Rezar pelos falecidos é um ato de fé que atravessa séculos na Igreja. No Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, católicos lembram, intercedem e oferecem orações pelos que já partiram.
E por que rezar por quem já morreu, se Deus já os julgou? A resposta está na doutrina da Igreja, na Sagrada Escritura e na verdade que professamos no Credo.
Já no Antigo Testamento, o livro dos Macabeus narra que Judas Macabeu ofereceu sacrifícios pelos soldados mortos “para que fossem absolvidos dos pecados” (2Mc 12,45).
A prática foi assumida pelos primeiros cristãos e está na liturgia da Igreja desde os primeiros séculos. Nas catacumbas de Roma, inscrições pedem orações “pela alma de…”.
O Catecismo confirma essa verdade de fé:
“Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, sobretudo o sacrifício eucarístico, para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus.” (CIC 1032)
A doutrina católica ensina que existe um estado de purificação chamado purgatório, destinado aos que morrem em amizade com Deus, mas ainda carregam marcas do pecado. Não é castigo nem “lugar de terror”. É expressão da misericórdia divina. Santo Agostinho dizia que Deus não queima quem ama, mas purifica para tornar digno do Céu.
“Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão totalmente purificados, passam por uma purificação final, para alcançar a santidade necessária para entrar no céu”(CIC 1030).
Por isso, as orações dos vivos ajudam os falecidos, porque todos pertencemos ao mesmo Corpo: a Igreja.
No artigo “Rezar pelos mortos: compromisso de fé”, o Cardeal Orani João Tempesta explica que orar pelos falecidos é expressão de amor e solidariedade:
“As orações, na intenção das pessoas que já faleceram, são expressão da ligação e do amor que temos para com elas. Para o amor, a morte não é um limite”.
Ele recorda que essa prática está ligada à comunhão dos santos, que une a Igreja peregrina (vivos), padecente (almas em purificação) e triunfante (santos no Céu).
E faz um esclarecimento essencial:
“Fique claro que não nos comunicamos com os mortos, mas fazemos comunhão com eles por meio do amor e da oração. Nós amamos na terra, eles nos amam no céu”.
Ou seja, católicos não invocam espíritos, eles intercedem por almas que ainda estão a caminho da plena vida em Deus.
Por que rezar, então? Porque a caridade cristã não termina no túmulo, a morte não rompe os laços do Corpo de Cristo, o bem que podemos fazer por alguém não acaba quando ele parte.
Como ensina Dom Orani, “rezar pelos mortos é expressão da nossa comunhão. Continuamos lembrando deles, não os abandonamos, o consideramos parte de nós”.
A Igreja concede indulgência plenária aplicável aos falecidos para quem, entre os dias 1º e 8 de novembro, visitar um cemitério e rezar — mesmo mentalmente — pelos defuntos, unindo-se aos sacramentos (confissão, comunhão e oração pelo Papa).
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