“Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence” (Ex 20, 17).
Esse é o nono dos Dez Mandamentos da Lei de Deus e Jesus, no Evangelho de Mateus, também se refere a ele com a seguinte citação:
“Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5, 28).
Esse mandamento proíbe a cobiça da carne, seja do homem ou da mulher. O ser humano é um ser completo, composto de espírito e corpo e a própria Palavra de Deus coloca certa tensão entre o espírito e a carne.
São João nos explica três espécies de cobiça ou de concupiscência, como também é conhecida: a da carne; dos olhos; e a soberba da vida.
“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida – não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2, 15-17).
O coração é um órgão. Porém, na teologia espiritual, é como o centro da personalidade moral da pessoa humana.
Disse Jesus: “Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15, 19).
É um erro e exagero achar que o mal vem de fora, pois ele age dentro de nós. Não esqueçamos que o inimigo perdeu tudo, menos a inteligência angelical. É um camaleão, astuto e se apresenta a nós de uma forma sedutora. Ele entra em nosso interior, descobre o que mais nos fascina e se mascara com aquela fascinação para nos atrair.
Então, como trabalhar esse desejo da carne? Lembremos o que disse Jesus: “bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”. Por isso, se o coração é a fonte do mal, temos que purificá-lo, de preferência em três níveis: na caridade, na castidade ou retidão sexual e no amor à verdade e à ortodoxia da fé.
A pureza do coração é uma luta, pois todo ser humano vive a sexualidade. Mas como lutar? Primeiro, pela virtude do dom da castidade, que permite amar com o coração reto.
Segundo, pela pureza de intenções. Pureza no olhar, interior e exterior. Disciplinar os sentimentos e a imaginação. Por exemplo, o belo tem que ser olhado. Contudo, entre olhar e alimentar o desejo tem uma grande diferença. É preciso ter domínio, disciplina nos sentimentos e na imaginação. No Livro da Sabedoria encontramos o texto: “A vista excita os desejos dos insensatos, fantasma inanimado de uma imagem sem vida que provoca a paixão!” (Sb 15, 5).
O pudor também preserva a intimidade da pessoa. É a temperança, é orientar o olhar, os gestos em conformidade com a dignidade da pessoa. O pudor é o respeito à pessoa.
E como dominar essas paixões desorientadas? Através de muita oração e do pensamento em Deus. Não é negar a sexualidade, pois a Igreja não é contra a sexualidade. Deus não quer que nos castremos. É fazer da castidade uma virtude, o que pode ser difícil, mas não impossível.
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