Irmã Laura Vicuña Pereira Manso é uma das vozes brasileiras mais firmes na defesa dos povos indígenas e do meio ambiente. Ela já foi recebida pelo Papa Francisco e está sempre à frente de causas que buscam esses direitos.
Nascida em Porto Velho, Rondônia, Irmã Laura é indígena do povo Kariri. Filha de pais migrantes, cresceu em meio a uma rica diversidade cultural e natural. Desde cedo, sentiu o senso de responsabilidade pela defesa da Amazônia e de seus povos.
Religiosa da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, Irmã Laura tem uma formação acadêmica vasta, que inclui uma graduação em Antropologia, especialização em Psicologia Social e mestrado em Linguística Indígena.
Por isso, reúne e aplica os conhecimentos da ciência e da fé católica. Une o trabalho pastoral junto às comunidades amazônicas, tanto no Brasil quanto no Peru, o que a consolidou como uma liderança comprometida com a proteção dos direitos dos povos originários e com a preservação da “casa comum”, como o Papa Francisco chama a natureza em sua encíclica “Laudato Si'”.
Irmã Laura também atua no Conselho Indigenista Missionário (CIMI), onde trabalha diretamente com povos como os Karipuna, na defesa de seus direitos territoriais e culturais.
Em junho de 2023, Irmã Laura, ao lado de outras duas mulheres indígenas – Patricia Gualinga e Yesica Patiachi – foi recebida em audiência pelo Papa Francisco no Vaticano. Elas tinham enviado uma carta ao Pontífice no início daquele ano e a tentativa deu certo. O Santo Padre tem um forte compromisso com os pobres e com a defesa da Amazônia.
No encontro, discutiram a realidade socioambiental da Amazônia e a participação das mulheres na Igreja. Papa Francisco as incentivou a continuar sendo uma “Igreja em saída”, comprometida com a defesa da vida onde ela está mais ameaçada.
O trabalho da Irmã Laura inclui a produção de relatórios antropológicos que ajudam na identificação étnica e na demarcação de territórios, como foi o caso dos povos Guarasugwe e Cassupá. Além disso, ela participou de fóruns internacionais, como eventos na Organização das Nações Unidas (ONU), para denunciar as violações dos direitos indígenas e pressionar por políticas que garantam a proteção da Amazônia.
Em 2022, Irmã Laura acompanhou líderes Karipuna até Brasília, onde se reuniram com representantes de 28 embaixadas para exigir o reconhecimento e a proteção de seus territórios. A viagem foi uma tentativa de atrair a atenção da comunidade internacional para a urgência de proteger um dos biomas mais importantes do planeta.
Como vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), a religiosa tem sido incansável na articulação pelos direitos dos povos indígenas. Sua participação no Sínodo para a Amazônia, em 2019, como auditora, e sua atuação contínua na Ceama seguem constantemente nesse sentido.
Em entrevista ao Vatican News sobre a sua atuação, a Irmã lembrou o pedido do Papa Francisco:
“A gente gostaria de lembrar quando o Papa Francisco esteve em Puerto Maldonado, na abertura do Sínodo para a Amazônia, diante dos povos que lá estávamos, de vários países da Pan-Amazônia, o Papa Francisco pedia que a Igreja fosse essa voz que fizesse ecoar a dos povos indígenas e todo o sofrimento que os povos indígenas padecem na Amazônia, todas as violações e violências. O Papa Francisco afirmou que nunca os povos indígenas estiveram tão ameaçados”.
Deixe seu comentário sobre o que você achou do conteúdo.
Assine nossa newsletter, receba nossos conteúdos e fique por dentro
de todas as novidades.