O que é e como funciona o Método Billings?

O que é e como funciona o Método Billings?

“O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1 Samuel 2, 6). 

O versículo bíblico acima cita que quem dá ou tira a vida é Deus e, sendo a vida o maior dom do Senhor para o ser humano, deve-se preservá-la em toda a existência. Nesse sentido, a Igreja Católica também enxerga os seres humanos de maneira global, incluindo seu lado espiritual e emocional e entende que a relação entre paternidade e maternidade deve ser responsável e, portanto, não pode acontecer de maneira irresponsável.  É preciso existir um planejamento familiar e o Método Billings é exatamente sobre isso.

Isso significa, em outras palavras, que é possível ter um controle de natalidade e número de filhos pelos casais, especialmente porque os filhos precisam ser educados e assistidos pelos pais ao longo da vida. 

No Catecismo, inclusive, há um texto que prevê esse controle.

 “(…) por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos […] Porém, vale ressaltar que tal desejo não seja proveniente do egoísmo, mas sim de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável. Além disso, regularão seu comportamento segundo os critérios objetivos da moral” (Catecismo, n.2368).

 

O que a Igreja diz

A Igreja Católica aconselha os casais, caso queiram espaçar gestações, a utilizarem o Método Billings, que contribui com o planejamento familiar. Trata-se de uma forma natural de controle de natalidade, que não sofre interferências de produtos artificiais ou medicamentosos. Isso quer dizer que o método não pode ser contraceptivo, mas sim com a intenção de espaçar a gravidez. 

Em 1968, o Papa São Paulo VI publicou a Encíclica Humanae Vitae (Vida Humana), que fala sobre a regulação de natalidade e os problemas dos métodos artificiais. No documento, ele estruturou a justificativa para uso do método, destacando que casais podem exercer uma paternidade responsável sem ferir os princípios éticos, espirituais e morais do matrimônio ao utilizá-lo. 

 

Como funciona

Recomendado pela Igreja Católica e também pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Método Billings é eficaz. Consiste na abstinência sexual no período fértil da mulher. 

Por isso, é fundamental que a mulher passe a observar seu corpo quando desejar adotar o método. Priscila Rodrigues e o esposo foram instrutores do método e já trabalharam na Pastoral Familiar com cursos de noivos orientando novos casais. Ela explica que o método “é, em si fácil, mas requer castidade no período inicial de observação”.

Isso porque, com a correria do dia a dia, as pessoas têm tido menos tempo para prestar atenção ao seu próprio corpo. O método exige que se tenha esse cuidado, porque é preciso compreender o ciclo fértil para aplicá-lo.

“Eu diria que o casal que opta por viver o método está totalmente aberto para seguir os Planos que Deus  tem para a família”, completa. 

Vale ressaltar que a prática dele deve ser de comum acordo entre o casal. 

 

Diálogo e harmonia

Exatamente porque o casal precisa conhecer mais sobre o corpo e a vida fértil da mulher, o método também proporciona uma melhoria nas conversas entre eles. Dessa forma, contribui também com o relacionamento entre marido e mulher. 

A sexualidade é importante no casamento, e não se abre mão dela no método. O que muda, na realidade, é a mentalidade dessa relação. O casal aprende a vida sexual e vive o momento como uma entrega. 

Além disso, a vida do casal passa a ser diferente, porque entre as dificuldades do matrimônio está se abrir para a vida.

“A chegada de um bebê traz muita alegria, mas no início se a relação não estiver estável e firme em Deus, tudo desanda. Porque no início é muito difícil, a adaptação de um novo ser na vida que eram só duas pessoas e que tinha uma  dinâmica que funcionava”. 

Essa preparação acontece muito no diálogo proporcionado pelo método. 

 

Como praticar?

O primeiro passo é entender o ciclo fértil da mulher. Como ele dura, em média, de 28 a 30 dias, as relações poderão acontecer em um período não fértil. A contar do primeiro dia da menstruação, o 14º dia é o mais fértil. Por isso, o método coloca 3 dias antes e 3 depois como de não relações sexuais. Ou seja, se a mulher menstruar no dia 1º do mês não deve ter relações entre os dias 12 até 17 do mesmo mês. 

Mas, como os corpos não são iguais e há reações de acordo com cada pessoa, o ideal mesmo é observar o seu fluxo e conhecer o momento em que está ovulando. É nesse momento que as relações não devem acontecer, segundo método. 

