Tradicionalmente, setembro é dedicado à Palavra de Deus no Brasil. Para nós da Obra Evangelizar É Preciso, além da Bíblia, neste mês lembramos especialmente da nossa devoção ao Senhor Jesus das Santas Chagas. A Sagrada Escritura é um tesouro inesgotável de sabedoria e as Santas Chagas de Jesus, no meu entendimento, uma escola das virtudes. Por isso, sempre as apresento associadas a uma virtude.
O objetivo desta associação é para que não fiquemos apenas na dor e no sofrimento, mas possamos, pelos méritos de Jesus, merecer o céu e o convívio com Deus.
Para a Chaga da Mão Direita de Cristo, proponho meditarmos sobre a virtude da caridade. Ela não é somente o gesto de doar algo. Trata-se do amor de Deus que existe em nós e se transforma em gesto concreto. Indica também o amor com o qual nós amamos a Deus.
São Paulo cita como a maior e a mais importante das virtudes enquanto estivermos aqui na Terra, bem como após a nossa morte, porque estar junto a Deus será a nossa eterna ocupação, o que implica amá-Lo e sermos amados por Ele. A caridade permanecerá porque o convívio com Deus é a plenitude do amor (1Cor 13,4-8a.13).
A Chaga da Mão Esquerda de Jesus traz igualmente uma proposta curativa e redentora. A ela associo a virtude da mansidão, que faz parte da temperança. Ela emana do amor-caridade e é adquirida com o esforço contínuo, fruto da condição de sentir-se amado por Deus.
É impossível alguém ser manso se não passar pela redenção que, em Jesus Cristo, é sinônimo de perdão e de reconciliação. Jamais seremos pessoas mansas se não fizermos o que eu chamo de “fisioterapia da alma”, visando à santificação. Jamais teremos um coração manso se estivermos tomados por sentimentos negativos, como mágoa, raiva, ódio, ressentimento, desejo de vingança. O perdão é fundamental para a mansidão, pois ele tem o poder de curar as feridas do coração e de eliminar o desamor.
À Chaga do Pé Direito de Nosso Senhor associo a virtude teologal da fé, a qual é necessária para a salvação, como disse o próprio Jesus: “Aquele que crer e for batizado será salvo” (Mc 16,16).
Esse “crer” não se trata de acreditar simplesmente: a fé é um ato de confiança, de entrega total e absoluta; “é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê’ (Hb 11,1-3). A fé vai além da compreensão e nos impulsiona a caminhar, a buscar Deus, nos leva ao encontro com a pessoa de Jesus, a amá-Lo e nos deixar amar por Ele.
Os passos que damos na fé devem gerar em nós o compromisso com Deus, com o próximo, com a natureza e a transformar a fé em obras.
À Chaga do Pé Esquerdo associo a virtude da esperança que é incorporada por Deus à nossa alma. É por ela que temos a certeza da ajuda divina e de que alcançaremos o céu, pois, se olhássemos para a nossa miséria humana, certamente perderíamos a esperança.
A esperança está profundamente ligada à fé, pois nos leva a acreditar em algo que ainda não vemos, mas que cremos que está no futuro e acontecerá. Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, a esperança protege contra o desânimo, sustenta no abatimento, dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O ânimo que a esperança dá preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade (§ 1818).
É uma virtude que nos dá forças para recomeçar e que nos empurra para frente, enquanto as forças do mal e do Inimigo nos levam para trás, pois querem nos ver arriados. Já Deus quer nos dar asas para voarmos alto e descobrirmos que há inúmeras possibilidades. Ele é o Deus que tudo pode.
Associada à Chaga do Peito de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela é o alicerce no qual todas as outras virtudes se sustentam; sem humildade não há edificação espiritual.
A verdadeira humildade coloca-nos prontos para servir, em uma atitude de alegria, e não em busca de honras. Faz-nos gratos a Deus pelos dons que temos, levando-nos a reconhecer que tudo de bom vem d’Ele, porque Deus é o Sumo Bem, e nos dá a ciência de que as coisas ruins são fruto de nossas próprias escolhas.
Essa virtude, nos faz desejar o amor de Deus e acreditar na Providência Divina, ou seja, que tudo Deus proverá e nada poderá nos faltar.
Quanto mais humildes, mais próximos ficamos de Deus, por isso os humildes são os prediletos do Senhor. A Escritura confirma:
“Deus resiste aos soberbos, e aos humildes dá a Sua graça” (Tg 4,6).
Que o Senhor Jesus das Santas Chagas nos ajude a cultivar e vivenciar estas virtudes!
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