Quando um Papa é eleito, muitos pensam que sua missão começa e se esgota com o anúncio do Habemus Papam! e com o início do seu pontificado à frente da Igreja Católica. No entanto, há um rito simbólico e profundo que marca oficialmente sua missão pastoral: a posse como Bispo de Roma, geralmente na Basílica de São João de Latrão, também conhecida como Catedral do Papa.
O Papa é, essencialmente, o Bispo de Roma. É esse título que fundamenta sua autoridade universal como sucessor de Pedro, a quem Cristo confiou as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16,19). Assim, quando um Papa é eleito, ele se torna automaticamente Bispo de Roma e, por consequência, chefe da Igreja universal. O rito de posse é uma forma solene de manifestar e formalizar esse vínculo com a Diocese de Roma.
Como explica o Código de Direito Canônico: “Pela aceitação da eleição legitimamente realizada, o eleito obtém imediatamente o ofício de Supremo Pontífice, com a plena e suprema potestade na Igreja universal; por isso, é constituído Bispo da Igreja de Roma” (Cân. 332 §1).
A posse é um sinal de comunhão com a Igreja local e, ao mesmo tempo, com a Igreja espalhada por todo o mundo.
Embora o Vaticano e a Basílica de São Pedro sejam os lugares mais conhecidos e visitados pelos fiéis, a Catedral do Papa é, na verdade, a Basílica de São João de Latrão (Archibasilica Sanctissimi Salvatoris), a mais antiga Basílica cristã do mundo, construída no século IV.
O título oficial desta igreja é significativo: “Catedral de Roma, Mãe e Cabeça de todas as Igrejas da Cidade e do Mundo” (Omnium urbis et orbis ecclesiarum mater et caput). Ao tomar posse desta Igreja, o Santo Padre manifesta seu papel como pastor da Diocese de Roma e, por extensão, como pastor da Igreja universal.
Ao assumir a cátedra (cadeira) episcopal de São João de Latrão, o Papa se coloca na continuidade dos sucessores de Pedro. É um gesto que reforça a unidade da Igreja, visível na sucessão apostólica, e a continuidade com a missão de Cristo: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17).
Esse rito também é um sinal de humildade: o Papa, antes de ser um chefe de Estado ou uma figura global, é, sobretudo, um pastor, chamado a cuidar do rebanho que lhe foi confiado, a começar pela Igreja local de Roma.
Esse rito tem se tornado um momento de forte expressão pastoral. Por exemplo, quando Bento XVI tomou posse de São João de Latrão, em 2005, recordou: “Ao tomar posse desta cátedra de Bispo de Roma, cátedra que pertenceu ao Apóstolo Pedro, queremos recordar que esta Igreja, que preside na caridade, é mãe e guia para todas as Igrejas”.
Em maio de 2025, com a eleição do Papa Leão XIV, a tradição se repetiu. O novo Pontífice, após o anúncio de sua eleição e a celebração da Santa Missa de início de Pontificado, participou da solene cerimônia de posse como Bispo de Roma em São João de Latrão. O rito, transmitido ao vivo mundialmente, contou com a presença de autoridades civis, representantes das Igrejas cristãs e milhares de fiéis.
Como disse São João Paulo II, “o Papa não pode esquecer que é Bispo de Roma, nem que é sucessor de Pedro. Esses dois títulos se iluminam reciprocamente e se referem, ambos, ao serviço que ele deve prestar a toda a Igreja”.
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