O sexto dos Dez Mandamentos da Lei de Deus

O sexto dos Dez Mandamentos da Lei de Deus

“Ouvistes que foi dito aos antigos: não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração. Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena*. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena*.  Foi também dito: todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério” (Mt 5, 27-32).

A Bíblia fala com clareza sobre o que está no plano ideal do Pai na criação. Portanto, os filhos, a educação sexual, os valores pelos quais lutamos têm que seguir esse ideal de matrimônio a que se refere o sexto dos Dez Mandamentos: não cometer adultério. Esse é o referencial.

Por mais que a sociedade tenha permitido o divórcio, este não pode ser o ideal de vida de um casal. Todo cristão tem que seguir os mandamentos revelados por Jesus, mas lembrar que, entre o ideal e o real, é preciso buscar sempre o bom senso.

O sexto mandamento enfatiza a pureza, isto é, não pecar contra a castidade. Por isso, devemos ver a sexualidade como um dom, um presente de Deus. Se não fosse algo desejado por Ele, o ser humano poderia procriar de formas diferentes. Por exemplo, as crianças poderiam nascer em árvores, mas não! Deus quis na Sua onisciência e onipotência que o espermatozoide se encontrasse com o óvulo, que houvesse amor, prazer, fecundação e a criação.

Isso significa que a sexualidade integra a pessoa. Porém, implica num aprendizado do domínio pessoal, que é a castidade – fruto da oração e da vivência dos sacramentos. Essa vocação é uma integração correta da sexualidade na pessoa. E a sexualidade pertence ao ser humano. Ela é uma virtude que deve ser mantida a partir da temperança, do domínio de si mesmo, ou seja, um trabalho de longo prazo. A castidade não é algo exclusivo de padres, religiosas e religiosos, pois existe em três âmbitos: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez e a terceira, da virgindade.

Os casados têm que viver a castidade entre eles. É fidelidade do marido para com a esposa e da esposa para com o marido. Na viuvez também tem que se viver essa vocação. E uma pessoa que escolheu viver solteira, como os sacerdotes, religiosos e religiosas, tem que vivê-la também. Existem casais que vivem a castidade conjugal, por problemas de impotência sexual por exemplo. O homem que se tornou impotente e a esposa, por amor, se tornou incontinente.

Enfim, a castidade no seu estado de vida é uma virtude e depende do esforço, seja ela em qualquer idade da vida. É uma virtude moral e também um dom do Pai, uma graça, um fruto da obra espiritual.

“O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo” (1Jo 3, 3).

Em outro texto encontramos:

“O fruto do Espírito é o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a fidelidade e a castidade” (Gl 5, 22).

Portanto, repito, apesar de ser resultado do esforço humano, a castidade é dom de Deus e fruto de uma obra espiritual.

Obra “Cristo e a adúltera” de Ticiano Vecellio (ou Vecelli)

Já a sexualidade é de toda a pessoa e diz respeito à afetividade, a capacidade de amar, de procriar, de criar vínculos de comunhão.

Quero lembrar, de forma positiva, que a vocação à castidade é uma integração correta da sexualidade na pessoa. E a sexualidade é reservada para os casais. O sexo fora do casamento é uma falta grave, não só contra Deus, mas contra a própria pessoa e o prazer moralmente desordenado provoca a destruição da dignidade da pessoa.

“Não cometerás adultério” (Êxodo 20, 14).

Lembremos que este mandamento enfatiza também a pureza, ou seja, a vida em castidade. A luxúria, um dos Sete Pecados Capitais, é uma das ofensas a esta Lei. Falo do desejo desregrado do prazer venéreo, ou seja, quando o prazer sexual é pelo próprio e único sentido do prazer, sem qualquer outra finalidade.

A castidade também é ofendida através da pornografia, sejam nos filmes ou no meretrício. Significa e consiste em retirar os atos sexuais e exibi-los de maneira deliberada. É um erro, porque desfigura o ato conjugal, o momento de doação, de entrega e fere a dignidade da pessoa.

Lembremos que Cristo condena o adultério, assim como os profetas. O adultério é uma injustiça, uma falta grave com os compromissos e prejudica o sinal da aliança, que é o vínculo do matrimônio. O adúltero lesa, machuca e denigre a imagem do cônjuge. Quando uma mulher trai, ela fere a dignidade do marido. Da mesma forma, quando o esposo trai, ele desfigura a esposa. São atitudes irreparáveis, porque prejudicam e quebram a aliança. É uma violência que se comete entre duas pessoas que se supunham “ser uma só carne”. Esse pecado tem uma consequência gravíssima na vida pessoal, porque ela se divide. Divide seu coração, seu afeto e quase sempre um coração dividido no amor, divide no trabalho, nas relações e acaba em nada. O adultério machuca profundamente os filhos e destrói a base da confiança familiar. Há quem diga: o que os olhos não veem o coração não sente. Sente! Sente quem foi traído e o que é pior: marca com uma “cicatriz” para sempre no coração dos filhos.

Nos dias de hoje, com os divórcios permitidos pela sociedade, mesmo não sendo o ideal da vida de um casal, o que percebo é que existem dois erros. O primeiro é achar que estando no segundo matrimônio, o casal já estaria excomungado e exposto ao inferno. Sendo assim, levam do jeito que der, mesmo pelo fato de não poderem confessar e comungar, ou seja, se der certo está bom, se não der, tudo bem. Lembremos que as pessoas que não tiveram felicidade no primeiro casamento não se encontrarão no segundo, no terceiro, no quarto ou no quinto se levarem uma vida sem seriedade e, infelizmente, tenho visto isto com muita frequência. O segundo pensamento: tudo é permitido, tudo está certo, ou seja, a misericórdia de Deus cobre tudo. Tanto um como outro são equivocados. Duas visões que são erradas. Se não deu certo no primeiro, procurem se esforçar no segundo. Lembrem-se: fidelidade e respeito sempre. Caso contrário, passarão uma vida inteira sem se encontrar na vida afetiva e emocional. Por isso, falo também para aqueles que estão no segundo casamento: procurem ter uma vida na presença do Pai. Não se afastem da presença de Deus. Lembremos que a reta conduta e a caridade cobrem uma multidão de pecados.

* Palavra de origem hebraica que significa local de suplício eterno pelo fogo.

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Comentários

  • eliane
    uma casamento na religiao evangelica caso venha a separar e conhece uma pessoa catolica e queira se casar essa pessoa poder casar na igreja catolica normal ou nao
  • Célia dos Santos
    Obrigada pelos ensinamentos Padre Manzotti.
  • Ivana Sartori
    Deus abençoe seu dia Padre Reginaldo. Adoro te ouvir
  • Andrea
    Muito bom! Parabéns pelo conteúdo

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