Quantas vezes você parou para pensar que a felicidade está muito mais relacionada ao seu sucesso profissional do que com a construção da sua família?
Esse tem sido o erro principal de muitas pessoas, que insistem em investir e dedicar todas as suas forças no trabalho e se esquecem do relacionamento. Uma troca de valores que frustra e que quase sempre acaba mal.
Durante o X Retiro Nacional deste ano, o Padre Reginaldo Manzotti conversou sobre o tema. E é sobre o assunto que vamos conversar por aqui também.
É fato que uma família perfeita não existe, e uma feliz dificilmente se acha. O que acontece, na realidade, é que a felicidade é construída, e não são todos que estão dispostos a participar da construção. É preciso dedicar-se e investir tempo, amor e muita compreensão nesse processo.
“Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios” (Romanos 12, 10).
Não podemos errar o foco, nem criar expectativas que são apenas nossas dentro do relacionamento. Quando isso acontece, acabamos por correr atrás do vento: indo sem objetivos em direção a apenas coisas materiais.
O Padre Reginaldo explica que as insatisfações dentro de um relacionamento estão ligadas a essa quebra de expectativas.
“Quero ser mais rico, ter coisas melhores. A casa que tenho hoje já não é suficiente, preciso de um quarto maior, uma piscina. Em relação ao outro também é assim. Criamos expectativas e elas podem não ser a realidade que a outra pessoa pode nos oferecer, e isso nos frustra profundamente”.
Precisamos refletir quando essa quebra acontece: Quem promete essa expectativa a nós? Não somos nós mesmos que idealizamos esses padrões e acabamos por nos decepcionar quando não conseguimos realizar?Por que então culpamos o outro sobre isso?
Algumas separações têm como origem as expectativas não realizadas, ou seja, o padrão que se cria e o outro não consegue atender.
Quando mudamos a chave e passamos a compreender que um casamento feliz não é aquele que tem a fachada mais imponente, uma conta bancária mais saliente, percebemos o quanto somos mundanos.
A felicidade não é um status. Não é uma casa com piscina. A felicidade está muito mais relacionada ao que somos do que ao que temos.
As expectativas que devemos ter com o outro precisam estar ligadas apenas às promessas que fazemos entre nós: “prometo estar contigo na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza, amando-te, respeitando-te e sendo fiel em todos os dias da vida, até que a morte nos separe”.
A Bíblia fala sobre o amor. Em Coríntios (13, 4-7) lemos:
” O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
São Paulo também nos ensina: “O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
E é isso que devemos ter em mente. Amor não se parcela em 20 vezes, mas se doa intensamente todos os dias. Jesus nos ensinou sobre amar o outro, sobre amar o diferente. Por que então insistimos em negar o amor?
Quando encontramos outra pessoa e decidimos viver com ela, decidimos nos unir ao diferente, ou seja, juntamos nossa vida com a de uma pessoa completamente distinta de nós, com cargas e histórias vindas de um universo diferente.
Mas é nesse ponto que devemos compreender que o amor é amar o diferente. É o amor pelo outro que faz com que o amor sempre prevaleça – quanto mais se ama, mais o amor prevalece.
“Alimente o amor. Demonstre o amor”, disse o padre Reginaldo. A convivência é desgastante, mas quando há amor, há felicidade e há possibilidade de enfrentar qualquer tempestade.
Também precisamos ter romantismo, pois o amor também mora nas coisas corriqueiras e diferentes. Sempre que possível, portanto, surpreenda o outro, até nas coisas simples. Demonstre para o outro que você lembrou dele e que, mesmo que em pensamentos, esteve presente ao longo do dia.
Coisas simples tem muito mais valor quando a gente ama. Se você perder o amor, perdeu tudo. A gente precisa contar os minutos para ficar com a pessoa, precisa querer ficar perto sempre, precisa criar e construir expectativas juntos, precisa, mais do que tudo, buscar e encontrar a felicidade no cotidiano.
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