Atualmente, muitos católicos estão se consagrando a Nossa Senhora. Talvez você já tenha visto alguém com uma pequena corrente no pulso que representa que ela se tornou escrava de Jesus pelas mãos de Maria, mas ficou sem saber do que se trata.
Vamos entender um pouco mais dessa prática tão bonita?
Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Foto: Felipe Gusso)
A consagração a Nossa Senhora é uma devoção popular antiga, que consiste em prometer sempre recorrer a Ela com especial amor de filhos, confiando-lhe toda nossa vida e agindo de maneira coerente com isso.
É um ato voluntário daqueles que consideram Maria Sua Mãe e acreditam nas palavras de Jesus na cruz: “Filho, eis aí a tua mãe” (cf. João 19,26).
Todos as pessoas que desejam, de coração, amar mais a Jesus seguindo os exemplos de Nossa Senhora podem se consagrar.
A primeira e maior consagração é o batismo, que nos une a Jesus, nosso Salvador. Mas Maria sempre nos aponta para Seu Filho e foi Ela a pessoa que teve o coração mais unido ao do Senhor.
Por meio da consagração, Ela nos ajuda a viver melhor nossas promessas batismais, nos unindo cada vez mais a Jesus, de forma mais perfeita e amorosa. Em outras palavras, a finalidade da consagração a Nossa Senhora é gerar em nós a conversão a Jesus e a prática da santidade diária.
Existem muitos métodos e modelos de consagração, como aquele que se consagra a criança logo após o batismo em certas regiões do Brasil e do mundo.
No entanto, o que mais se popularizou atualmente foi o método escrito por São Luiz Maria Grigniom de Montfort, bastante divulgado inclusive pelo Papa São João Paulo II.
O método é para todos, mas especialmente para os já batizados, pois consiste em uma decidida renovação das promessas batismais.
O método de São Luiz está descrito em um livro escrito por ele mesmo, chamado Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem. Além da fórmula, ele também explica os motivos pelos quais deveríamos nos consagrar a Nossa Senhora e nos apresenta um itinerário oracional e prático de como crescer nessa devoção.
Exige pelo menos 30 dias de preparação e é uma consagração da pessoa inteira, de qualquer idade, a Jesus pelas mãos de Maria, ou seja, de corpo, alma, bens exteriores, bens interiores, valor das obras boas passadas, presentes e futuras.
O foco desse método é a pessoa de Jesus e sua eficácia foi testada e aprovada por vários santos da Igreja. Isso não significa que o método seja superior ou melhor que os demais, pois a qualidade da consagração vem da sinceridade de coração de cada pessoa.
Porém, o método é bastante prático e explicativo para o fim que propõe, sendo muito útil para quem quer começar a se aprofundar na vida de fé.
Além de São João Paulo II, temos o exemplo de São Padre Pio de Pietrelcina, São Domingos Sávio, São Maximiliano Kolbe, Santa Teresinha do Menino Jesus, São João Bosco, entre outros. Todos grandes devotos da Santíssima Virgem.
São Luiz propõe que se façam, durante 30 dias, orações simples e devocionais para que se prepare o coração. A preparação é fundamental, pois tendemos a fazer com menos zelo aquilo que não entendemos direito ou que não preparamos adequadamente. Essas orações se dividem em:
• 12 dias preliminares pedindo o desapego do mundo, rezando a cada dia “Veni, Creator Spiritus” e “Ave Maris Stella”.
• 1ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento de si mesmo, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo” e “Ladainha de Nossa Senhora”.
• 2ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento da Virgem Maria, rezando a cada dia “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stella” e um Terço.
• 3ª semana (6 dias) pedindo o conhecimento de Nosso Senhor, rezando a cada dia a “Ladainha do Espírito Santo”, “Ave Maris Stella”, “Oração de Santo Agostinho”, “Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus” e “Ladainha do Sagrado Coração de Jesus”.
Basicamente, a pessoa deve comungar na Missa (supondo que ela também já tenha se confessado previamente) e fazer a recitação da fórmula da “Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria”, descrita no final do livro do Tratado.
A fórmula, porém, deve estar escrita à mão, ou impressa, em um papel à parte, como se fosse uma carta. No final da recitação deve ser assinada pela própria pessoa, atestando assim sua consagração interior.
São Luiz ainda recomenda que a pessoa nesse dia se dedique a render um tributo ou homenagem a Nossa Senhora (segundo a possibilidade de cada um), como um jejum, uma mortificação, uma obra de caridade, entre outras possibilidades.
São Luiz recomenda que se faça a renovação todo ano, na mesma data da primeira consagração.
Não. Mas é louvável que seja, mediante as possibilidades. Atualmente, algumas comunidades oferecem o curso completo de como se consagrar, preparando inclusive a Missa na qual será feita a consagração solenemente.
Não necessariamente. Mas se for possível fazer a consagração diante de um sacerdote, ele também pode assinar a carta. Nesse caso, o ideal é que o sacerdote também conheça o Tratado de São Luiz.
Não. Mas é louvável que tenha pelo menos uma testemunha, inclusive o sacerdote, mediante as possibilidades. A testemunha também pode assinar a carta.
Viva suas promessas batismais. São Luiz, no entanto, aponta práticas exteriores diárias que favorecem a isso:
• Rezar a Coroinha da Santíssima Virgem.
• Ter uma devoção especial pelo Mistério da Encarnação do Verbo – dia 25 de março.
• Ter Grande Devoção a Ave-Maria e ao Terço/Rosário.
• Recitar o Magnificat.
• O desprezo do mundo.
São Luiz recomenda que os consagrados à Virgem Maria usem uma cadeiazinha, representando sua entrega a Jesus pelas mãos da Santíssima Mãe. Essas cadeias, que precisam ser abençoadas por um sacerdote, podem ser correntes de ferro, usadas nas mãos, nos pés, no pescoço etc., mas também podem ser algum outro artigo religioso que expresse o mesmo sentido de devoção e amor.
Não. Uso de amuletos para dar sorte é um pecado grave contra Deus, pois se trata de superstição. A cadeia da consagração serve para nos ajudar a lembrar que temos de lutar por uma vida virtuosa, longe dos pecados e unidos a Jesus.
Não. Este método é também para pessoas que são chamadas ao matrimônio ou que ainda estão em discernimento do seu estado de vida.
Sim, pois se fosse um método só para pessoas sem pecados, ninguém se consagraria.
É dar a Jesus a posse absoluta de toda sua vida, em uma livre atitude amorosa. Depois de Jesus, a maior escrava de amor é a Virgem Maria, porque em sua liberdade viveu inteiramente para o Seu Senhor.
Por meio da consagração total a Nossa Senhora, buscamos imitá-La e dar nosso sim diário a Deus, tendo Jesus como único Senhor de nossa vida.
São muitos os relatos de benefícios recebidos por meio da consagração à Nossa Senhora, desde o auxílio nos momentos difíceis, curas, amadurecimento na fé, amadurecimento humano, etc., mas os principais benefícios são aqueles que nos ajudam a salvar a nossa alma, que é aprender a desprezar o pecado, a ser menos egoísta e mais aberto ao amor caridoso.
A maior alegria de um consagrado deve ser a oportunidade de dar glória a Deus por meio da prática das virtudes. Enganam-se os que recorrem à fé apenas com propósitos mundanos, como ter regalias, consolos egoístas, trocar de carro, pagar dívidas ou ter vantagens materiais. Se o foco não for amar a Deus de maneira desinteressada, não vale a pena consagrar-se.
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