Você sabia que o maior presépio a céu aberto do mundo fica no Brasil?

Na Serra do Espinhaço, no Norte de Minas Gerais, um cenário natural de pedras inspirou a criação de uma das obras religiosas mais impressionantes da América Latina. Em Grão Mogol, conhecida como a “cidade das pedras”, está o Presépio Natural Mãos de Deus, reconhecido como o maior presépio permanente a céu aberto do mundo. Com 3,6 mil metros quadrados, o complexo transforma a paisagem da serra em um grande símbolo da fé cristã e do mistério do Natal.

A tradição cristã de montar presépios, iniciada por São Francisco de Assis em 1223, representa o nascimento de Jesus em Belém e recorda ao cristão a simplicidade com que Deus entra na história humana. Em Grão Mogol, essa tradição ganhou escala monumental  e o cenário natural se tornou  um ícone do próprio Evangelho.

A obra foi idealizada pelo empresário mineiro Lúcio Marcos Bemquerer, natural da cidade, que passou cerca de 20 anos longe de sua terra. Ao retornar, comprou uma casa centenária com vista privilegiada para um paredão de pedras da Serra do Espinhaço. Diante daquelas formações rochosas, percebeu que era como se a própria natureza já revelasse a imagem do presépio. Assim nasceu o nome Mãos de Deus.

Foto: reprodução site Arquidiocese de Montes Claros

Movido por essa inspiração, Bemquerer adquiriu seis lotes para erguer o complexo. O presépio impressiona pelas dimensões: 72 metros de frente, 50 de profundidade e 30 metros de altura, integrando a construção às rochas originais da serra. São 15 imagens em tamanho natural, feitas em pedra-sabão ou moldadas em cimento, assinadas pelos artistas mineiros Edson Novaes e Antônio da Silva Reis. Algumas esculturas chegam a pesar até 800 quilos.

Inaugurado em 9 de dezembro de 2011, o presépio custou quase um milhão de reais. Após a morte de Bemquerer, em 2021, foi doado à Arquidiocese de Montes Claros, que hoje cuida do espaço. A visitação é aberta durante todo o ano, e tem um valor simbólico de R$ 5.

Foto: reprodução

Percurso do Natal

O percurso interno segue momentos essenciais da narrativa do Natal. A entrada apresenta o Anjo Gabriel, posicionado sobre uma grande rocha, que recorda a Anunciação. À frente, surgem os três reis magos esculpidos em pedra-sabão. À esquerda, há uma sala ecumênica, buscada por visitantes para oração silenciosa. À direita, está a gruta da manjedoura, uma lapa natural onde repousa a imagem do Menino Jesus, acompanhada pelo pastorzinho, pelo boi e pelo burro.

Mais adiante, aparece a sala de prece dedicada a Nossa Senhora das Graças e, no ponto mais alto, o mirante com uma das vistas mais amplas da Serra do Espinhaço. Entre as figuras representadas está São Francisco de Assis, que lembra o criador do primeiro presépio da história, em Greccio (Itália).

Foto: reprodução site Arquidiocese de Montes Claros

A repercussão espiritual da obra ultrapassou fronteiras. Lúcio Bemquerer recebeu uma carta do Papa Francisco, que enviou bênçãos ao idealizador e aos visitantes, sinal da importância da iniciativa, que chegou ao Vaticano. O presépio é uma obra que une fé, natureza e identidade local.

Grão Mogol preserva ainda um valioso patrimônio cultural. Seu centro histórico é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e conserva construções de pedra que remetem ao período colonial, como a Igreja Matriz de Santo Antônio. A região também atrai visitantes por suas cachoeiras cristalinas e por uma peculiar produção local de vinho merlot, que se desenvolveu graças ao clima e ao solo da serra.

Essa união entre arte, fé, cultura e natureza faz do Presépio Natural Mãos de Deus uma experiência que vai além da contemplação. O presépio proporciona a beleza do nascimento de Cristo, que ilumina todos os lugares.

Foto: reprodução site Arquidiocese de Montes Claros