A sinodalidade é um conceito fortemente impulsionado pelo Papa Francisco e é o caminho que Deus espera para a Igreja do terceiro milênio, pois envolve o compromisso de caminhar juntos, escutando e discernindo, como um povo unido na fé e na missão.
Desde o Concílio Vaticano II, esse princípio ganhou mais relevância e foi nas palavras do Papa Francisco, em 2015, durante a comemoração dos 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos, que se consolidou como um verdadeiro caminho de renovação eclesial.
A palavra “sínodo”, que deriva do grego, significa literalmente “caminhar juntos”. Para a Igreja, é sobre uma participação ativa de todos os fiéis — não apenas dos Bispos —, de leigos, religiosos e sacerdotes, na comunhão e missão da Igreja. Como escreveu Cardeal Sérgio da Rocha, Arcebispo de Salvador, a sinodalidade está além da colegialidade episcopal, uma vez que envolve toda a comunidade de fé — e não se restringe apenas ao Sínodo dos Bispos. O sínodo dos Bispos, que representa o episcopado católico, torna-se expressão da colegialidade episcopal dentro de uma Igreja toda sinodal, como explicou Papa Francisco.
A sinodalidade é um conceito funcional ou organizacional, pertence à essência da própria Igreja e se fundamenta no “Povo de Deus”, descrito na Lumen Gentium do Concílio Vaticano II. Nesse sentido, todos os batizados, independentemente de sua vocação ou ministério, partilham da mesma dignidade e são chamados a contribuir para a construção do Corpo de Cristo.
Os três pilares da sinodalidade são comunhão, participação e missão. Em outubro de 2023, a Igreja vivenciou um momento especial com a realização do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, que se estende até 2024. O tema central é “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Esse evento é a oportunidade para que a Igreja reflita sobre sua missão de ser uma comunidade viva e acolhedora, na qual todos têm voz e são ouvidos. Papa Francisco ressaltou a importância de um ambiente propício ao diálogo, para que as Igrejas locais também se ativem em modelos que promovam a escuta, o discernimento e a ação.
Na prática, a sinodalidade é o convite à escuta atenta ao Espírito Santo e aos irmãos e irmãs de caminhada. Ela desafia a Igreja a evitar o clericalismo e o legalismo, a direcionar seus esforços para construir pontes e reconciliar diferenças. Como afirmou Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba, “a sinodalidade promove a unidade do Povo de Deus, em um tempo de grandes desafios, em que a diversidade e a liberdade de manifestações exigem uma escuta profunda do Espírito de Deus”.
A vivência sinodal inclui também a responsabilidade de leigos e religiosos trabalharem em conjunto com os pastores, na promoção de uma Igreja que está em constante missão. Este é o convite do Papa Francisco:
“O cristianismo deve ser sempre humano e humanizador, reconciliando diferenças e distâncias, transformando-as em familiaridade, em proximidade”.
Viver a sinodalidade no dia a dia significa cultivar uma atitude de escuta e abertura ao próximo, seja na vida comunitária, seja na familiar. Em suas comunidades locais, os fiéis são convidados a exercer a comunhão e a participar de momentos de oração, discernimento e ação missionária. O Papa incentiva que o princípio sinodal seja um instrumento de unidade e renovação, com todos tendo algo a contribuir para o crescimento da Igreja.
A Campanha da Fraternidade, que ocorre anualmente no Brasil, pode ser considerada uma expressão prática da sinodalidade, pois mobiliza as dioceses e comunidades em torno de um tema comum, promove ações de solidariedade e compromisso cristão.
Como expressou o Cardeal Sérgio da Rocha, a sinodalidade revela uma Igreja que se compreende como servidora e missionária, onde a autoridade é exercida como serviço, refletindo o próprio exemplo de Jesus.
A Igreja sinodal é, acima de tudo, uma Igreja que caminha com o povo, que escuta, discerne e age em resposta aos desafios do tempo presente, com o objetivo de ser cada vez mais fiel à sua missão evangelizadora.
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