Em seu primeiro discurso no balcão da Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Papa Leão XIV se definiu como um “filho de Santo Agostinho”. Mas quem é esse Santo que inspira o Papa?
Santo Agostinho é uma das figuras mais emblemáticas da história da humanidade e da Igreja. Nascido no Norte da África, dentro dos domínios do então decadente Império Romano do Ocidente, sua vida é amplamente conhecida graças à sua própria obra autobiográfica: Confissões.
Nesse livro, Agostinho relata sua trajetória desde a infância até a profunda conversão, marcada pela incansável intercessão de sua mãe, Santa Mônica. Ele descreve um jovem brilhante, com sede de conhecimento, envolvido em debates filosóficos e influenciado por heresias como o maniqueísmo.
Em Confissões, acompanhamos as dúvidas, as inquietações e os pecados da juventude de Agostinho até o momento decisivo em que conhece Santo Ambrósio. A partir desse encontro, ele enxerga no catolicismo a verdade que tanto buscava. Nasce daí sua célebre frase:
“Fizestes-nos para vós, Senhor, e inquieto está nosso coração, enquanto não descansar em vós” (Confissões, Livro I).
Ao final da obra, Santo Agostinho apresenta uma profunda reflexão sobre o conceito de tempo — um clássico da filosofia ocidental.
Após sua conversão, Agostinho foi batizado, ordenado sacerdote e, mais tarde, consagrado Bispo de Hipona. Escreveu dezenas de livros, tratados teológicos, comentários bíblicos e se destacou como um dos maiores pregadores do cristianismo primitivo.
Foi de um de seus escritos — a Exposição sobre o Salmo 127 — que Papa Leão XIV escolheu o lema de seu pontificado:
In Illo Uno Unum
“Embora nós, cristãos, sejamos muitos, no único Cristo somos um só.”
Santo Agostinho fez contribuições inigualáveis para a teologia, a filosofia e a própria forma como compreendemos a história. Em sua obra-prima, A Cidade de Deus, ele narra a história da salvação desde a Criação até a Parusia (o retorno de Cristo).
Vivendo em tempos turbulentos, marcados pelas invasões bárbaras e pela crise do Império Romano, Agostinho recorda que a cidade terrena é apenas uma passagem. A verdadeira pátria do cristão é a Jerusalém celeste – aquela que, mesmo agora, deve iluminar nossos passos nessa batalha entre as duas cidades.
Sua visão rompe com a ideia cíclica dos gregos e propõe uma narrativa linear da história: com início na criação por Deus, passando pelas promessa e realizações da fé cristã, até o clímax no sacrifício redentor de Cristo e o destino final da glória celeste.
Tamanha foi sua influência, que Santo Agostinho foi proclamado Doutor da Igreja e é reconhecido como um dos maiores filósofos cristãos da história. Sua Regra de Vida inspirou gerações a seguir Cristo com radicalidade, originando, no século XIII, a fundação da Ordem dos Agostinianos.
Entre os filhos ilustres dessa Ordem estão:
Agora, junta-se a essa plêiade o Papa Leão XIV, que se apresenta ao mundo como mais um filho espiritual de Santo Agostinho – um santo cuja sabedoria, fé e amor pela verdade continuam a iluminar os caminhos da Igreja.
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