Quando o cardeal norte-americano Robert Prevost foi eleito como o novo sucessor de São Pedro, adotou um nome que imediatamente despertou a curiosidade e admiração dos fiéis: Leão XIV. Na Igreja Católica, o nome pontifício expressa uma missão espiritual, uma inspiração profunda e como pretende estar à frente da Igreja.
Segundo a tradição e declarações do próprio novo Papa, a escolha homenageia especialmente dois grandes pontífices: São Leão Magno (Leão I) e Leão XIII, ambos referências decisivas na história da Igreja.
Leão I (pontificado: 440-461) é um dos mais célebres Papas da história, conhecido como “Magno” – o Grande. Foi proclamado Doutor da Igreja e é lembrado por sua profunda sabedoria teológica e sua coragem pastoral.
Entre seus feitos está o episódio, quase lendário, em que enfrentou Átila, o Huno, em 452, quando conseguiu dissuadi-lo de invadir Roma.
Mas sua maior contribuição foi doutrinária: em meio a grandes heresias cristológicas da época, Leão I escreveu o famoso “Tomo a Flaviano”, que se tornou um dos pilares dogmáticos do Concílio de Calcedônia (451). Nesse documento, defendeu com clareza a doutrina da Igreja sobre a dupla natureza de Cristo: verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Sua visão pastoral e teológica consolidou o papel do Bispo de Roma como centro da unidade e da ortodoxia católica. Não por acaso, São Leão Magno é lembrado como modelo de fortaleza, clareza doutrinária e amor à Igreja, valores que certamente inspiraram Leão XIV.
Foto: reprodução
Outro forte inspirador é o Papa Leão XIII (pontificado: 1878-1903), considerado o “Pai da Doutrina Social da Igreja”. Em 1891, publicou a histórica encíclica Rerum Novarum (expressão em latim que significa “de coisas novas”). No documento, tratou das questões sociais surgidas com a Revolução Industrial, defendendo os direitos dos trabalhadores e a justiça social, dentro de uma visão cristã do bem comum.
Destacou-se pelo incentivo ao estudo da Sagrada Escritura e pela abertura ao diálogo com o mundo moderno, sem renunciar à fidelidade à tradição.
Leão XIII promoveu a renovação intelectual católica, especialmente com o impulso ao tomismo, a filosofia de São Tomás de Aquino, que elevou novamente como referência para o pensamento e a formação da Igreja. Assim, reafirmou que fé e ciência coexistem e combinam.
O Pontífice da virada do século XIX para o XX foi primeiro Papa a ser filmado, em 1896, e o primeiro a ter sua voz gravada, numa demonstração de entendimento entre a Igreja e o mundo moderno. Abriu o Arquivo Secreto do Vaticano para pesquisadores qualificados e fundou o Observatório do Vaticano “para que todos possam ver claramente que a Igreja e seus pastores não se opõem à ciência verdadeira e sólida” (Motu proprio Ut mysticam, 1891).
Outro aspecto marcante de seu pontificado foi a ênfase na devoção ao Espírito Santo. Em 1897, escreveu a encíclica Divinum Illud Munus, a primeira da Igreja dedicada exclusivamente à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Na passagem do ano 1899 para 1900, consagrou o novo século ao Espírito Santo. De acordo com um artigo no site da CNBB, este foi “um ato profético que, para muitos, antecipou eventos decisivos na vida da Igreja, como o Concílio Vaticano II e o surgimento da Renovação Carismática Católica”.
Papa Leão XIII foi um símbolo de equilíbrio: firmeza doutrinária e abertura pastoral; fidelidade e renovação.
Na tradição bíblica e cristã, o leão também é símbolo de coragem, majestade e vigilância. O próprio Cristo é chamado de “Leão da tribo de Judá” (Ap 5,5).
Por isso, o nome não é apenas uma referência histórica, mas um programa espiritual: conduzir a Igreja com firmeza e sabedoria, enfrentando os desafios contemporâneos, como fizeram os Papas que o inspiraram.
Desde sua eleição, Leão XIV tem manifestado o desejo de continuar as reformas de Papa Francisco e promover uma Igreja mais acolhedora, missionária e comprometida com a justiça social e a paz.
Sua escolha de nome comunica essa vocação: ser um “leão” para a defesa da fé e dos mais vulneráveis e, ao mesmo tempo, um pastor humilde, atento às necessidades espirituais e sociais do mundo atual.
Na tradição católica, o nome escolhido pelo Papa expressa devoção pessoal e uma linha espiritual e pastoral que orientará seu pontificado.
Assim como Francisco homenageou o Santo de Assis, e João Paulo II evocou seus dois predecessores, Leão XIV recorda o passado para iluminar o presente e preparar o futuro da Igreja.
Que São Leão Magno e o Papa Leão XIII intercedam por Leão XIV e por toda a Igreja, para que permaneçamos firmes na fé, alegres na esperança e perseverantes na caridade!
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