“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: ‘Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?’ E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
O texto, que está no Evangelho de São Mateus 25, 35-40, fala sobre solidariedade, compaixão e amor ao próximo. E você pode estar se perguntando, “mas o que isso tem a ver com arquitetura?”.
A resposta é que tem tudo a ver. Em diversas cidades, especialmente nas capitais e grandes centros urbanos, intervenções têm sido vistas pelas ruas com o objetivo de afastar pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade social. Essa é a chamada arquitetura hostil. Alguns exemplos são bancos divididos por barras ou a colocação de pontas de aço (ou espinhos) em degraus, beirais de canteiros ou de janelas para que pessoas não fiquem nesses locais.
Também chamada de “Exclusão arquitetural”(architectural exclusion, em inglês) refere-se a como a estrutura de espaços urbanos pode discriminar e segregar certos indivíduos. Outros termos usados para esses casos são “arquitetura defensiva” ou “design urbano defensivo” e estão associados a “pontas de ferro anti-sem-teto”, peças pontiagudas instaladas em superfícies planas para torná-las espaços difíceis ou desconfortáveis de dormir.
A população de rua no Brasil chegou a 227 mil pessoas em 2023 — um salto de 935,31% em comparação à mesma pesquisa divulgada em 2013, que contabilizava quase 21 mil, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Fatores como a pandemia da Covid-19 e o aumento do desemprego contribuem com esse quadro.
Por isso, é preciso olhar para todas essas pessoas com compaixão e solidariedade — e não com práticas hostis.
“Rezemos juntos para que o Senhor nos separe do individualismo que exclui e desperte os corações surdos às necessidades do nosso próximo. Vençamos o medo, a indiferença que mata, o cínico desinteresse que condena à morte quem está à margem!”, escreveu Papa Francisco no Twitter (X) a respeito das pessoas sem lar.
Em outra oportunidade, o Pontífice falou: “A rua não é lugar para morar, muito menos para morrer”. Como mostram as palavras do Papa, fica o entendimento de que assim como as pessoas não deveriam ter que morar na rua, não se deve prejudicá-las ou maltratá-las ainda mais, como pode ser o caso da “arquitetura hostil” e suas práticas. No lugar disso, é preciso estender a mão e ajudá-las a ter uma vida digna.
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