A força da identidade

A força da identidade

“Todos nascem originais, mas muitos morrem como fotocópias.”

A frase acima é atribuída ao beato Carlo Acutis, adolescente católico que será canonizado em setembro. A ideia de “morrer como fotocópia” foi combatida pelo jovem, que expressou a sua originalidade e não aceitou os padrões do mundo.

Infelizmente, a maioria dos jovens copia as modas da sociedade e as outras pessoas sem questionar o verdadeiro sentido da vida. Carlo Acutis manifestou a sua autenticidade porque seguiu o caminho da pureza e da santidade, ainda que os indivíduos da sua geração estivessem afastados desse caminho.

No meu artigo, vou refletir sobre a importância de ser uma pessoa original para honrar a missão que Deus colocou no seu coração. Em um mundo cheio de vozes e de influências (sociais e digitais), manter-se fiel à identidade é uma atitude de heroísmo.

As impressões digitais apontam o caminho da identidade

A identidade é a reunião de características únicas e exclusivas que diferencia uma pessoa da outra. Podemos dizer que, sob a perspectiva da fé, ela é uma bênção de Deus e uma das provas da Sua existência.

Se o ser humano fosse fruto do acaso, talvez todas as pessoas fossem iguais e “robotizadas”. Seríamos isentos de identidade, reflexões morais, anseios e aspirações próprias. A alma, essa parte cheia de mistério que compõe o nosso interior, não existiria.

Contudo, somos frutos da criação de Deus. E um belo paradoxo d’Ele é a manifestação da Sua grandeza nos mínimos detalhes. Precisamos “treinar” os nossos olhos para que vejam as maravilhas e a beleza da criação. O corpo humano, a natureza, os animais, as flores e as estrelas possuem características únicas e incríveis.

Infelizmente, já estamos acostumados a ver a existência sob as lentes da “normalidade”. Logo, a maioria das pessoas não se encanta diante do mistério da vida nem percebe o quanto ela é especial.

Há detalhes do corpo humano que não poderiam ser manifestações do acaso. Com o olhar mais atento, somos capazes de perceber que Deus deixou sinais e recados até mesmo no nosso corpo. Por exemplo, as impressões digitais demonstram padrões únicos formados pelas elevações da pele nas pontas dos dedos. Tais padrões são diferentes para cada indivíduo (até mesmo entre gêmeos univitelinos).

No estudo do Direito, descobrimos que as impressões digitais são fundamentais para os sistemas de segurança e para as investigações criminais. É possível descobrir quem cometeu um crime pela identificação delas.

Diante dessas informações, ganhamos algumas reflexões filosóficas sobre elas além do campo jurídico. O que estamos fazendo no mundo? As mãos humanas têm deixado rastros de amor ou de ódio na sociedade? Identificamos mais crimes do que boas ações?

Podemos meditar mais sobre o assunto. O que estamos fazendo com a nossa identidade? Valorizamos as nossas características únicas? Investimos em autoconhecimento? Vivemos em uma sociedade que valoriza a personalidade de cada um?

As redes sociais e a perda da identidade

Infelizmente, observamos um momento triste. As redes sociais “robotizaram” muitas pessoas, as quais desistiram da própria personalidade em busca de validação externa. Milhares de indivíduos seguem modas duvidosas e compram produtos desprovidos de importância apenas pela fama. Costumes estranhos aparecem na sociedade quando a maioria das pessoas não tem segurança na própria identidade.

Em busca de popularidade, muitos indivíduos copiam as modas da sociedade, os costumes dos influenciadores digitais e compram os produtos mais vendidos do planeta sem a devida reflexão. A maioria das pessoas perdeu a identidade e o senso crítico, porque vive de acordo com o mundo e não de acordo com a alma.

Será que comprar um objeto apenas por sua popularidade vale a pena? Será que copiar uma pessoa famosa é aceitável? Será que desistir dos próprios anseios para ganhar visibilidade é bom? Nenhuma dessas opções vale a pena, porque seguir as modas mundiais não preenche o vazio do ser humano.

