Como estabelecer a educação financeira como rotina da casa desde cedo?

No artigo anterior, falei sobre as oportunidades de cortes nos gastos mensais das famílias e introduzi a importância do conhecimento dos temas de finanças pessoais para a melhoria da vida.

Agora, acho oportuno orientá-los sobre como implantar na rotina da casa uma experiência de educação financeira em família.

No meu método de planejamento financeiro, há elementos que auxiliam as famílias. Para que já possam partir para a ação, organizei uma “receita de bolo” a ser seguida. Mas para que gere uma vida financeira consciente e próspera é preciso que a base seja sustentável. Caso contrário, a pura aplicação desse guia pode desandar e afetar o funcionamento geral da casa.

Para que isto não aconteça é preciso que a família constituída em cada casa defina a sua unidade.

E o que vem a ser a unidade da família?

Eu defino como a reunião de objetivos comuns a serem conquistados por todos, sustentada no equilíbrio das relações entre os membros da família.

Para que esta unidade seja construída sobre uma base firme, cada membro tem que ser consciente do seu papel e estar comprometido a realizá-lo de forma integrada com todos. Assim, é preciso que todos sigam na mesma direção e que suas mentes não os limitem aos seus desejos individuais.

A fim de ampliarem o entendimento deste estado de viver em unidade familiar, sugiro que assistam e meditem com a primeira palestra do IX Retiro Nacional, com Padre Reginaldo Manzotti , para que estejam atentos às prisões da mente, que estão nos excessos e distorções sobre o tema da prosperidade e abundância disseminados no mundo em que vivemos.

Em geral, percebo nos meus atendimentos que as famílias se tornam reféns de padrões que algum membro assumiu como seu, mas que nem sempre correspondem à essência da unidade familiar.

É muito bonito o conceito de educação financeira, mas confesso que em cinco anos de trabalho, o máximo atingido diante das orientações foi a clareza da importância dessa unidade familiar, mas as relações já desgastadas acabaram por enfraquecer a manutenção das práticas na rotina da casa.

Contudo, o ponto positivo dessa estatística é que me desafiou a trazer novas ferramentas que contribuam com a construção e fortalecimento da unidade familiar, comprometida com o bem-estar e prosperidade do todo e não das partes.

Vamos ao passo a passo? 

Com ele, você poderá implantar uma experiência de viver a educação financeira na rotina da casa.

1. Faça uma reunião com todos os membros da família para que seja introduzido o tema da educação financeira na rotina da casa.
2. Todos participam, mas em geral os provedores da família são os que estruturam a reunião, como líderes de projetos.
3. Defina até três realizações da unidade familiar para um ano. Alguns exemplos: compra de um carro para passeio em família, obra de melhorias na casa e iniciar a poupança para a faculdade do filho ou da filha.
4. Defina os papéis de cada membro: o provedor dos recursos e os guardiões da multiplicação desses recursos.
   1. Provedor: é o membro que trabalha e traz o recurso (o dinheiro) para o sustento da família.
   2. Guardiões: são os demais membros da família que cuidarão de alguma classe de elementos do funcionamento da casa. O objetivo é o uso consciente e sustentável das coisas.
5. Defina classes de elementos a serem cuidados. Alguns exemplos: alimentação, limpeza, luz, água, internet, reciclagem.
6. Estabeleça atividades por classe ou agrupamentos. Por exemplo, para as classes luz e água promova uma gincana com as respectivas crianças responsáveis. Elas se unirão e farão uma campanha para uso consciente da luz e da água. Realizarão pesquisas sobre como economizar luz e água. Uma dica: sempre que possível integre as atividades da escola nessas funções domésticas.
7. Defina indicadores para medir os resultados para cada classe definida. Para o exemplo dado no item 6, os valores e os consumos das contas de água e luz.
8. Os guardiões são responsáveis por apresentar os ganhos das suas atividades, praticadas ao longo de cada mês.
9. Os provedores são responsáveis por mostrar os ganhos totais, uma vez por mês numa reunião de família.
10. Nessas reuniões mensais de família, cada membro apresentará as suas dificuldades e, juntos, buscarão uma saída que garanta o uso consciente e a utilização das economias para as realizações da família.

Percebam que muito mais do que cortes de despesas e multiplicação do dinheiro em investimentos nos bancos, a família estabelecerá um sentimento e vida em torno da sua unidade. Esta dinâmica promove as relações saudáveis na família e isso expande para a sociedade.

Sei que este tema tem muitas variáveis, a depender da dinâmica de cada família. Por isto, sugiro que antes que os filhos cheguem, seja introduzida a educação financeira na rotina da casa. Afinal, o bom uso do dinheiro promove a verdadeira prosperidade.

Para aqueles provedores que são gestores de projetos e estão vivendo a era da metodologia ágil podem fazer um paralelo com o que proponho. Após lerem este artigo, voltem ao post no Instagram IDe+ e escreva nos comentários “eu quero”! Se chegarmos a um bom número de interessados, faremos uma live de perguntas e respostas para esclarecimentos e aplicação do roteiro. Aguardo vocês!