“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2,4). No Pentecostes, os estrangeiros presentes compreenderam o que era dito, ficaram assombrados e se perguntavam como podia cada um ouvir em seu próprio idioma as coisas magníficas de Deus (Atos 2, 8-11).
A cena marcou a origem da missão evangelizadora da Igreja e desperta até hoje muitas perguntas: o que significa falar em outras línguas? Existe diferença entre falar e orar em línguas?
Entenda o significado desse dom espiritual, como se manifesta e o que dizem a Igreja e especialistas sobre esse tema tão presente na vida de oração de muitos fiéis.
O chamado “falar em línguas” — também conhecido como glossolalia — é um dom carismático concedido pelo Espírito Santo, que se manifesta quando alguém fala uma língua que não conhece, mas que é compreendida por quem escuta, ou então profere sons misteriosos (sílabas, gemidos, sons), não compreensíveis pela razão humana.
Em Pentecostes, descrito em Atos dos Apóstolos, o dom tinha uma função clara: permitir que os discípulos evangelizassem pessoas de diversos povos e culturas, reunidas em Jerusalém. Era, portanto, um dom dado para a edificação da Igreja e para a missão.
A palavra glossolalia vem do grego glossa (língua) e lalia (fala). É o fenômeno das chamadas “línguas estranhas”, que ocorre quando alguém fala ou canta sons que não pertencem a nenhuma língua humana conhecida.
Na tradição católica, entende-se que esse dom é uma comunicação inspirada pelo Espírito Santo, que transcende a lógica humana. O apóstolo Paulo já falava sobre isso: “Quem fala em línguas fala a Deus, e não aos homens; ninguém o entende, pois em espírito fala mistérios” (1Cor 14,2).
Embora muitas vezes sejam usadas como sinônimos, existe uma distinção importante:
Orar em línguas “não depende do raciocínio ou da vontade humana, mas da liberdade interior e da ação do Espírito”. O essencial é que ambos — falar ou orar em línguas — sejam discernidos dentro de uma vida eclesial autêntica e fiel.
No quadro “Padre Responde”, Padre Reginaldo Manzotti esclareceu a diferença e o valor da oração em línguas. Ao responder à dúvida de uma fiel, explicou:
“Orar em línguas está nas Sagradas Escrituras e é quando falamos de uma forma que a inteligência humana nem é capaz de entender. O Espírito Santo habita em nós e pede o que nem nós mesmos sabemos como pedir. É Deus que, sendo Pai e conhecendo nosso coração, quer nos levar a uma oração profunda.”
No tempo do Pentecostes, o convite é para renovar a abertura ao Espírito Santo e confiar que Ele atua para a edificação da comunidade e para a santificação pessoal. Somos chamados a acolher com fé: “O Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8,26-27).
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