aprovado agora em 2023 na faculdade de Medicina. Natural de São Luís, no Maranhão, ele compartilhou em suas redes sociais a emoção de ter realizado um sonho antigo e, claro, virou inspiração.
“A pessoa que pensa que alguém com uma certa idade não pode realizar seus sonhos tem que mudar muito a cabeça. Tem que melhorar muito o pensamento”, disse ele, que comentou ainda o episódio registrado no interior de São Paulo: “Está faltando inteligência para uma pessoa dessas. Acho que não tem idade para estudar. Precisa ter boa vontade e querer”.
Com Junecleia Martins, de 49 anos, foi uma emoção parecida. Após 12 anos tentando entrar no curso de Medicina, ela não escutou o desencorajamento de que “era tarde para começar”. Desde os 11 anos, a pernambucana sonhava em ser médica. Porém, as suas condições de vida foram criando barreiras e impedindo o seu maior desejo. Em 2023, ela foi aprovada no vestibular de Medicina da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Para mudar de cidade e conseguir estudar, a mulher, que vende marmitas e já trabalhou como diarista e passadeira, precisou de uma vaquinha virtual, que vai ajudá-la nos primeiros meses de vida de estudante.
Além dos obstáculos que podem existir pelas circunstâncias, é bem difundido o pensamento de que se deve agilizar tudo, fixando uma idade certa para cumprir determinados objetivos. Como atestam os exemplos, porém, nunca é tarde para realizar os sonhos.
Sobre esse tema, a psicóloga e colunista do IDe+ Julita Sena diz que é interessante resgatar o que nos move de acordo com a Psicanálise… o desejo. “Por vezes, nos posicionamos de acordo com normativas e ideais sociais, sem priorizar o que é desejo próprio, singular e subjetivo para cada um”, explica ela.
É por esse motivo, segundo Julita, que é comum ouvirmos casos de pessoas que passam a vida inteira se dedicando e investindo emocionalmente em algo que não é coerente consigo. E, a partir de um determinado momento, depois de ter a sensação de que “tudo já foi feito”, essas pessoas se autorizam a dar vez ao que é essencialmente delas.
Outro exemplo dado pela psicóloga são os que depois de uma situação de impacto, como doenças, perdas e lutos, decidem ser mais honestas consigo mesmas.
“Tudo isso nos mostra que sempre é possível. O passar do tempo pode também servir como estímulo. O meu trabalho muito me mostra o quanto pensamentos sobre o que gostaria de ter feito e não fez são recorrentes em pessoas com mais idade. Acaba sendo uma questão de ética com a própria história um olhar mais compreensivo que oportunize as realizações possíveis”, explica Julita.
Dito isso, pode-se concluir que nunca é tarde para dar continuidade a sonhos e projetos antigos ou mesmo virar a chave. Isso vale não somente para carreiras e estudos, mas também no campo pessoal. A Bíblia mesmo traz uma passagem que valida:
“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios, 5,17). Nunca é tarde demais para ser feliz.
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