Endividamento e inadimplência das famílias no momento que vivemos

Endividamento e inadimplência das famílias no momento que vivemos

A pandemia do coronavírus potencializou os desafios na economia como um todo. Sabemos que para melhorá-la são necessários ajustes do governo e empresários nas suas respectivas gestões e assim retomar níveis melhores de emprego, renda e saúde, basicamente. 

Contudo, esse processo de retomada da economia leva tempo, pois depende dos esforços conjuntos de todos os agentes econômicos e políticos nas suas respectivas responsabilidades. Enquanto isso, nós que também fazemos parte do sistema econômico podemos realizar o que está a nosso alcance. 

E com o objetivo de orientá-los, aqui daremos ênfase aos reflexos na economia doméstica e ações práticas a serem implementadas imediatamente na gestão dos lares.

Neste artigo, abordaremos os temas inadimplência e endividamento, que se desdobram em diferentes aspectos nas nossas vidas e das nossas famílias.

O significado da palavra inadimplência faz referência à responsabilidade que temos em honrar os nossos compromissos financeiros como cidadãos. E podemos estender para os princípios que norteiam as nossas vidas como cristãos.

Inadimplência: “Descumprimento de um contrato ou de qualquer obrigação; descumprimento, inadimplemento.” (Dicionário Michaelis, on line)

Inadimplente: “Que ou aquele que não cumpre suas obrigações jurídicas; descumpridor. Que ou aquele que não paga suas contas ou dívidas; caloteiro.” (Dicionário Michaelis, on line)

Já o endividamento é um status financeiro fruto da utilização do crédito ao consumidor (parcelamentos, financiamentos ou empréstimos) como forma de pagamento diante do consumo. Um estágio anterior à inadimplência que ocorrerá caso não sejam pagas as parcelas das dívidas assumidas.

Percebam que o crédito tem os dois lados da moeda: positivo e negativo. Enquanto facilitador nos gastos mensais é positivo e funciona como ferramenta de ajuste no orçamento familiar. Contudo, se não controlado pela gestão mensal das despesas pode levar ao endividamento e sair do controle, gerando um problema financeiro ainda maior.

Cenário nacional refletido nos indicadores

No Brasil, existem estatísticas/indicadores de diferentes instituições que representam os lojistas, os consumidores, as indústrias, os bancos e outros. 

Ressaltamos que é importante verificar os critérios das pesquisas que levaram a tais indicadores a fim de verificar se o perfil da sua família faz parte do público analisado. 

Segundo o indicador Serasa Experian, em abril de 2021 o total de brasileiros com contas em atraso chegou a 63 milhões, uma alta de 0,7% com relação ao mês anterior. Somente neste ano são 1,6 milhão de pessoas que deixaram de pagar suas dívidas e foram negativadas.

“O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor contempla a totalidade dos consumidores brasileiros que estão em situação de inadimplência. São consumidores com pelo menos um compromisso vencido e não pago e que, por isso, tiveram o seu CPF incluído na base de dados da Serasa Experian.”

Você sabia que no site do Serasa é possível realizar a consulta gratuita ao seu CPF (Cadastro de Pessoa Física)? Este é um dos primeiros passos para quem deseja organizar as finanças, por meio da construção e execução de um plano de crescimento gradual.

Além dessa consulta, é possível ter uma página personalizada para monitorar o seu CPF e ampliar os seus conhecimentos com relação às regras de crédito ao consumidor. Nela, você terá o seu score (a pontuação utilizada pelas instituições financeiras para análise e concessão de crédito), dentre outras informações, como dívidas negativadas, avisos de dívidas, protestos, cheques sem fundos, ações judiciais, consultas em seu nome, etc.

Já a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC Confederação Nacional do Comércio (Bens, Serviços e Turismo), apresentou que em maio de 2021 o percentual de brasileiros endividados chegou a 68% do total de famílias, máxima da série histórica (iniciada em 2010). Representando alta de 0,5 ponto em relação a abril desse ano e alta de 1,5 ponto em comparação com maio de 2020, acompanhando a primeira alta, em oito meses da inadimplência. Além de outros indicadores, como: 

  • As contas em atraso representam 24,3 % do total das famílias e 10,5% não terão condições de pagar as dívidas e seguirão inadimplentes.
  • Com relação às contas em atraso (inadimplência), os dados mudam significativamente quando separados por faixas de renda: 27,1% para as famílias com renda de até 10 salários mínimos e 11,2% para as famílias com renda acima de 10 salários mínimos.
  • Já no nível de endividamento, as participações são: 29,3% destas famílias reconhecem-se pouco endividadas, 14,6% muito endividadas e 31,9% não possuem estes tipos de dívidas avaliadas.
  • Outro dado interessante é que o cartão de crédito representou 80,9% do total das dívidas das famílias da PEIC.

