A resposta a essa pergunta não é curta, muito menos uma mera imposição. Ela tem bases e argumentos sólidos, os quais podem levar à reflexão para quem busca a santidade, que é um chamado exclusivo para os seres humanos, uma vocação que reflete a capacidade única de responder ao amor de Deus com consciência e vontade.
A santidade é um estado de graça e virtude alcançável por meio do livre arbítrio, da relação pessoal com Deus, e da prática de uma vida moral e virtuosa. A Igreja baseia a exclusividade da santidade humana em questões fundamentais:
Uma história muito famosa é a do cachorro Guinefort, um galgo venerado como Santo na França medieval. Segundo a lenda, o cachorro pertencia a um cavaleiro francês. Um dia, o cavaleiro deixou seu filho pequeno sob a guarda do cão e, ao retornar, encontrou a sala revirada, o berço do bebê tombado e Guinefort com a boca ensanguentada. Ele supôs que o cão tivesse atacado seu filho e matou Guinefort. Logo depois, descobriu a criança ilesa e uma grande cobra morta perto do berço. Assim, percebeu que o cachorro havia protegido o bebê da cobra.
Após a morte do cão, a família enterrou Guinefort e plantou árvores ao redor de sua sepultura, criando um local que parecia um santuário improvisado. A notícia dos feitos heroicos do cão se espalhou, e a população local começou a venerar Guinefort como um santo, acreditando que ele realizava milagres, especialmente em casos relacionados à proteção de crianças.
Esse comportamento foi formalmente condenado pela Igreja no século XIII, por meio do religioso Stephen de Bourbon. Em seus escritos, especialmente no “De Supersticione”, ele relatou detalhadamente a descoberta do culto ao cachorro e as medidas tomadas para erradicá-lo. Condenou a veneração como superstição e heresia e ordenou a destruição do santuário onde Guinefort era venerado. Stephen de Bourbon argumentou que a veneração de um animal, mesmo um que supostamente havia realizado atos heroicos, era contrária à fé cristã e às doutrinas da Igreja sobre a santidade. Então, fez esforços para educar a população local sobre isso e de que apenas seres humanos são criados à imagem de Deus, dotados de livre-arbítrio, e capazes de uma relação consciente e pessoal com o Criador.
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