Em 15 de novembro de 1889, o Brasil deu um passo histórico ao proclamar a República. Encerrou mais de seis décadas de regime monárquico, que começou em 1822 com a independência de Portugal. A transição, liderada por um grupo de militares e civis insatisfeitos com o governo imperial é marco na história do país e foi retratada por diversos historiadores como Boris Fausto, que também era cientista político, e escreveu “História do Brasil”, que teve a primeira edição em 1994.
Como mostra a obra, a Proclamação da República no Brasil foi o resultado de um contexto histórico complexo e repleto de descontentamento em relação ao governo imperial. A monarquia, liderada por Dom Pedro II, enfrentava crescentes insatisfações. Questões políticas, econômicas e sociais, como a centralização do poder nas mãos da monarquia, o regime escravista que persistiu até 1888 e a falta de reformas políticas se somavam a outras reclamações que levaram à mudança.
Os líderes da Proclamação eram principalmente militares, como o Marechal Deodoro da Fonseca e o Marechal Floriano Peixoto, que lideraram um grupo de militares e civis com a justificativa, à época, de que que a transição para uma república era necessária para modernizar o Brasil e superar os desafios enfrentados.
Foi nesse contexto que aconteceu a Proclamação da República, no Rio de Janeiro, então a capital do Brasil, quando as forças republicanas marcharam pelas ruas da cidade e proclamaram o fim da monarquia. Dom Pedro II foi exilado e a era monárquica chegou ao fim.
É importante destacar que a adoção da monarquia no Brasil, após sua independência de Portugal em 1822, representou uma continuação em relação a Europa, ao contrário dos demais países da América Latina que optaram por sistemas republicanos. Enquanto as nações vizinhas decidiram romper com as monarquias europeias, o Brasil manteve uma monarquia que estava alinhada ao império português. A monarquia brasileira estava vinculada à Casa de Bragança e à monarquia portuguesa, e tinha Dom Pedro I tanto como imperador do Brasil quanto rei de Portugal por um breve período.
A Proclamação marcou o início de um período conhecido como a “Primeira República” no Brasil, caracterizado por mudanças políticas, instabilidade e uma série de governos provisórios. Diversas constituições foram promulgadas e o país enfrentou desafios como a Revolução Federalista e a Guerra de Canudos.
Apesar dos avanços políticos, de infraestrutura e jurídicos, sobre esse período, a historiadora e socióloga Maria Isaura Pereira de Queiroz destacou as tensões sociais e as revoltas (como Canudos) que marcaram a Primeira República no Brasil. Maria Isaura acrescenta que essas instabilidades foram motivadoras e perpetuadoras de desigualdades sociais no país. O historiador Raymundo Faoro, no livro “Os Donos do Poder”, argumenta que a transição para a república resultou em uma oligarquia no Brasil, na qual um pequeno grupo de elites dominava o poder político e econômico, o que fortaleceu as desigualdades sociais.
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