O que é a Economia Solidária e como ela pode mudar nossas vidas

O que é a Economia Solidária e como ela pode mudar nossas vidas

No dia 15 de dezembro, comemoramos o Dia Nacional da Economia Solidária. Essa data foi escolhida por ser o dia do nascimento de Chico Mendes, ativista político e ambientalista que lutou pela preservação da floresta amazônica, fonte de subsistência dos seringueiros que vivem na região. Mas você sabe do que trata a economia solidária?

O diretor da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência de Salvador (SECIS), Ivan Euler Paiva, nos explica: “economia solidária é um modelo de produção pautado em princípios de cooperativismo e autogestão, possibilitando reduções de desigualdades sociais e distribuição de renda”.

Segundo ele, na economia solidária, a competitividade é repensada, priorizando-se o desenvolvimento sustentável, o respeito ao meio ambiente, a solidariedade e a justa distribuição dos ganhos. “Os rendimentos são partilhados entre todos os integrantes da iniciativa, assim como os conhecimentos e as informações sobre o que está sendo produzido e como está sendo produzido. Existe uma valorização do sentido de comunidade e compromisso com o coletivo”, diz.

A economia solidária também tem como fundamento o respeito ao meio ambiente, a partir de uma relação de troca sustentável e saudável para o Planeta, os seres humanos e todas as formas de vida. “Esse modelo econômico tem a potencialidade de tornar o mundo um lugar melhor, por fundamentar-se em princípios de sustentabilidade, cooperação, solidariedade e justiça social, proporcionando a redução de desigualdades sociais e desenvolvimento econômico sem que seja necessário renunciar a liberdades individuais e noções de comunidade e respeito ao próximo”, ressalta Ivan.

Luiz Dionizio Bach e Luiz Panhoca, coordenadores da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/UFPR), nos contam que a economia solidária começou, na verdade, no final da década de 1990, voltada para a resolução da falta de trabalho. “Ela permite a sobrevivência das famílias em tempos de baixa do mercado e da oferta de emprego”, destacam os pesquisadores.

O ITCP/UFPR atua no Paraná e busca o desenvolvimento de regiões onde há desemprego e acontecem as maiores causas da pobreza. “A economia solidária surge como estratégia de inclusão econômica e social. Oferece um caminho com potencial para o desenvolvimento, em especial o local. A questão é resolver o problema da sobrevivência do ser humano.”

Como funciona, na prática? Em um projeto baseado na economia solidária, não há um “patrão”, nem “empregados”: todos são, ao mesmo tempo, trabalhadores e donos do negócio. Ela também envolve um “jeito de agir”, onde se busca consumir produtos locais, que não agridam a natureza e que sejam benéficos à saúde.

Outro projeto voltado a formar, organizar e potencializar empreendimentos econômicos e solidários em cadeias produtivas é o Projeto Redes de Cooperação Solidária, da Caritas Brasileira, organismo da CNBB voltado a ouvir respeitosamente o sofrimento dos empobrecidos e dos que estão em situação de vulnerabilidade, favorecendo ferramentas para transformar suas vidas. Além do Projeto, a Caritas ainda atua no Fórum Brasileiro de Economia Solidária e apoia a Articulação Brasileira da Economia de Francisco.

Marcela Vieira, assessora nacional da Caritas Brasileira, nos conta como a cooperação solidária “vem desencadeando micrrorrevoluções nos locais onde estão os grupos organizados. É uma alternativa de organização local, para produção, comercialização, consumo, visando à geração de postos de trabalho e renda”, diz.

Incubadoras

Um modo de iniciar um projeto de economia solidária é por meio de uma incubadora, ambiente criado especialmente para dar suporte a uma ideia de negócio, que oferece apoio para que o projeto se concretize.

As Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares (ou ITCPs), como a da UFPR, são um programa de extensão universitária, que trabalha para melhorar a vida de pessoas excluídas a partir da sua inclusão produtiva. São camponeses, pequenos prestadores de serviços, catadores de material reciclável, dentre outros. Eles são organizados em cooperativas e apoiados com treinamento e qualificação.

Os coordenadores da ITCP/UFPR nos relatam como o programa contribui na formação dos alunos da instituição: “Colocamos os alunos em contato com a realidade e, na medida do possível, atendemos às demandas de grupos cooperativos formais ou informais”.

Já a IN PACTO, em Salvador, visa apoiar não somente projetos de economia solidária, mas ideias e negócios de impacto social positivo em geral que contribuam com a resolução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Marcela Vieira nos lembra como podemos enxergar no consumo consciente uma forma de afirmar os nossos valores cristãos. “Na maioria das vezes, fomentamos a organização dos grupos de economia solidária, mas pouco consumimos destes grupos.” Ela registra que se pudermos nos voltar para a organização local e para o fortalecimento de espaços de convivência onde as práticas e vivências da economia solidária possam ser trabalhadas, essa será mais uma forma de conectar os nossos valores “em prol da vida e da casa comum”.

Todos, sem exceção, podem apoiar o desenvolvimento e a emancipação da economia solidária: mudando os hábitos de consumo, contribuindo com as cooperativas de coleta e reciclagem, comprando nas feiras de agricultura familiar e agroecologia, entre outras formas.

A sociedade precisa de uma forma diferente de desenvolvimento, com um mundo construído com cooperação, preservação ambiental e solidariedade. A economia solidária permite que mesmo os mais excluídos e vulneráveis, ao se organizarem de forma coletiva, possam gerir seu trabalho, se sustentar e, de quebra, transmitir bons exemplos e bons valores.

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