Ao narrar o nascimento de Jesus, o Evangelho segundo São Lucas não menciona a presença de animais na cena do Natal, mas afirma que Maria “deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. ” (Lc 2,7). O texto bíblico também relata a presença dos pastores, que cuidavam de seus rebanhos nas proximidades de Belém.
Ainda assim, desde os primeiros séculos da tradição cristã, os presépios costumam incluir animais como o boi, o burro e as ovelhas. Essa presença não está de forma literal da narrativa bíblica, mas de uma leitura teológica e simbólica.
Em artigo publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Justino de Medeiros Silva, Arcebispo Metropolitano de Goiânia (GO), explica que “todo presépio inclui as figuras de animais”. Essa representação está ligada à compreensão de que o mistério da Encarnação está em profunda sintonia com o mistério da criação.
Papa Francisco, na carta apostólica Admirável Sinal, recorda que a origem do presépio remonta a São Francisco de Assis. As fontes franciscanas narram que, em Greccio, o santo quis representar o nascimento de Jesus “tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro”, para tornar visível a humildade extrema do Filho de Deus.
“Desde então, dos mais simples aos mais sofisticados presépios não pode faltar a presença dos animais, mormente o boi e o burro. O mistério da Encarnação está em profunda sintonia com o mistério da criação”, escreveu Dom João Justino. Naquela noite santa, não estavam apenas Maria e José diante do Menino. Havia também a estrela no céu, o frio da noite, o fogo que aquecia, os pastores e, inevitavelmente, o ambiente próprio de um local onde se guardavam animais.
Embora a Bíblia não descreva o boi e o burro ao lado da manjedoura, a tradição cristã compreende que aquele espaço de pobreza e simplicidade, onde Deus se fez homem, estava inserido na realidade da criação. Além disso, pastores não andavam sozinhos, pois cuidavam de rebanhos.
No nascimento de Cristo, toda a criação é convidada a participar da paz que Deus oferece à humanidade. O presépio nos ensina a contemplar o essencial, o Deus que se faz pequeno, acolhido no seio da criação que Ele mesmo criou.
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