Os princípios da educação financeira para os ajustes nas finanças das famílias

No livro a Nova Batalha, Padre Reginaldo Manzotti dedicou um capítulo para a questão da crise financeira agravada pela pandemia da Covid-19. Nele, fala sobre a importância dos princípios da educação financeira para solução dos problemas gerados: organização e controle das contas, diante da redução da renda familiar.

Ele dá o exemplo de uma mãe de família que perdeu o emprego no início da pandemia e aplicou os conhecimentos adquiridos em um curso de bombons gourmet. Ressalta o empreendedorismo no mundo digital, que promove o acesso on-line e muitas vezes gratuito das informações necessárias para iniciar uma nova forma de gerar renda. E nisso também, as ferramentas de educação financeira serão úteis.

Perceba que o Padre Manzotti, com esse capítulo, alerta as famílias quanto à importância de reagirem à crise financeira com conhecimento e ação. E isso passa por mudanças de hábitos para redução dos gastos mensais, como já falamos no artigo do corte das despesas aqui no IDe+.

A seguir, listamos as principais orientações utilizadas em mentorias para o desenvolvimento financeiro.

Para evitar o endividamento (estágio que antecede o da inadimplência)

  1. Identifique o tipo de endividamento que representa a maior parcela da renda mensal da sua família.
  2. Os parcelamentos de qualquer natureza (cartão de crédito ou boleto, cheque pré-datado, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) devem representar no máximo 15% da renda da família. 
  3. Acompanhe os aumentos nos preços dos produtos que compõem a cesta básica da sua família. Em tempos de crise, em geral, os preços desses produtos elevam enquanto a sua renda até diminui (desemprego ou redução das horas trabalhadas)
  4. Realize o corte das despesas mensais, a fim de garantir que o saldo (renda menos despesas) no final do mês seja positivo ou no máximo zero. 

Assim como, algumas medidas a serem adotadas, para que não ocorra o efeito “bola de neve”, que em geral levará à inadimplência. 

O efeito “bola de neve” pode ser definido como o aumento “acelerado” das dívidas, dificultando ainda mais as respectivas liquidações.

  1. Pague as parcelas das dívidas em sua totalidade e nos respectivos prazos.
  2. Caso tenha que refinanciar um empréstimo, procure um profissional de finanças que não seja da instituição que o concedeu. Assim, você garantirá uma análise isenta e favorável à sua situação no momento.
  3. Cuidado com a solução do aumento na quantidade das parcelas do empréstimo e respectiva redução do valor, que em geral ocasionará o efeito “bola de neve”. 
  4. Procure artigos de orientação para liquidação das dívidas, como por exemplo no site oficial do Serasa. A seguir dois links para facilitar o acesso.

Consulta à situação do seu CPF: https://www.serasa.com.br/ensina/consultar-cpf-e-score/consultar-cpf-gratis/

Monitoramento do seu CPF e saber o score de crédito: https://www.serasa.com.br/area-cliente/meu-cpf 

Em ambos os estágios do endividamento, desconfiem das soluções dos recursos “mágicos” para a solução!

Caso você já esteja inadimplente, procure os órgãos oficiais, como o Serasa, que analisará a sua dívida e orientará quanto à respectiva solução.

Esperamos ter ajudado com as informações deste artigo. Se desejarem mais algum esclarecimento de algo, deixe nos comentários do post no Instagram IDe+.

Ah! Não menos importante recorramos às orações que nos conectam com Deus, dando-nos discernimento para seguirmos o melhor caminho em nossas vidas. No capítulo 7 do livro A Nova Batalha, do Padre Reginaldo Manzotti, têm o salmo 143 e a oração a São José, que são maravilhosos para nos fortalecer no caminho a seguir para uma vida financeira equilibrada. 

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