Como as escolas podem prevenir o abuso sexual infantil e romper o silêncio

Como as escolas podem prevenir o abuso sexual infantil e romper o silêncio

O que pode mudar no comportamento de uma criança após uma situação de violência? À primeira vista, talvez quase nada. Mas há sinais, gestos e reações inesperadas aos quais é preciso ter atenção. Neste Maio Laranja, o Brasil completa 25 anos da campanha “Faça Bonito” contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A escola é um espaço propício para perceber, acolher e interromper o ciclo da violência. E isso começa pela escuta atenta dos educadores.

O psicólogo Jean Von Hohendorff, que é professor da PUCRS, explica que crianças ou adolescentes que sofrem abusos podem passar a se isolar, ter dificuldade de relação com colegas, retraimento ou medo de figuras adultas. Em alguns casos, surgem comportamentos hipersexualizados, que não condizem com a fase do desenvolvimento em que estão.

A escola é uma das principais redes de proteção — muitas vezes, o único lugar onde a vítima pode pedir socorro. Jean reforça que nem toda vítima de violência sexual apresenta os mesmos sinais, pois não existe uma “síndrome do abuso”. A escola pode perceber mudanças comportamentais e emocionais que exigem atenção. Esses sinais exigem escuta e acolhimento, não julgamento:

“Quando a sexualidade se apresenta ‘mais adultizada’, é um sinal de alerta. Professores devem tomar o cuidado de, no momento em que a criança apresentar comportamento hipersexualizado, não ter uma postura de julgamento moral, mas sim de entendimento”.

Outra manifestação recorrente é a queda no desempenho escolar. Os estudantes podem se mostrar distraídos, desatentos, ansiosos, tristes ou com raiva. Para enfrentar esse cenário, Jean defende que a primeira ferramenta de prevenção é a informação dos professores. Eles precisam conhecer os tipos de violência e seus efeitos. A segunda etapa é trabalhar com os estudantes a noção de direitos, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Quando têm relação de confiança com os educadores, as crianças e adolescentes podem procurá-los para compartilhar, ainda que nem sempre de forma clara, que estão vivendo uma situação de abuso. Caso não haja um adulto de confiança na vida da criança, a escola deve assumir a responsabilidade de encaminhar a denúncia, sempre explicando os procedimentos à vítima. A legislação brasileira diz: o artigo 13 do ECA determina que qualquer suspeita de maus-tratos deve ser obrigatoriamente comunicada ao Conselho Tutelar.

É importante lembrar que nem sempre o agressor utiliza da força, mas da manipulação. Por isso, a capacitação adequada e o acolhimento são tão importantes. Programas escolares que abordam direitos, corpo, respeito e cuidado são formas de empoderar as crianças para que reconheçam e denunciem situações de violência.

Onde denunciar?

Casos suspeitos ou confirmados devem ser encaminhados ao Conselho Tutelar local ou à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Também é possível fazer denúncias anônimas pelo Disque 100. Em redes públicas de ensino, professores e gestores podem recorrer às Coordenadorias Regionais de Educação para orientação.

Entre as ações sugeridas para as escolas estão:

  • Rodas de conversa e oficinas temáticas, adaptadas para diferentes faixas etárias, sobre direitos da criança, tipos de violência e canais de denúncia.
  • Produção de murais e cartazes com a flor da campanha do Maio Laranja, acompanhados de frases e desenhos feitos pelos próprios estudantes.
  • Exibição de curtas educativos, como “Criança também sente”, disponível gratuitamente no site da campanha.
  • Criação de podcasts, peças teatrais, vídeos ou intervenções artísticas, que favoreçam o diálogo e a visibilidade do tema no ambiente escolar.
  • Distribuição de materiais para as famílias, orientando sobre sinais de violência sexual e formas de buscar ajuda.

Acesse o site Faça Bonito e tenha acesso a materiais:

 

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