A liberdade de ser quem você é

É preciso ser forte por dentro para “nadar contra a corrente” e viver de acordo com a verdade do coração. A maior liberdade consiste em desistir do orgulho e das competições mesquinhas da sociedade para viver uma existência baseada no “ser”. A resposta da busca pela felicidade não está no verbo “ter”, mas no verbo “ser”. Somente uma vida que corresponde à verdade do coração pode ganhar um significado e vencer o vazio.

O prazer momentâneo de possuir o que está na moda é pequeno demais diante da plenitude interior de uma vida autêntica e alinhada com a sua verdadeira identidade. Uma pessoa não precisa ter o carro da moda nem fazer a viagem que todos gostam para ser feliz, mas ouvir o seu coração a fim de descobrir o que realmente corresponde ao seu gosto. É totalmente desnecessário competir com os outros ou correr para alcançar as mesmas coisas que eles, pois cada ser humano é único.

O sal da terra e a luz do mundo

Enquanto a busca desesperada pela visibilidade social corresponde ao pecado do orgulho, a autoestima saudável representa o acolhimento das nossas preferências e a serenidade presente na aceitação da nossa identidade. Essa serenidade permitirá o surgimento de bons sentimentos: humildade genuína, tolerância em relação às características peculiares dos outros e amor ao próximo. Num mundo repleto de cópias e isento de sabor, o cristão é convidado a manifestar a sua autenticidade e a ser o “sal da terra”.

“Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (São Mateus 5,13-16).

O católico tem o privilégio de estar no mundo sem pertencer ao mundo. Somos chamados para a realização de planos maiores. Sendo assim, se o mundo está cheio de escuridão, esse é o momento ideal para o cristão manifestar a luz.

Em uma sociedade que perdeu o bom senso com modismos estranhos, necessitamos da luz de Cristo para rejeitar os falsos valores e defender os valores cristãos. Os costumes da sociedade são efêmeros, mas os ensinamentos de Jesus são eternos.

Enquanto a maioria das pessoas abandona a sua identidade e as reflexões sobre a alma para investir apenas nas expectativas ilusórias da sociedade, quem tem fé sabe que Deus colocou um propósito por trás das suas características únicas. Não desperdice os dons únicos que estão presentes no seu interior por medo de ser diferente, porque a vida é passageira e não pode ser desvalorizada por qualquer tipo de insegurança. Lembre-se de ter fé para superar os seus medos.

A fé aumenta a autoestima e a autoconfiança, já que passamos a ter segurança na origem divina da nossa existência e não nos padrões mundanos. A consciência tem mais mérito do que qualquer moda. Afinal, a salvação da alma vale muito mais do que o mundo. No Evangelho, encontramos uma reflexão muito importante (São Marcos 8,36): “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”

Não tenha medo de seguir o chamado divino presente no seu coração e a sua verdadeira identidade. É interessante imaginar que, quando Deus criou cada ser humano com impressões digitais únicas, Ele quis que esse detalhe da criação representasse a importância da individualidade.

Desse modo, nenhum filho de Deus pode perder a sua essência para imitar as modas do mundo. Nos tempos atuais, é importante estar ainda mais vigilante para não sacrificar a consciência em troca de seguidores nas redes sociais.

Às vezes, uma pessoa imita as outras em busca de uma falsa sensação de pertencimento à sociedade ou para não encarar a solidão existencial diante da percepção das suas características particulares. O caminho da autenticidade parece solitário e exige coragem para seguir a voz do coração no lugar das vozes mundanas. Acontece que, depois de um longo tempo de autoconhecimento, reflexão e solidão, esse caminho traz bons frutos.

Muito embora essa jornada seja solitária no início, o indivíduo autêntico atrairá amigos verdadeiros e novos admiradores, os quais gostarão dele por quem ele é e não por aquilo que ele tem. Quem tem segurança na própria identidade ganha força e ilumina a vida das outras pessoas com a generosidade que brota do seu coração.

Quando o ser humano percorre um caminho repleto de máscaras sociais, imitações e modismos, perde a direção e encontra o abismo. Entretanto, a existência ganha sentido quando alguém decide defender os seus princípios. Um cristão verdadeiro e que reconhece o valor da sua identidade é o sal da terra e a luz do mundo.

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