Para facilitar, Priscila dá uma dica:

“A mulher precisa esperar o período menstrual, a partir dali vai anotar em uma planilha o que ela observa (cada mulher anota de um jeito, mas basicamente eu anotava ) ‘fluxo forte’, ‘fluxo médio’, ‘fluxo fraco’, ‘seca’,  ‘pastoso branco, ‘gosma’ e por aí vai.  Na planilha, é possível fazer com cores, e desenhos. Quando a mulher está ovulando é ‘gosma’, daí desenha um bebezinho”. 

Planilha explicada e sugerida por Priscila. 

 

Quais as vantagens do Método?

Além de auxiliar nas pausas e melhorar o planejamento familiar, bem como reaproximar casais e promover a harmonia entre eles, o Método Billings tem outra função: ajudar mulheres a engravidar

Ao conhecer melhor o corpo, fica mais fácil também entender quando está mais propensa a conseguir gerar um bebê. “O método traz uma autonomia de conhecimento do corpo, e assim tomamos nossas decisões”, completa Priscila. 

A publicitária explica que ela utiliza o método desde quando participou do curso de noivos. “Em 2019 decidimos ter um bebê. No dia da ovulação tivemos relação e geramos uma vida. Estávamos felizes, comprando as coisinhas do bebê. Com 12 semanas eu tive sangramento e perdi meu filho. Fiquei bem triste, com aquela dor, mas Deus foi trabalhando nas nossas vidas e na nossa mente. Aquele não era o momento. Nós queríamos, mas Deus sabia que não era um bom momento”. 

Ao lado de Lucas, seu esposo, Priscila continuou utilizando o método para gerar seu filho. 

Priscila, Lucas e o pequeno Gabriel. Foto: Arquivo pessoal 

“Fazemos a nossa parte, mas é Ele quem sabe. E a partir do momento que Deus decide mandar um bebezinho (porque Ele é o Dono da vida, e ao perder um bebê significou para nós que Deus tem o poder de dar e de tirar a vida”, completou Priscila, que agora já é mãe de Gabriel (e a história da gestação dela você pode conferir nesse texto). 

Além de ajudar na sua gravidez, o método também ajudou sua irmã. “A minha irmã conseguiu engravidar depois de cinco meses tentando. Ela tomou anticoncepcional por muitos anos. Em dezembro ela parou. Dizem que precisa dar um tempo pra engravidar. Eu a orientei sobre a ovulação e ela ia me falando como estava”. 

 

Orientação profissional

Se você tem dúvidas ou não consegue enxergar com facilidade seu período fértil, a dica é procurar ajuda especializada. Conforme explicou Priscila, em cursos de noivos e em algumas Pastorais da Família há pessoas com formação no método que podem lhe auxiliar. Outra dica é o site da Cenplafam, que tem mais informações sobre o assunto. 

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Comentários

  • Francisca Cristina de Paulo
    Muito bom!! Porém o casal tem que ter uma vida muito bem estruturada na fé no companheirismo.
  • Sandra Cristina Correia Santos
    Faço parte da pastoral famíliar da diocese de Itabuna,estou buscando mais informações sobre o assunto pra pode divulgar mais esse método que poucas pessoas conhecem ,conheci ele em um congresso da pastoral famíliar que teve em porto seguro,gostei muito ,e gostoso do tema. Parabéns a todos que estão enganado nesse projeto de vida ,de família
  • Valdesandro Bezerra de lima
    Olha eu amei este método só que eu gostaria muito que minha esposa fosse aberta a este momento antigo e eficaz
  • Tatyana Casarino
    Muito bom o texto! Este método natural parece o ideal. Hoje em dia, também existem aplicativos que indicam o ciclo menstrual de uma mulher. Bem que poderia haver um aplicativo católico hehehe. O aplicativo calcula o período fértil e o período pré-menstrual de cada mês conforme os seus registros e vai ficando mais inteligente e seguro a cada mês. Mesmo as solteiras que vivem em castidade devem monitorar o seu ciclo desde antes do casamento por conta de saúde. Acredito que toda mulher deveria conhecer o seu corpo e anotar o dia que a menstruação veio todos os meses. Eu tenho o meu próprio calendário feminino para entender as minhas emoções. TPM, por exemplo, é real e não é frescura hehehe, ocorre 1 semana antes da menstruação da mulher. Muitas brigas e conflitos podem ser evitados se a mulher prever esse período de maior sensibilidade e irritabilidade. Tem que avisar o companheiro sobre esta semana pra ter cuidado tb hehehe. O psicológico de uma mulher oscila tanto durante o mês. Mesmo para quem vive em castidade, recomendo o monitoramente do ciclo feminino por razões de saúde física e psicológica.

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