A importância e o poder de saber esperar

Quando nascemos, ansiamos pelo acolhimento de nossas mães, por deixar de sentir frio, medo, pelo alimento que nos sacie a fome, por algo que evite a nossa dor. Não compreendemos o mundo e choramos até conseguirmos aquilo de que precisamos.

Aprender a esperar é um passo importante do nosso amadurecimento. Ao longo da vida, vamos percebendo a necessidade de desenvolver esta virtude para conseguir ultrapassar os maus momentos, procurando ser forte e perseverante mesmo diante das adversidades.

Saber esperar é uma luta interna, em que o indivíduo batalha contra algo dentro de si mesmo. Diferente do que parece, é um ato que exige força e coragem imensas.

Nos dias de hoje, a espera é das coisas menos cultivadas, principalmente entre os mais jovens. Todos estão sempre pensando no futuro e buscando movimentar-se continuamente, produzindo sem parar, opinando sem refletir, decidindo sem ponderar.

A dificuldade de ser paciente, no entanto, acaba por trazer muito sofrimento. Na ânsia de conquistar o que idealiza para o futuro, a pessoa se torna incapaz de desfrutar o agora, o processo de construção e idealização dos seus sonhos. Além disso, quando obtém algo diferente do que planejava, tampouco sabe ser grata pelo resultado dos seus esforços: ao contrário, se sente insatisfeita, pronta para mais uma vez movimentar-se buscando outras metas.

Imagine-se em uma roda gigante. Ela gira devagar, para que cada pessoa em cada cadeirinha possa ir admirando os ângulos da paisagem. Agora imaginem o que aconteceria se uma das pessoas nessa roda gigante, pouco depois de sair do solo, começasse a ansiar pelo momento em que voltaria ao chão. Seu passeio teria sido pouco divertido. Da mesma forma, seria péssimo se girássemos a roda muito rápido, fazendo com que todos se sentissem nauseados e não pudessem admirar a paisagem.

A vida sem paciência é essa roda gigante onde não há bem-estar. Se não esperamos o tempo certo para que as coisas aconteçam, deixamos de aproveitar o passeio e viver as expectativas; se forçamos as coisas a andarem rápido demais, adoecemos nosso corpo e gastamos nosso tempo à toa.

Tudo que realmente vale a pena ser vivido será melhor aproveitado se exercitarmos, no curso, a paciência. Será assim ao conhecer alguém especial com quem desejamos ter um relacionamento, nas oportunidades do trabalho, nas habilidades que gostaríamos de desenvolver. Todo sonho que se deseja realizar pede que tenhamos paciência, tempo e dedicação para que eles aconteçam da melhor forma.

O imediatismo cultivado hoje está afetando a saúde e a alma das pessoas, que vivem angustiadas por não serem capazes de acelerar o tempo. Também não conseguem parar um pouco e fazer uma coisa de cada vez. Elas correm, somente, sem respeitar o tempo de Deus, e se frustram quando não são capazes de alcançar o que buscam no prazo planejado. Esquecem que o tempo não lhes pertence, e deixam de aproveitar o que está ao seu alcance.

A paciência, mais do que um meio de se conseguir o que se quer, é uma atitude importante para viver em paz o momento, com os amigos, filhos e com a comunidade; para cultivar o respeito e estar em harmonia com o próximo.

Em seu livro Feridas da Alma (Ed. Nova Fronteira), Padre Reginaldo Manzotti diz:

“Em geral, as pessoas possuem uma visão deturpada sobre o sentido da paciência, como se fosse um esperar sem razão. Não. Paciência é o tempo de refletirmos e de nos encontrarmos. É o tempo de Deus nos curar. Por isso, muitas coisas não deveriam ser ditas, muitas atitudes não deveriam ser tomadas. Muitas feridas não teriam sido causadas se fôssemos mais pacientes”.

No Ângelus de 29 de novembro de 2020, Papa Francisco também nos lembra que quem saber esperar na fé em Deus, nunca se desilude. “Ele não desilude a nossa expectativa! O Senhor nunca desilude! Talvez nos faça esperar, nos faça esperar alguns momentos na escuridão para fazer amadurecer a nossa esperança, mas nunca desilude. O Senhor vem sempre, está sempre ao nosso lado. Às vezes, não se manifesta, mas vem sempre”.

O Santo Papa lembra as palavras do Salmo 32,20-21: “A nossa alma espera no Senhor, porque Ele é o nosso amparo e o nosso escudo. É n’Ele que se alegra o nosso coração”. Recorda, ainda, que ter confiança no Senhor e saber esperar faz encontrar alívio e coragem nos momentos sombrios da existência.

“E de onde brotam esta coragem e esta aposta confiante? De onde brotam? Nascem da esperança. E a esperança não desilude, é a virtude que nos leva em frente, em vista do encontro com o Senhor”.