Santos de corpos incorruptos: conheça mais sobre esse fenômeno

Santos de corpos incorruptos: conheça mais sobre esse fenômeno

Um capítulo bastante curioso marca a Igreja e as compreensões de seus fiéis sobre o registro de milagres envolvendo nomes e personalidades santificadas. São os chamados santos de corpos incorruptos, cujas narrativas desafiam o tempo, a ciência e as visões mundanas sobre a morte. 

Afinal, o que são os santos de corpos incorruptos? 

Assunto conhecido de féis católicos, os santos de corpos incorruptos fazem parte de um período antigo, no qual a Igreja declarava como um milagre o corpo de uma pessoa que em vida era considerada santa e que, muitos anos após sua morte, fosse encontrado com um estado de preservação sem sinais de putrefação ou decomposição, ou seja, algo incomum. 

Para a comunidade religiosa, esse fenômeno era um sinal divino, que sinaliza a santidade tão profunda daquele corpo, o qual teria sua carne preservada da corrupção e decomposição. Nesse aspecto de fé, a Igreja considerava a preparação do corpo para a ressurreição. Para aqueles que tivessem o corpo encontrado em tal estado, o processo de beatificação ou canonização ganhava força. 

Dentro da Igreja Católica, segundo estudo feito pelo portal O catequista, uma das principais referências para definir o que são corpos incorruptos é o capítulo De Cadaverum Incorruptione do clássico tratado do Cardeal Lambertini (que depois seria o Papa Bento XIV): De servorum dei beatificatione et beatorum canonizatione.

Esse trecho aponta que, para um corpo ser considerado milagrosamente incorrupto, ele não pode ter sofrido processo de embalsamento e precisa manter sua cor, frescor e flexibilidade semelhantes aos que possuía em vida, mesmo que muitos anos após sua morte.

Caso o corpo fosse encontrado em bom estado, mas iniciasse um processo de decomposição muito rápido após sua exumação, a definição de corpo incorrupto não era considerada. Mas, caso ele fosse desintegrando com o tempo de forma lenta em consideração a outros corpos, seria evidente, para a Igreja Católica, que se tratava de um corpo incorrupto. 

O assunto, bastante popular dentro da comunidade católica, no entanto, pode ser considerado um capítulo no qual ainda existem muitas perguntas a serem respondidas. Não é possível afirmar, por exemplo, o número de corpos incorruptos existentes dentro da Igreja. Embora, em alguns sites, essa informação seja disponibilizada, não há um dado oficial e, consequentemente, confiável, sobre esse assunto.

Até existem produções de padres católicos que abordam o tema e trazem informações ou contribuições. No entanto, a maioria delas está defasada e não pode, desse modo, ser considerada como fonte atual. 

Isso, no entanto, não quer dizer que a Igreja Católica não se interessou ou se dedicou ao tema. Muito pelo contrário: as descobertas e novas compreensões da instituição sobre os corpos incorruptos foram provocadas a partir de estudos profundos e duradouros promovidos pelo Vaticano. 

Na década de 1970, o Monsenhor Gianfranco Nolli, então diretor do Museu Egípcio do Vaticano, compôs uma equipe multidisciplinar de cientistas com o intuito de desenvolver métodos de preservação de relíquias. Esse grupo se debruçou sobre o tema por mais de 30 anos e entre 1975 e 2008, mumificou ou restaurou os corpos (e partes de corpos) de 31 santos e católicos notáveis.

Ainda segundo o portal O catequista, esse grupo de pesquisadores do Vaticano foi responsável por inúmeras descobertas, sendo a principal o fato de que muitas das relíquias que eram consideradas miraculosamente incorruptas, estavam, na verdade, mumificadas por processo natural (devido às condições ambientais) ou por embalsamamento.

Com as novas descobertas científicas e arqueológicas, é sabido que uma sepultura pode suprimir quase que totalmente à ação das bactérias e outros agentes deteriorantes. Sendo assim, pode ocorrer a mumificação natural (em ambiente muito seco) ou a adipocere (em ambiente muito úmido). Devido a esses novos estudos e descobertas, atualmente, a Igreja Católica não considera mais o atual estado de preservação de um corpo para seu processo de canonização. 

Desse modo, os grandes estudos católicos sobre o assunto cessaram e muitas dúvidas ficaram no ar para aqueles que ainda se interessam nos santos incorruptos. Por isso, o IDe+ traz algumas curiosidades sobre o assunto, que ainda desperta entusiasmo em muitos fiéis. Confira abaixo:

Primeiro corpo incorrupto da história

As narrativas históricas indicam que Santa Cecília, padroeira dos músicos, foi a primeira santa a experimentar o fenômeno conhecido como incorruptibilidade, no século II. Embora a data e ano de seu nascimento ainda seja desconhecida, acredita-se que ela tenha morrido em meados do ano 117, depois de Cristo. 

