Pálio: o que é, para que serve, significado e como é feito

A entrega do pálio aos arcebispos metropolitanos é um momento rico de tradição, comunhão e missão. E por que esse “manto de lã” carrega tanto peso simbólico? Tem relação com o cuidado pastoral, a unidade da Igreja e a vocação de cada pastor. Entenda a história, o significado e como a confecção e a entrega são importantes para o ministério episcopal.

A palavra pálio vem do latim pallium, que significa “manto de lã”. Na tradição da Igreja Católica, o pálio é uma faixa de pano de lã branca colocada sobre os ombros do arcebispo metropolitano (e do Papa), usada sobre a casula durante a celebração litúrgica. Representa, simbolicamente, o pastor que carrega a sua ovelha nos ombros, assim como Cristo fez com a “ovelha perdida”.

Além disso, o pálio é uma prerrogativa dos metropolitas, símbolo de sua jurisdição e de sua comunhão com a Sé Apostólica. Ele marca que o arcebispo exerce a sua missão pastoral na comunhão do sucessor de São Pedro.

Para que serve

O pálio significa a missão pastoral do bispo ou arcebispo: o cuidado das almas, a responsabilidade de guiar e alimentar espiritualmente o povo de Deus. É sinal de comunhão e submissão ao Papa e à Igreja universal. Ao recebê-lo, o arcebispo renova seu juramento de fidelidade ao Sucessor de Pedro e à Igreja.

Serve como distintivo litúrgico. Somente o Papa, os arcebispos metropolitanos (e em casos especiais outros bispos) podem usá-lo, o que reflete a condição de pastores especiais em suas províncias.

Foto: reprodução Vatican News

História

O uso do pálio remonta aos primeiros séculos da Igreja. Originalmente, o pálio era um manto usado por filósofos ou notáveis, e na arte paleocristã muitos bispos são retratados usando-o. Por exemplo, São Cesário de Arles foi o primeiro caso documentado de concessão de pálio a um bispo em 513.

Com o tempo, passou a ser privilégio dos metropolitas, obrigando-os a solicitá-lo ao Papa para exercerem sua jurisdição. No século IX, a forma do pálio passou a ser a letra “Y”, com duas abas pendentes, figura hoje clássica. A tradição do juramento de fidelidade ao Papa também surgiu nesse contexto.

Como é feito e entregue

A confecção do pálio preserva ritos antigos. Dois cordeiros são criados pelas freiras trapistas da Abadia das Três Fontes em Roma. No dia de 21 de janeiro, memória de Santa Inês, os cordeiros são abençoados. Depois, a lã dos animais é tecida pelas freiras do convento de Santa Cecília em Trastevere.

O pálio atual é uma faixa estreita de lã branca, em forma de “Y”, com seis cruzes negras de seda costuradas (uma em cada ponta e quatro no corpo), além de três alfinetes simbólicos que recordam as feridas de Cristo. Quando entregue ao novo metropolita, há uma cerimônia litúrgica que inclui o juramento de fidelidade ao Papa e a imposição da vestimenta.

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Significados simbólicos

• A lã branca remete ao “cordeiro de Deus” que leva o mundo sobre os ombros.
• As cruzes simbolizam as feridas de Cristo e o serviço do pastor que, por amor, carrega sua comunidade.
• O formato “Y” e o uso sobre os ombros evocam o pastoreio. Assim como o Bom Pastor carrega a ovelha, o arcebispo recebe esse encargo.
• O juramento de fidelidade ao Papa demonstra que o ministério episcopal se insere na Igreja una, santa, católica e apostólica.

O pálio é então um símbolo de autoridade, de serviço, de dependência filial. Para o fiel, expressa que a liderança da Igreja não é poder mundano, mas serviço humilde e ligado ao cuidado das pessoas.