A padroeira da TV viveu uma “transmissão” 700 anos antes do equipamento ser criado

A televisão foi um dos grandes inventos do século XX e responsável por mudar a forma de se comunicar com as massas e a rotina de milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo. Apesar de ser um invento recente, quando se pensa na história da humanidade, e precisar estar sempre atual, a TV tem como padroeira uma santa que viveu num tempo distante da sua criação.

Trata-se de Santa Clara, que nasceu em Assis em 1193, bem antes da primeira televisão dar as caras. No tempo de Clara, os meios de comunicação existentes eram as praças públicas e os púlpitos das igrejas. Trovadores também davam conta do recado. Nem mesmo os jornais impressos eram uma realidade. Apenas 700 anos depois, pelos anos 1930, a primeira TV apareceu.

Mas se tanto tempo separa Santa Clara e a televisão e ela faleceu sem conhecer o equipamento, por que foi escolhida a padroeira da TV? O Portal IDE+ foi buscar a resposta para você.

A escolha tem a ver com o exemplo dado pela santa italiana. Clara de Assis era companheira de missão de São Francisco e se tornou, pela sua vida, uma referência que ultrapassa séculos e gerações. Na celebração do Natal de 1253, um ano antes da sua morte, ela, acamada, desejava muito participar da santa missa na igreja de São Francisco, mas não tinha condições para sair.

Em oração profunda, Clara pediu ao Senhor que permitisse a ela viver a missa de Natal. Então, de acordo com o testemunho da própria santa, o milagre aconteceu. Em seu quarto, na cama, Clara viu e ouviu a missa completa e ainda pôde até mesmo comungar.

“Escutei, por graça do Senhor, toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco e lá estive presente, recebendo até a Santa Comunhão. Agradecei comigo a Nosso Senhor Jesus Cristo, por tal graça a mim concedida”, consta em seu relato.

Foi justamente pelo fato dela ter vivido essa “transmissão” da missa em seu próprio quarto que Santa Clara foi proclamada pelo Papa Pio XII, em 1958, padroeira da televisão. A ela cabe abençoar todos que trabalham nesse meio de comunicação.

Uma curiosidade interessante sobre a proclamação é que “O documento de Pio XII”, como conta o estudioso Gianluca della Maggiore, diretor do Catholicism and Audiovisual Studies (CAST), traz uma preocupação do Pontífice. Segundo ele, a televisão poderia ser “de grande utilidade”, mas também poderia “causar alguns danos”, particularmente “por causa da grande facilidade de usá-la dentro de casa”.

Daí, Sua Santidade viu a necessidade de proclamar uma padroeira. “Celeste”, de acordo com Pio XII, e “capaz de valorizar os propósitos educacionais, formativos e recreativos de um meio que penetrava tão profundamente na intimidade na vida das pessoas”. Eis a missão de Santa Clara.