Cecília era de uma família romana rica e foi morta muito jovem, após sofrer perseguição pela religião cristã. Cerca de 770 anos depois, o Cardeal Paolo Emilio Sfondrati, amigo de São Filipe Néri, ordenou a restauração de algumas partes da basílica onde se encontrava o corpo de Cecília. Ali, ocorreu uma das mais documentadas exumações do corpo de um santo. 

Quando o sarcófago foi aberto, com a presença de testemunhas, todos puderam verificar que os restos mortais foram encontrados na mesma posição em que a santa tinha morrido, quase 1500 anos antes.

Santos de corpos incorruptos da América Latina

Embora a maioria dos santos católicos que conhecemos sejam da Europa, a América Latina também possui santos considerados incorruptos. Entre eles está aquela que talvez seja a mais famosa dos santos incorruptos, a Beata Maria de São José Alvarado. Nascida na Venezuela, em 1875, se dedicou ao cuidado aos enfermos em Maracay, durante uma terrível epidemia. Também fundou junto com um sacerdote a Congregação das Irmãs Agostinianas. Sua morte ocorreu em 1967, quando a beata tinha 92 anos. O relato da descoberta de seu corpo incorrupto é surpreendente: 

“Não deixou de ser um fato desconcertante: em meio à destruição quase total da urna de madeira, devido à umidade do subsolo, seu corpo intacto com o traje religioso em perfeito estado e a cruz de madeira junto ao caule do buquê de lírios com as folhas ainda verdosas”.

Além da Beata Maria de São José Alvarado, são conhecidos os santos incorruptos latinos Santa Narcisa de Jesus, do Equador, e Beato Sebastião Aparício, nascido na Espanha, mas que construiu sua vida de fé no México. 

Gostou de conferir mais sobre essa história e curiosidades da Igreja Católica? Compartilhe com a gente outros assuntos sobre santos católicos que você gostaria de conferir aqui no IDe+. 

> Dica de leitura: Católicos podem ser cremados?

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Comentários

  • Suelem Freitas
    Tem uma informação inserida de forma errada no texto. Trata-se da parte do texto em que fala da Beata Maria de São José (Santos de corpos incorruptos da América Latina). Colocarei em destaque abaixo: "...a Beata Maria de São José Alvarado. Nascida na Venezuela, em 1875, se dedicou ao cuidado aos enfermos em Maracay, durante uma terrível epidemia. Também fundou junto com um sacerdote a Congregação das Irmãs Agostinianas. Sua morte ocorreu em 1976, quando a beata tinha 92 anos." Se ela nasceu em 1875 e morreu em 1976, ela não poderia ter morrido com 92 anos, mas com 100 ou 101 anos.
  • Vera
    Achei muito vago e com pouquíssimas informações. Pois o artigo fala em 10 Santos e só apresentou foto de um e falou mais em 3 ou 4 santos . Artigo muito fraco, não gostei nem recomendo prá ninguém.
  • Maria da Penha Viana Ribeiro Moretto
    Carlos Acutis, da Itália
  • Adriana
    Interessante, já que esse assunto ainda é muito comentado entre nós católicos.
  • Luciana Morais
    Muito bom conhecer a vida dos santos, mais ainda quando os corpos estão incorruptíveis. Gostei muito desse artigo. Parabéns a nosso trabalho. Gostaria de saber sobre o corpo incorruptível de São Pio de Pietrelcina.
  • ANGELA MARIA RIBEIRO
    Gostei do texto. Uma sugestão, trazer a reportagem daquele jovem da Itália Carlos ( nao sei o sobrenome). Obrigado
  • IDEmais
    Excelente dica! Vamos procurar produzir um conteúdo sobre o assunto <3
  • Tatyana Casarino
    Eu sempre gostei desse assunto desde que comecei a ter uma devoção especial por Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. A Santa que viu Nossa Senhora e que pediu para fazer a Medalha, Santa Catarina Labouré, também é vista com o milagre do corpo incorrupto. Ela passou a vida em humildade e silêncio sobre as experiências místicas que teve. Gostaria de ler um conteúdo sobre Santos que carregaram chagas. Estou lendo um livro maravilhoso (editora Paulinas) chamado "Padre Pio sob investigação" de Francesco Castelli. O livro conta os sinais, critérios e requisitos que a Igreja Católica usa para considerar o caráter verdadeiro dos estigmas. O mais curioso é que até mesmo o bom humor de Padre Pio foi uma "prova" de que ele não provocou psicologicamente os estigmas, sendo realmente abençoado por Jesus. O bom humor realmente revela a leveza do espírito.

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