Por: Camila Calaudiano Supervisão: Maíra Gioia
Chorar faz bem e é uma expressão da vida. Para os bebês, por exemplo, o choro é uma forma de comunicação inicial, algo como um primeiro tipo de linguagem, o que sinaliza o respiro originário da vida após o nascimento. As lágrimas são secreções formadas por água, sais minerais, proteínas e gorduras, produzidas pelas glândulas lacrimais para limpar, “muito importantes para proteger e lubrificar a superfície dos olhos.” É isso que afirma a doutora em Fisiologia Geral e professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Maria Caliman Filadelfi, que explica a fisiologia da lágrima.
Segundo ela, existem três tipos de lágrimas: as basais, uma secreção lacrimal continuamente produzida, em pequenas quantidades, para lubrificar a córnea e mantê-la livre de poeira, que também faz parte do sistema imunológico e serve de defesa contra a infecção bacteriana; as reflexivas, geradas como resultado de algum estímulo irritante, o famoso “cisco no olho”, vapores da cebola ou fragrâncias fortes, que são liberadas em quantidades maiores do que as basais e também têm o objetivo de proteger os olhos; e, por fim, as emocionais, conhecidas como “choro”, que desempenham um papel importante na comunicação das emoções, no alívio o sofrimento psíquico, estresse, da raiva, do luto e dor física etc.
Ligado a um mecanismo social na expressão de vulnerabilidade, o choro pode ser induzido por fatores diversos, incluindo os neurobiológicos e psicológicos, individuais ou sociais, razão pela qual um bom choro é terapêutico quando estamos muito nervosos.
A regulação do choro é feita por um reflexo nervoso que inclui, no comando, áreas do chamado “cérebro emocional” ou, conforme o termo técnico, sistema límbico, que inclui algumas regiões localizadas abaixo do córtex cerebral. “É importante sabermos que chorar nos ajuda a aliviar a tensão e a dor, sendo um sinal externo do nosso estado emocional interno e, portanto, o choro não deve ser reprimido”, aponta a doutora.
“Na clínica o choro ocupa o lugar de expressão do sofrimento. O choro ocupa esse lugar de dor. A comunicação de uma dor, de um sofrimento que é muito difícil de colocar em palavras, às vezes. Muita gente sente um alívio depois de chorar”, diz a psicóloga e psicanalista, formada na UFPR, Mariana Melli.
Na vida adulta torna-se comum evitar a prática. E isso é resultado de um longo processo de “engole o choro”. Muitas vezes, chorar pode ser visto como um sinal de fraqueza, e se torna mais conveniente evitar o sofrimento, dar conta do trabalho e das demandas da vida adulta.
Juliana Bucaneve Schaitza é médica formada pela Universidade Positivo, com residência em Pediatra e em Neonatologia pelo Hospital de Clínicas da UFPR. Ela comenta que, para a família, o choro funciona como um fator muito angustiante. Quase sempre os familiares vão entender o choro como uma expressão de dor ou sofrimento. Então, muitas vezes eles não entendem, “que o choro do bebê é uma forma de comunicação”, declara a médica.
Sendo assim, chorar é necessário para manter o equilíbrio emocional e psicológico, pois o choro tem uma função fisiológica, e emoções não processadas podem ser um caminho para depressão e outros distúrbios psicológicos.
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